O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), deixou a indecisão de lado e assumiu sua pré-campanha para as eleições de 2014. A estrutura de comunicação do governo tomou o pressuposto como certo e entrou no clima. Marconi é anunciado como candidato à reeleição.
O moço da camisa azul está de volta. Com seu carisma, proatividade, discurso bem construído… É, desta vez, não! As coisas mudaram.
O tucano agora faz campanha com segurança. Ou melhor, seguranças. Seguranças que o protegem dos protestos da população. Faz com a insegurança de quem não tem mais o controle da situação e tem muito o que explicar.
Tal conclusão é possível graças ao posicionamento do próprio governador. Lançar-se, de repente, na campanha é seu atestado de medo.
Medo de ser abandonado pelo partido (favas contadas?), medo de perder – ainda mais – a força política e acabar no isolamento tucano. Seria a configuração do estágio inicial da derrota? Bem…
Em meio às estratégias desfocadas da equipe marconista, houve ainda um tiro no pé. Marconi permitiu especulações de que seria candidato a deputado federal. Uma forma de tirá-lo do foco dos ataques dos adversários, mas que acabou tirando-o também do foco de defesa de sua base. Erraram.
O jeito agora é sair anunciando sua pré-candidatura pra ver se volta a inspirar perspectiva de poder. Já não é mais o mesmo.
Pela primeira vez em sua trajetória política, o governador passou de controlador a refém da opinião pública. Suas ações são escudadas por policiais que moldam verdadeiras barreiras entre o representante e seus representados.
O que angustia Marconi Perillo – aparentemente – é que o lado de lá (da barreira) parece mais movimentado e animado, diante da constatação: dá pra ganhar do ‘imbatível’ tucano! A missão antes impossível, desponta agora perfeitamente possível (e o que já não é, depois da vitória do petista Haddad sobre outro tucano, José Serra, em São Paulo?).
Enquanto o chefe do Executivo goiano lança obras, faz inaugurações – até de ar condicionado, como no Centro de Conversões -, esbanja publicidade, gasta fortunas com shows e atrações culturais… o povo reivindica.
A ferida está aberta e não faltam dedos para tocá-la. Marconi vive uma constante DR com a sociedade. Mágoas passadas, que já haviam sido gerenciadas, voltaram à tona e se uniram com as causas atuais das aflições. Um exemplo: moradores do Parque Real Conquistas – aqueles expulsos do Parque Oeste Industrial – o chamaram de “assassino” durante evento político na região. Grave!
E os problemas não param por aí. Além da preocupação em conter as vaias do povo, Marconi precisa conter a insatisfação do seu grupo de apoio. O enfraquecimento está tão evidente que o governador não consegue fazer a reforma do seu secretariado sem contrariar um ou outro coadjuvante especialista em chantagem.
E, com a cabeça quente, a campanha que mal começou já começa a afundar. Perillo está soltando fogos pelas ventas. Já brigou com candidato à prefeitura que tinha menos de 1% das intenções de voto, com ex-secretário e parceiro político, com jornalistas, twitteiros… Assim fica difícil. Não há cachoeira que esfrie esta revolução. Uma revolução que cresce silenciosa, como em 1998. Só que em outra direção.