23 de novembro de 2024
Goiás - Estado

Na luta contra o câncer, estudante pede ajuda após ficar 4 meses sem sessões de quimioterapia

(Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Arquivo Pessoal)

Enfrentar uma terrível doença como o câncer é uma verdadeira luta pela a vida. Além do esforço físico e mental que o paciente muitas vezes precisa ter, a batalha se torna ainda mais dolorosa quando o principal tratamento contra a doença é suspenso pelo hospital. Foi o que aconteceu com a estudante Érica Fabrícia Monteiro, 23 anos, moradora de Heitoraí, região Central de Goiás, que há quatro meses está sem as sessões de quimioterapia no hospital Araújo Jorge, tendo que sofrer ainda mais com as fortes dores que sente.

Em tratamento contra o câncer desde 2017, a estudante Érica, conta que sem o atendimento do Araújo Jorge, fica ainda mais difícil, pois ela não consegue nem dormir por conta das dores que sente, além disso, segundo a estudante há três semanas ela vem sentindo até mesmo falta de ar.

”Eu estava dormindo sentada, porque eu não estava conseguindo respirar deitada. Eu sentia muita, mas muita dor até que foi preciso começar usar morfina para amenizar”, relata Érica.

De acordo com a estudante, quem fornece sua quimioterapia é o Juarez Barbosa, e já havia sido encaminhada ao Araújo Jorge para que Érica começasse o tratamento. A paciente conta que o próprio Araújo Jorge disse que ela só poderia iniciar as sessões após passar pela a consulta médica.

”Só que sempre que eu ligo para marcar minha consulta, eles sempre falavam pra mim que não da para marcar porque tinha muitos pacientes, porque tinha trocado os médicos do Araújo. Eles não tinham previsão de quanto marcariam novamente. Eu falava que ja tinha quatro meses sem quimioterapia, sentindo dores e eles falavam que não podiam fazer nada, era só aguardar”, conta Érica Fabrícia.

Já não suportando mais passar por tanta dor e sentir falta de ar, Érica conta que procurou ajuda no município onde mora indo atrás da prefeitura e até mesmo deputados. Para Érica toda ajuda sempre será bem vinda. Segundo ela, outros pacientes também passam pela mesma situação, sofrendo com o descaso do hospital.

”É interessante falar sobre essa dificuldade que estamos passando porque a gente não sabe como será o amanhã”, completa Érica.

Recursos

A estudante relata ainda a dificuldade de ter que se deslocar de sua cidade, Heitoraí até a capital para passar pelo tratamento. Segundo a estudante, ela percorre mais de 130 km até Goiânia na esperança de sempre conseguir a consulta.

De acordo com ela, a Secretaria de Saúde de Heitoraí disponibiliza sempre que ela precisa, um veículo do município para trazê-la. Mas devido a distância, ela conta que se torna mais cansativo ainda porque o tratamento exige muito da pessoa.

”A gente que passa por esse problema, a gente cansa muito fácil. Principalmente eu, como o problema é no pulmão, qualquer esforço que eu faço eu sinto falta de ar”, conta.

Érica relata que já aconteceu de muitas vezes chegar até o Araújo Jorge e não conseguir atendimento, e sua consulta ter sido cancelada sem ao menos ser avisada com antecedência.

Érica Fabrícia é esposa do comediante Marcos Maluquinho. Devido ao seu bom engajamento nas redes sociais, ambos se mobilizaram através do Instagram para pedir ajuda. Em seus stories, Marcos faz várias publicações indagando até quando o hospital Araújo Jorge vai deixar sua esposa sentir tanta dor a ponto de ter que usar morfina para amenizar um pouco a situação.

Com o intuito de ajuda-los, a dupla de humoristas Nilton Pinto e Tom Carvalho fez a doação de uma novilha para ser rifada com o objetivo de Érica arrecadar dinheiro para prosseguir com o tratamento. Nas redes sociais Érica e o esposo Marcos Maluquinho, disponibilizaram uma rifa para arrecadar fundos e ajuda-los nessa árdua luta contra o câncer.

Retomada no tratamento

Procurada pela reportagem do Diário de Goiás, a assessoria do hospital Araújo Jorge disse que, teve conhecimento do caso de Érica e que o tratamento da mesma foi interrompido por conta de um desligamento em massa que aconteceu na instituição no mês de setembro do ano passado.

De acordo com a assessoria, com a nova equipe já reformulada, o serviço de Onco-Hematologia segue atendendo os pacientes de forma gradativa. Inclusive, nesta sexta-feira (14) a paciente Érica Fabrícia já será atendida e em seguida retoma com as sessões de quimioterapia. Leia na íntegra a nota:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Com relação à solicitação sobre o caso da paciente E.F. de S., o Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ) esclarece que:

1) Todo o Serviço de Hematologia do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ) vem, desde setembro, sendo reestruturado para melhor atender os pacientes – o que impactou diretamente a prescrição das sessões de quimioterapia para casos como o de E.F. de S.;

2) Em breve retrospectiva, vale lembrar que no dia 22 de setembro, recebemos formal, e subitamente, o pedido de desligamento de toda a equipe que compunha a área;

3) Imediatamente, a Diretoria Executiva da ACCG, em conjunto com a Diretoria Técnica do HAJ, traçou um plano de ação e criou a Comissão de Transição, medidas tomadas para que a substituição dos profissionais trouxesse o mínimo possível de transtornos para os pacientes;

4) Desde então, a Comissão vem prestando apoio a pacientes e orientação total aos familiares, não deixando que ninguém fique desassistido, o que inclui o seguimento dos atendimentos de urgência e emergência;

5) Foi assim com a paciente E.F. de S., que na última quarta-feira (12) recebeu atendimento emergencial;

6) Hoje, já com nova equipe, o Serviço de Onco-Hematologia, segue atendendo os pacientes gradativamente, processo que deve incluir o caso de E.F. de S., cuja consulta com especialista e retorno quimioterápico ocorrerá nesta sexta-feira (14);

7) Vale lembrar que as mudanças vêm ao encontro do aumento da demanda por transplante de medula óssea – intervenção que, pelo SUS, no Centro-oeste, é feita exclusivamente no Araújo Jorge – e tratamentos onco-hematológicos de forma geral.

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