O julgamento do caso da morte do jornalista Valério Luiz, assassinado em 2012, está previsto para ter início nesta segunda-feira (2). A sessão foi adiada pela terceira vez em março, quando o juiz Lourival Machado acatou o pedido do advogado de Maurício Sampaio, apontado pela polícia como mandante do crime.
A decisão se deu pelo fato de Ney Moura Teles, advogado do empresário, que acompanhava o caso desde o início, ter deixado o caso às vésperas do julgamento. Seu substituto à época, Thales Jayme solicitou, entretanto, um prazo para analisar o processo. Ele também defende Ademá Figueredo Aguiar Filho, apontado como o executor do crime.
O ato causou, novamente, indignação à família, que espera por justiça há dez anos. “É realmente muito frustrante. Já são 10 anos tentando marcar esse julgamento, mas não é uma surpresa. Lidamos com todo tipo de manobra para atrasar o processo. Essa foi mais uma delas. Uma manobra desesperada. O advogado abandonou o processo às vésperas do julgamento, numa atitude lamentável e antiprofissional na minha visão”, disse Valério Filho, advogado e filho da vítima.
A expectativa é para que a sessão realmente ocorra nesta segunda. “A gente espera que, no dia 2 de maio, não aconteça mais nenhuma manobra dessa, e é o que o doutor Lourival (Machado da Costa, juiz da causa) nos prometeu, que não vai acontecer de novo e que qualquer tentativa nesse sentido vai receber uma reprimenda pesada”, acrescentou, em entrevista ao Diário de Goiás.
Valério Luiz foi morto no dia 5 de julho de 2012, na porta da Rádio 820 AM, atual Rádio Bandeirantes, onde a vítima trabalhava como comentarista esportivo. Segundo denúncia feita pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), o assassinato foi motivado devido aos constantes comentários críticos de Valério Luiz à diretoria do Atlético Clube Goianiense.
Presidente do clube, Adson Batista, entretanto, acredita não ser justa tal atribuição. “O Atlético não matou ninguém. Eu não posso responder por crime, se eu matar alguém o Atlético não vai responder. Isso aí é maldade de pessoas que querem imputar a um clube um assassinato que logicamente é muito grave. Ninguém tem que morrer por ser maldoso, por fazer críticas, por ser pessoa peçonhenta. Ninguém tem que morrer por isso”, ponderou. “Aqui não é um lugar que senta em uma mesa e vamos matar um cara amanhã. Não existe isso. Isso é uma vergonha”, completou o dirigente.
Nova defesa de Sampaio, o advogado Luiz Carlos da Silva Neto, disse, em entrevista coletiva na última segunda-feira (25), que entraria com ações junto ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) solicitando o afastamento dos promotores da acusação e do juiz que irá conduzir o julgamento.
“Estou vendo barbaridades nesse processo, em que foi ceifado o direito do réu de se defender”, justificou o profissional, que assumiu o caso há cerca de 20 dias, com a ressalva de que a defesa irá comparecer ao julgamento mas que caso promotores e juiz não forem afastados da condução do processo, não irá avançar na defesa.
“Nas minhas decisões, a população em geral está para um lado e eu vou para o outro”, salientou, em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás. “Um dos motivos do pedido do CNJ do juiz é exatamente isso. Porque o juiz induz a população e dentro da população eles estão jurados a condenar o Maurício. Só aquilo ali era suficiente para o juiz se afastar do processo. Porque o juiz não pode pegar a sentença e dizer que Maurício matou o Valério, mas ele pode fazer manobras para indiretamente colocar que Maurício é o culpado. Não tem provas nenhuma”, acrescentou.
Cinco réus serão submetidos ao julgamento do caso. Além de Maurício Sampaio, tido como mandante, estão o sargento da Polícia Militar, Ademá Figueredo Aguiar Filho, suposto atirador; Djalma Gomes da Silva, Urbano de Carvalho Malta e Marcus Vinícius Pereira Xavier são apontados como articuladores do crime.
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