23 de dezembro de 2024
Política

Helio de Souza afirma que quanto mais acirrada a disputa, mais peso o DEM terá

Em entrevista ao Diretor de Jornalismo da Tribuna do Plaanalto, Eduardo Sartorato, o vice-presidênte da Assembleia Legislativa, Héilio de Souza (DEM), analisa pontos sobre a eleição 2014. Segundo ele, a situação do partido está indefinida. Vai depender de Ronaldo Caiado.

Deputado estadual e pré-candidato à reeleição, Helio de Sousa vê um caminho nebuloso para o DEM, seu partido, nas eleições de 2014. Segundo ele, a grande maioria dos prefeitos e ele, como único deputado estadual, defendem que o partido deve estar na base do governador Marconi Perillo (PSDB). Helio, porém, admite que o deputado federal e presidente regional Ronaldo Caiado possui a maior influência na executiva do partido e que, assim, o DEM seguirá o caminho que ele decidir. O deputado revela que, caso o partido tome outro caminho que não a base aliada, ele fará como Caiado em 2010 e tocará o seu projeto pessoal sem tomar partido nas eleições majoritárias. Na entrevista a seguir, Helio de Sousa também fala sobre a autoconvocação da Assembleia, que ocorrerá a partir da segunda, 20, e do clima eleitoral. Representante de Goianésia na Casa e aliado da família Lage, o parlamentar diz que o nome do ex-prefeito Otavinho Lage (PSDB) com certeza será lembrado para a sucessão de governo em 2018. Helio de Sousa recebeu a Tribuna na quinta, 16, em seu gabinete.

Tribuna do Planalto – Quais são os principais projetos que serão apreciados nas sessões extras a partir da segunda, 20?
Helio de Sousa – A prioridade absoluta será para o empréstimo da Celg de R$ 1,8 bilhão, que a Assembleia tem que autorizar. Já está caracterizado que R$ 1 bilhão seria para o pagamento de dívidas e, o restante, para investimentos. É importante, porque sabemos que o Estado está em um momento de crescimento e, até o presente momento, a Celg o tem acompanhado, mas com muita dificuldade, as necessidades crescentes de energia. Consequentemente, com essa segurança econômica que o projeto dá, ela vai ter as condições de fazer todos os atendimentos que estão previstos para o crescimento do Estado. Também a questão de um projeto que diz respeito à Agehab, que adéqua a posição do governo do Estado ao programa “Minha Casa, Minha Vida”, uma parceria que está dando certo, mas que ainda precisa de alterações. E uma terceira, que diz respeito àquilo que o governo coloca como principal objetivo para 2014. A área que ficou mais exposta e é a maior demanda da população é a segurança pública. Há um projeto para essa área que nos dá condições para avançar mais no trabalho daqueles que fazem a nossa segurança, sejam eles Polícia Militar, Civil ou Científica. Vamos discutir projetos que possam, de uma maneira ou outra, incrementar essas ações.

O sr. acredita que esse ano o foco do governo vai ser a segurança pública?
Ele deverá ter como foco de uma ação que precisa, e terá, de ser mais definida. E não é segredo pra ninguém que o Estado, já que tem o dinheiro, deverá concluir todo aquele projeto rodoviário que está previsto e assegurado. Já é algo concreto e só precisava de recursos, o que já tem. Mas a segurança pública não precisa só de recursos, também precisa de estratégias, que estão sendo discutidas e serão implantadas. Eu diria que vemos com bons olhos, pois é uma maneira de descentralizar as decisões da segurança pública nas nossas regiões. Por exemplo, a região de Goianésia deverá ser contemplada com um comando regional da Polícia Miliar. O mesmo deverá acontecer nas cidades de Uruaçu e Campos Belos.

A Celg é um gargalo desde o início do governo. O sr. acredita que seja a grande ‘pedra no sapato’ dessa gestão?
A estrutura da Celg foi minada ao longo dos anos. Tive uma participação na CPI da Celg como presidente e pude acompanhar todo o raciocínio. Então, não podemos dizer que o culpado é essa ou aquela ação, nem este ou aquele governo. Sabemos que em alguns governos realmente foram mais maléficos, como quando aconteceu a venda de Cachoeira Dourada. Não adianta querer conviver com apenas os culpados, é preciso ter ações. Entendo que o governo Marconi previu que havia um sangramento mensal nas contas do Estado para tentar manter a Celg em funcionamento, então essa parceria que está delineada entre o governo estadual e o federal, através da Eletrobrás, é a saída, mas não o suficiente, porque ela continua como um patrimônio importante para os goianos.

