O presidente francês, Emanuelle Macron já havia manifestado sua preocupação com as intensas queimadas na região amazônica que se acentuaram nas últimas semanas. Nesta sexta-feira (23/08), o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson também manifestou sua preocupação por meio de um porta-voz. A forma como o presidente da República Jair Bolsonaro está tratando o assunto em especial no diálogo com outros países também pode colocar um outro problema em pauta: a decomposição do acordo entre União Européia e Mercosul. A Irlanda ameaçou romper o tratado de livre-comércio e a França pegou carona. Mais ainda: acusou Bolsonaro de mentir na reunião do G20, em junho.
Macron disparou que Bolsonaro mentiu durante encontro do G20 no Japão, quando o brasileiro minimizou as preocupações com mudanças climáticas globais. O anúncio da oposição francesa ao acordo União Europeia-Mercosul acontece um dia depois de Macron ter defendido que a questão das queimadas na Amazônia fosse levada à reunião do G7 no fim de semana. A Irlanda também ameaça votar contra caso o Brasil não respeite seus ‘compromissos ambientais’. “Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula do G20 de Osaka”, declarou o Palácio do Eliseu, ressaltando que “o presidente Bolsonaro decidiu não respeitar seus compromissos climáticos nem se comprometer com a biodiversidade”. De modo que dessa forma, “a França se opõe ao acordo do Mercosul”, acrescentou.
Dados e imagens parecem não convencer o presidente
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que entre janeiro e agosto deste ano, as queimadas na região amazônica aumentaram 82%, sendo a maior alta registrada nos últimos sete anos. A Nasa chegou a publicar uma imagem de satélite destacando que as queimadas podem ser vistas do espaço.
O contexto preocupa líderes mundiais mas Bolsonaro parece se incomodar com as declarações. Após Alemanha e Noruega cancelarem as verbas que enviavam para o Fundo Amazônia, Bolsonaro desdenhou e pediu para que a chanceler alemã, Angela Merkel “reflorestasse” o país que ela governa. Também tenta minimizar o assunto toda vez que é questionado como se estivesse sofrendo algum tipo de perseguição.
Boris Johnson que ainda não havia se manifestado e tem uma visão conservadora próxima a Jair Bolsonaro também demonstrou sua preocupação com os incêndios que estão ocorrendo. Por meio de um porta-voz ele declarou nesta sexta-feira (23/08) ele disse que está preocupado com o “impacto da trágica perda desses preciosos habitats”.
A tendência é que o G7 discuta sobre o assunto no encontro que será realizado neste final de semana.
General se preocupa com a soberania nacional
Na quinta-feira (22/08), o ex-comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, foi ao Twitter comentar às falas do presidente francês. Entre outras coisas, Boas comentou que a França não tem “autoridade moral” para debater o assunto. Relembrou que o país já explorou a Polinésia Francesa realizando testes nucleares que provocaram estragos na região. E que essas críticas de líderes estrangeiros são “ataques diretas à soberania brasileira”.