A regra é clara: qualquer propaganda eleitoral só pode ser feita a partir do dia seis de junho de 2014, ano do pleito. Antes disso, o ato é denominado campanha antecipada. Menção aos méritos do postulante, ação política a ser desenvolvida nos próximos anos ou referências a cargos desejados, são consideradas atitudes criminosas.
Alguém escapa?
Entre o discurso e a prática, um abismo. O que se ouve de todos os pré-candidatos é que está cedo para se discutir o processo sucessório. O que se vê? Uma corrida descarada pela cadeira do Executivo.
E não há saídas alternativas. Não adianta um acusar o outro de campanha eleitoral extemporânea. A verdade é que todos estão se movimentando, fazendo política como deve ser feita, diga-se. No campo aberto. Escancarada. Reclamar não dá vitória a ninguém. Aliás, reclamar faz parte da estratégia do jogo precoce. Mas cola?
Os incomodados que se lancem à luta. E a Justiça Eleitoral, não faz nada? Faz. No entanto, a pena para o ato ilícito, de propaganda antecipada, é branda perto dos benefícios que a prática produz.
Só não vale jogo sujo, de ataques baixos e elogios escandalosos. Aí é crime flagrante!
De toda forma, não há inocentes. É fato que o governador tem agido como se estivesse no período eleitoral. Nas últimas semanas, o tucano mudou suas peças publicitárias, focadas agora no positivo, na exposição de seus feitos e realizações.
Somando a isso, uma força tarefa está sendo movimentada no intuito de formar replicadores de seu discurso, como na segunda rodada de treinamento de assessores, realizada na última sexta-feira, 23, pela Agecom, no Centro Cultural Oscar Niemayer. Secretários e assessores foram internados no local para receber aulas sobre como ‘vender’ o governo e o governador.
Assim, Marconi segue animado, motivado e propositivo. De sua parte, cumpre agenda de candidato, com visitas aos municípios, a líderes partidários e audiências com diversos partidos em um claro intuito de manter a base unida para o ano que vem.
Campanha!
Do outro lado, o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), segue como ‘arroz de festa’. Participa de todos os eventos do PT, discursa, procura, incessantemente, se fazer conhecido no partido e no Estado.
O petista elaborou ainda uma agenda repleta de entrevista em rádios e TVs, evidenciando sua preocupação em ampliar o leque de informações a seu respeito. Não nega sua intenção de disputar o governo e trabalha para isso.
Nos próximos dias virá ainda um movimento estratégico: será lançada uma revista de qualidade com feitos de sua administração. Um informativo para mostrar-se gestor eficaz. A curiosidade é que a revista não será distribuída apenas em Anápolis; sua maior tiragem é para Goiânia e municípios adjacentes.
O empresário José Batista Júnior, o Júnior do Friboi (PMDB), também não perde tempo. Tem caminhado pelo Estado, participado de um intenso processo de mídia training, é aluno assíduo de marketing político e candidato nada sutil ao governo de Goiás.
Apesar das limitações discursivas, o empresário usa o que tem para persuadir prefeitos. Seus diálogos têm resultado em ações diretas, como um ato programado por prefeitos que defendem seu nome, ainda que em detrimento de Iris Rezende (PMDB).
Por falar no ex-governador, sem fazer nada, ele está o tempo todo em campanha. Se vai a um evento, é destaque; se deixa de ir, é destaque também. Basta manter-se vivo para estar no jogo e ser a principal ameaça a Marconi Perillo. É uma polarização instantânea. Acirrada.
Iris não se assume como pré-candidato. Não precisa. Quando parece meio sumido, faz um movimento, como seu discurso no encontro do PMDB em Catalão, que o recoloca no jogo. Com direito a destaque nas pautas estaduais. É estrela na oposição e, principalmente, na situação, onde possui seu maior foco de mídia espontânea.
O ex-prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso (PSB), não fica por baixo. Tem agenda cheia, está o tempo todo em igrejas, no interior, em rádios e TVs… Ele não para.
O novo empresário socialista também estruturou excelente equipe de assessoria e tem um grupo dedicado a seu projeto de governo. Vanderlan conta com a experiência de uma derrota e a sapiência, não muito valorizada em 2010, da necessidade de se investir em comunicação.
No mesmo grupo político, há o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM). Com declarações fortes e discurso absolutamente político, o democrata mira 2014. Um pré-candidato cuja primeira polarização é com Vanderlan, mas sem que isso seja um problema a separá-los.
Estão todos na disputa. Todos em campanha.
O Tribunal Regional Eleitoral alerta que liberar os políticos para fazer campanha à vontade antes do período eleitoral beneficiará quem tem mais dinheiro e aumentará a participação de empresas no financiamento, tornando os candidatos reféns dos favores recebidos. Em Goiás, no entanto, o problema vai além. Dinheiro não falta aos aspirantes, o que há de faltar é paciência e discernimento aos eleitores em meio à bomba de informações eleitorais que estourou nas últimas semanas.
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