Qual deverá ser a perda de produtividade da Casa em ano eleitoral?
Este é um fato que é preocupante e se repete ao longo dos anos. Entretanto, temos uma maioria de deputados que sabem de suas responsabilidades, exercem a plenitude do seu mandato e permitem que a Assembleia continue funcionando. Muitas vezes, sem o quórum que gostaríamos, mas com o quórum suficiente para votar todas as matérias. Se temos um ano eleitoral, vamos ter problemas de quórum, mas há aqueles que entendem que têm um mandato que ainda deve ser cumprido. Acredito que teremos quórum para que todas as matérias, tanto do governo quanto dos parlamentares, sejam votadas sem qualquer prejuízo. Mas teremos, sim, uma diminuição na qualidade das discussões.

Em relação aos debates, o sr. espera discussões mais acaloradas por se tratar de uma eleição estadual?
A Assembleia é altamente politizada; aqui todo mundo tem posições definidas, suas simpatias e defendem aqueles que entendem que sejam melhor para o projeto político de Goiás. Ninguém aqui esconde isso. E, acredito, que haverá muitos debates e, espero, que sejam de nível.

Qual é o projeto do sr.?
Nos mandatos anteriores, Goianésia apoiou o deputado Vilmar Rocha (para deputado federal), que esse ano não será mais candidato à Câmara. Reconheço que não fiz um planejamento necessário para disputar uma vaga de deputado federal. Esse planejamento é muito importante para se viabilizar e, sem ele, não adianta ser candidato. Então, tenho ciência de que eu não tenho as estruturas necessárias para ter um respaldo de uma eleição desse porte. Já temos reconhecimento e penetração em várias regiões do Estado, mas ainda não é o suficiente.

A tendência é a reeleição?
Eu sou um pré-candidato à vaga de deputado estadual.

O sr. e o prefeito Jalles Fontoura (PSDB) devem apoiar quem para deputado federal?
Conversamos com o Jalles, que é nosso prefeito, e o Otavinho (Otávio Lage Filho, ex-prefeito), que é nossa referência empresarial e também política de Goianésia, além de todos os partidos que compõem a base. Há uma posição de que o nome não está escolhido ainda. Temos vários pré-candidatos a deputado federal que já conversaram por lá e o que há de concreto é que, no momento oportuno vai se fechar em apenas um nome, mas não sabemos ainda qual será. O nome sairá por consenso e terá o apoio de todas as bases do governo Marconi Perillo.

Seria importante o nome o ex-prefeito Otavinho Lage para deputado?
A marca Otávio Lage é muito forte. É alguém que já tem 40 anos de tradição e que, desde seu falecimento, em julho de 2006, era referência com a sua presença em todos os eventos políticos de Goiás. Mesmo com a sua morte, seu nome ainda é uma lenda que todos admiram e respeitam. Otavinho já teve a oportunidade de ser o prefeito de Goianésia por duas vezes, poderia ser um candidato a deputado estadual, federal ou ao Senado, mas quem o conhece sabe que a maneira de ele trabalhar, a determinação política dele, é para o Executivo. O Goianésia sonha que, um dia, Jalles Fontoura ou Otavinho possa postular uma candidatura a governador. Esse é nosso sonho. E esse é o perfil que eu vejo nos dois principais líderes de Goianésia.

Seria inviável um projeto para o Otavinho na chapa majoritária este ano?
Eu diria que sim. Esse era o sonho de Goianésia, porque ele tem um nome muito forte no Estado. Entretanto, não foi feito um trabalho de exploração política do nome dele pensando nas eleições deste ano. E isso é fundamental. Ele está envolvido com a estrutura industrial que ele e seu grupo de sócios estão iniciando em Goianésia e ele, portanto, entendeu que sua contribuição neste momento seria no campo empresarial. Mas é um nome que com certeza deverá ser lembrado para 2018.

E Vilmar Rocha? O sr. acredita que a candidatura dele para senador está consolidada?
A gente sabe que espaço você conquista e isso vem de maneira natural. Quando se procura dentro da base o candidato a governador, a resposta é unânime. E ninguém tem dúvidas de que esse nome é Marconi Perillo. Mas devido a uma competência de trabalho, o vice-governador José Eliton teve um crescimento de credibilidade pela sua desenvoltura e também pela capacidade de articular politicamente. É um nome que é praticamente um candidato natural ao cargo de vice. Da mesma maneira vejo que essa articulação foi feita para o cargo de senador e esse cargo tem hoje um nome unânime na base que é o de Vilmar Rocha. Diria que, hoje, aquilo que foi plantado leva para esse sentido. Vejo que é difícil ter mudanças nessa conjuntura. Ela foi, querendo ou não, empolgando toda a militância e passa a ser um fato natural. Só que política é a arte de você administrar situações. Daqui até as convenções, pode acontecer que haja a necessidade de um remanejamento. Não é algo descartado, mas considero improvável; quase impossível.

Então, praticamente, a chapa com Marconi, José Eliton e Vilmar Rocha já estaria definida?
Eu diria que hoje é um fato natural.

