A empresa responsável pelo Lixão de Padre Bernardo, a Ouro Verde, iniciou a retirada do lixo proveniente do desmoronamento nesta segunda-feira (21). O desastre aconteceu no último dia 18 de junho, há mais de um mês. O serviço, que está sendo feito conforme o compromisso assinado com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), deve ser finalizado até o dia 15 de setembro deste ano.
Antes do início da retirada, foi necessária a preparação do lixo desmoronado e do local. A massa de resíduos que desmoronou foi isolada antes (à montante) e depois (à jusante) do ponto de contato com o córrego Santa Bárbara, que acabou sendo contaminado pelo acidente.
Também foi preparada a célula que vai abrigar provisoriamente esse lixo, dentro da mesma propriedade. Além disso, foi adquirida a manta de impermeabilização dessa célula e providenciado o acesso dos caminhões à grota.
Início dos trabalhos
Para a retirada do lixo em si, estão sendo utilizadas duas escavadeiras hidráulicas, nove caminhões para remoção, um caminhão-pipa, um rolo compactador e um trator de esteira. Estima-se que aproximadamente 42 mil metros cúbicos de lixo desmoronaram sobre o leito do córrego.
Todos os recibos de contratação de serviços e de locação de máquinas foram apresentados à Semad no dia 18 de julho, também conforme previa o TAC. A empresa também deu disponibilizou uma empresa com acreditação para fazer o monitoramento da qualidade da água na região.
A primeira coleta estava ocorreu na última sexta (18), em oito pontos. As demais acontecerão semanalmente, todas as sextas. A Semad já realizava análise de água desde o dia seguinte ao desmoronamento, mas o laboratório da pasta não tem tecnologia necessária para fazer um estudo mais aprofundado sobre os metais pesados comumente encontrados no chorume.
“Hoje, dia 21, iniciou-se, então, a impermeabilização do local onde vai ser depositado esse lixo retirado, de forma provisória, bem como a retirada desse material do leito do Correio Santa Bárbara. Esse trabalho vai demorar mais ou menos 45 dias e a gente vai estar fiscalizando de forma permanente essas atividades”, detalhou o Gerente de Emergências Ambientais da Semad, Sayro Reis.
O lixo retirado da grota está sendo acondicionado de forma temporária em uma célula dentro da mesma propriedade, devidamente recoberta com uma manta impermeabilizante. A empresa terá que encontrar um aterro sanitário com licença ambiental para receber o lixo de forma definitiva depois que ele secar.
Relembre o caso
O desabamento aconteceu por volta das 9h30 do dia 18 de junho. Funcionários haviam notado instabilidade na pilha nas primeiras horas da manhã, o que lhes deu tempo para tirar as máquinas e evacuar a área. Portanto, não houve feridos.
Como não houve notificação oficial, a Semad só soube do fato pela imprensa por volta de 15h. O lixão já havia sido autuado oito vezes desde 2016 pelo Governo de Goiás, que tentou fechá-lo sucessivamente. O empreendimento operava apenas graças a uma liminar o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
No dia seguinte, 19 de junho, a secretária de Meio Ambiente de Goiás, Andréa Vulcanis, foi ao local e tomou medidas emergenciais: decretou mais uma vez o embargo do lixão, a apreensão de cinco máquinas que estavam lá estacionadas, solicitou apoio da Polícia Militar para garantir o cumprimento do embargo, exigiu do dono um plano de ação emergencial e instalou um gabinete de crise formado por Semad, ICMBio, prefeitura de Padre Bernardo, Bombeiros e Defesa Civil.
No dia 24 de junho, a crise se agravou. Surgiu um foco de incêndio no lixo que desmoronou. As chamas começaram a aproximadamente 150 metros do topo do aterro e a cerca de 100 metros do lixo acumulado no fundo do vale. Cerca de 24 horas depois, o fogo foi controlado.
Diante da omissão da empresa responsável, no dia 30 de junho, a Semad interviu executando ações documentais e preparando a contratação de máquinas e empresas especializadas. No dia 7 de julho, o gabinete de crise se reuniu com representantes da empresa na Semad, em Goiânia, e as partes se comprometeram a assinar um TAC em que a Ouro Verde se comprometeria a realizar ações dentro de prazos pré-estabelecidos.
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