Em plena crise na administração de Marconi Perillo (PSDB), as bênçãos de Nossa Senhora D’Abadia foram ignoradas pelo líder “maior” do tucanato em Goiás. O governador faltou à missa de encerramento da Romaria de Muquém. Em contrapartida, rezaram juntos – e por motivos semelhantes – a oposição, representada por Vanderlan Cardoso, o “novo eixo”, representado por Ronaldo Caiado (DEM), e o sucessor direto em caso de queda do governador, José Eliton Júnior (DEM). Uma corrente religiosa pela mudança da política goiana.
Católico, o governador costumava frequentar a romaria acompanhado da primeira-dama, Valéria Perillo. Segundo ele, o hábito religioso foi cultivado pela própria mulher, que participa da festa há muitos anos. Desta vez, porém, a tradição familiar ficou em segundo plano, já que apesar de constar o evento em sua agenda, Marconi não apareceu. Nenhuma justificativa foi divulgada por sua assessoria. Informalmente, estaria o receito da reação negativa dos romeiros à divulgação de mais um vídeo constrangedor para Marconi. Na noite anterior, a Band mostrou diálogo em que o tucano convida o ex-presidente da Valec, Juquinha das Neves, para uma secretaria. Juquinha foi preso na Operação Trem Pagador, acusado de desviar R$ 60 milhões nas obras da ferrovia Norte-Sul, no Centro-Oeste.
O líder do Executivo perdeu a missa e o recado do bispo Dom Messias dos Reis Silveira. Em um discurso de evidente tom político, o responsável pela diocese de Uruaçu cobrou honestidade na postura dos candidatos e eleitores. “Muitos virão em busca de votos dos romeiros, mas, neste momento com tantos problemas de corrupção, temos que demonstrar rigidez em nossa postura. Candidato que compra voto não é confiável. Eles querem apenas aproveitar da fraqueza do eleitor”, afirmou.
O bispo falou sobre o mensalão e sobre a CPI do Cachoeira. Claro e objetivo, Dom Messias criticou os últimos fatos ocorridos no Estado, clamando a ajuda dos fieis para promover a mudança. “O povo precisa de respostas. O vírus da corrupção invade tudo. Quem ama a Deus e ama a família deve combater duramente esta prática”, acrescentou.
Uma missa e uma aula de formação política. Nas primeiras filas, além dos já citados, Vilmar Rocha (PSD), Sérgio Cardoso (PSDB), Hélio de Souza (DEM), Afreni Gonçalves (PSDB), Nelson Henrique, Luiz Teixeira (PMDB) e Wilton (DEM) – candidatos a prefeito e vice em Niquelândia -, Gilberto Naves e Mara Naves – casal de Goianésia, onde Gilberto é candidato à reeleição -, e Pedro Chaves (PMDB).
A festa do Muquém é uma das mais tradicionais do Estado, ficando atrás, em quantidade de visitantes, apenas da de Trindade (dedicada ao Divino Pai Eterno). A história da peregrinação remonta ao final da década de 1740. O governador do Estado precisará esperar o próximo ano para colocar sua fé em ação. Nos bastidores, porém, a informação é de que Marconi tem participado, com frequência, das missas da Paróquia de São Francisco de Assis, em Anápolis. Santo novo para tempos novos de Cachoeira.
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