Na semana passada, em entrevista a Tribuna, a deputada federal Magda Mofatto (PR) disse que a chapa ideal seria Marconi, Vanderlan e Caiado. O sr. acredita que, se a base pudesse contar com esses nomes, teria mais força?
Eu entendo que esses nomes são importantes, mas que têm posições definidas. Nenhum deles manifesta interesse em participar da base nas eleições de 2014. Logicamente, seria outra realidade e diria que, nesse momento, está descartada. Não existe uma chapa ideal. Uma dessas, ao meu ver, só em junho, quando, por um sentimento natural, se define quais serão os nomes que vão compor a chapa majoritária. A chapa ideal, então, é aquela que for natural em junho, aquela que não tenha que atropelar nenhum pensamento e tenha a essência da maioria da militância.

O DEM fica com a base, ou vai acompanhar o projeto do deputado Ronaldo Caiado, se ele decidir apoiar outro candidato?
O Democratas está em uma situação difícil. Mas, se você fizer uma análise crítica, a não ser o PSDB com os partidos que já estão mobilizando para a coligação com ele, os outros todos estão indefinidos. PMDB está indefinido. PT, além de ter suas divisões internas, tem ainda a questão de uma coligação que vem de cima para baixo, de Brasília. Os outros partidos, a exemplo do DEM, a meu ver, não têm ainda uma definição para este ano. No nosso caso é muito visível. Se você fizer uma pesquisa entre os prefeitos, vereadores e deputados estaduais, no caso apenas eu, temos uma grande simpatia por estar na base do governo Marconi Perillo. Mas sabemos que esse pensamento não é compartilhado pelo nosso presidente, Ronaldo Caiado, e nem pelo diretório, que é muito fiel ao deputado e deverá acompanhar qualquer decisão que ele for tomar, ao contrário de 2010. Naquela ocasião, o diretório conseguiu convencer o próprio presidente que o ideal seria permanecer com o PSDB, indicando o vice, no caso, José Eliton. Hoje vemos que essa tendência não existe mais no diretório. Este deverá, sem dúvida, acompanhar, de uma maneira muito fiel, aquilo que for decidido por Caiado nas eleições de 2014. E diria que, pelo que temos conversado e escutado, sua posição ainda não está definida. Para o DEM, em 2014, de concreto, só sabemos que não ocorrerá, em nenhuma hipótese, uma coligação com o PMDB, já que este está coligado com o PT.

E, caso o deputado Ronaldo Caiado decida ir para um caminho diferente do da base aliada, como ficam vocês, que já têm esse apoio ao governador?
Em 2010, Ronaldo Caiado fez uma opção. Ele não concordava com a coligação do PSDB, mas aceitou a realidade e a vontade dos pré-candidatos e do diretório. Mesmo assim, ele não participou da nossa campanha e, de certo modo, fez uma campanha solo dentro do seu projeto político. É o que eu pretendo fazer, caso a opção não seja para a coligação com a base do governador.

O DEM, hoje, ainda teria alguma possibilidade de compor a chapa majoritária da base?
Acho que depende de muita coisa. As próprias pesquisas que deverão acontecer vão mostrar os riscos e os pesos das eleições. E a situação do Democrata vai ser analisada em junho, até porque ninguém quer perder as eleições. Acho que as pesquisas serão fundamentais para delinear o caminho do DEM e quanto mais estiver acirrada a disputa mais peso nosso partido terá.

O governador dá alguns sinais de que pode não ser candidato este ano. O sr. vê isso como um blefe?
Na verdade, o governador está certo. Hoje ele ainda não é o candidato a governador; hoje ele já é o candidato que o povo quer que administre e é com isso que ele está preocupado neste momento. Provavelmente só no momento certo, que deverá ser nos últimos dias do primeiro semestre, é que ele deverá apresentar seu nome para a disputa. Daqui até lá, ele deve se preservar como governador, trabalhar e buscar resolver os problemas que são emergentes e intrigantes para o Estado. Com tantos problemas, Marconi não deve abraçar a preocupação de ser candidato agora. O resultado dessas ações é que deverão dar a ele o título de candidato natural.

O sr. sempre se posicionou no bloco governista dentro do DEM, junto com Vilmar Rocha e Nilo Rezende (ambos ex-DEM), também com a família Lage. Essas lideranças foram saindo do partido. Das maiores lideranças, o sr. foi o único que restou. Por que o sr. continuou no DEM?
O partido é uma família. E essa eu ajudei a constituir desde o início. Sou filiado desde 1985, ou seja, sou considerado um dos fundadores do partido em Goiás. Apesar de todas as divergências que tivemos ao longo dos anos, tenho que reconhecer que nunca fui desrespeitado no partido, nem pelo presidente, que está envolvido nessas divergências. Nunca me foi ceifada a oportunidade de disputar mandatos, quer seja para prefeito ou deputado. Em linhas gerais, diria que há respeito mútuo entre eu e o presidente. Nós, claro, nem sempre temos o mesmo pensamento, mas temos o mesmo objetivo, que é um partido forte. E, para isso, tem que disputar as eleições e buscar resultados. Sem medo de errar, digo que nunca tive motivos para deixar um partido que me deu seis mandatos.

 


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