Há poucas horas da eleição, é perceptível a polarização entre os candidatos a presidente da OAB-GO, Enil Henrique Filho (OAB Independente) e Lúcio Flávio (OAB Que Queremos), em vários fatos da campanha. Se nas campanhas eleitorais anteriores, a oposição aparecia dividida, agora o grupo OAB Forte já não é mais o mesmo, sem a mesma força de outros pleitos. Inclusive nos debates, Enil e Lúcio mantiveram os confrontos mais diretos sobre a situação financeira da OAB.
O candidato Enil Henrique Filho, atual presidente da Ordem dos Advogados de Goiás, pode ser considerado uma surpresa dessa eleição, do ponto de vista político. Ele entrou no processo por último, depois de enfrentar as dificuldades de um mandato-tampão, que culminou com o rompimento com o grupo OAB Forte e o lançamento de uma nova força política apelidada de OAB Independente.
Enil tem como trunfos as forças conquistadas em importantes cidades do interior, Anápolis e Aparecida de Goiânia, por exemplo, e contabiliza apoios de representantes de 27 regionais da OAB. Na maioria, presidentes. Em Aparecida, conta com um movimento por mudança. Em Anápolis, tem apoio do advogado Antônio Eli, com o apoio do advogado Francisco Sena. Nos bastidores, circula a informação de uma disputa com pouca diferença entre ele e o candidato Lúcio Flávio. Ademais, por ser presidente, Enil é mais conhecido no interior.
O candidato Lúcio Flávio contabiliza a unificação dos grupos Renovação e Atitude, derrotados em pleitos passados, mas unificados numa outra chapa nesta eleição. Os cenários mostrados nas pesquisas eleitorais, divulgadas até o prazo permitido, colocavam o bom posicionamento do candidato. No entanto, o melhor cenário do candidato é, exatamente, a divisão da chapa OAB Forte, o enfraquecimento e o desgaste político causado pela saída do ex-presidente Henrique Tibúrcio para assumir o cargo de secretário do governador de Goiás, Marconi Perillo. Flávio é pouco conhecido no interior.
O grupo OAB Forte faz uma campanha sem a mesma estrutura, impacto e repercussão de eleições anteriores. Ela é organizada no sentido da elaboração de propostas (O Observatório da Advocacia é uma boa ideia). A chapa ainda tem muitos seguidores fiéis, mas, nota-se um natural desgaste provocado no curso dos anos no poder e, como citado, de uma transição tumultuada no ano de 2014. Será uma surpresa se o grupo conseguir pelo menos a metade dos votos que obteve na última campanha eleitoral. Flávio Buonaduce é um bom candidato, mas para o pior momento da OAB Forte.
22.942 advogados compõem o quadro de eleitores da OAB/GO, ou seja, 72,9% do eleitorado que vota na eleição da OAB de Goiás é de Goiânia(14.669 eleitores; 63,9%), Aparecida de Goiânia(687; 2,9%) e Anápolis(1.373; 5,9%). Assim, é perceptível a maior concentração dos candidatos nestas cidades, principalmente na reta final da campanha. Mas, como em outras eleições estaduais, o interior tem papel decisivo e pode fazer a diferença, principalmente nos maiores colégios eleitorais.
Os fatos da polarização entre Enil Filho e Lúcio Flávio estão explícitos e a urna do dia 27 poderá confirmar ou não esta análise. A eleição da OAB é cada vez mais parecida com os pleitos eleitorais convencionais. Quem aparece, quem tem ações, quem está mais presente nos confrontos eleitorais, chega com mais vigor para a reta final. Que venham as urnas e a apuração do dia 27 de novembro.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .