08 de agosto de 2024
Lênia Soares • atualizado em 12/02/2020 às 23:39

Faltou gente pra aplaudir Marconi itinerante

A segunda edição do Governo Itinerante, realizada na manhã desta quarta, 8, em Aparecida de Goiânia, foi enaltecida pelo relacionamento amistoso entre o prefeito da cidade, Maguito Vilela (PMDB), e o governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB).

Uma festa de interesses. Marconi e Maguito – teoricamente adversários – deixaram claro que estão em uma verdadeira lua de mel. Entre eles. Só não estão com o povo. Aliás, povo foi o que faltou.

Muito discurso pra pouco aplauso. Além da comitiva do governador, dessa vez menor que a da primeira edição, quase não se pode verificar moradores no evento. Nem os alunos da rede estadual colaboraram com o marketing de Perillo. Não compareceram para as fotos. Mesmo perdendo a chance de participarem da gincana com o grito mais caro da rede de educação brasileira (leia aqui).

E o que sobrou para a divulgação?

A troca de elogios entre os gestores.

Em termos práticos, já não se faz Governo Itinerante como antigamente… 

Em números, uma inegável decadência, pois a iniciativa, que foi um marco do primeiro mandato de Marconi, já não tem a mesma repercussão, muito menos o mesmo alcance popular. Falta reconhecimento. Falta gente. Faltam fatos positivos, enquanto, ironicamente, sobra dinheiro.

Os motivos?

Em menos de dois anos, o eleitor assistiu à eclosão do segundo escândalo envolvendo o governado do Estado – primeiro Cachoeira, agora dos grampos.

Independente das provas, ou da tentativa de desconstrução das denúncias, a sentença vem em doses homeopáticas, que se revelam nas pesquisas e em situações como a de hoje.

São menos de 40% de aprovação de um governo que aspira reeleição.

O investimento em propagandas, que sempre foi o diferencial de Marconi Perillo, agora é tido como ponto negativo. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás (Sintego), Ieda Leal, cobrou, por exemplo, ajuste na prioridade do governo. “O que Marconi gastou com mídia pagaria, várias vezes, o piso retroativo para todos os professores”, ressaltou.

O comparativo não se restringe à professora. Ele é feito por líderes de diversos segmentos que enxergam os gastos da gestão como “desnecessários”. Até agora, já foram R$ 170 milhões com publicidade, quase R$ 14 milhões com festas, R$ 70 milhões com locação de veículos (inclusive pra tirar os alunos das salas de aula e levar para o eventos do governo), e por aí vai.

Ainda assim, o que sobra para a divulgação – não menos remunerada – são os elogios de Maguito Vilela. O mesmo Maguito que já vem elogiando Marconi há meses, contrariando o partido (leia mais AQUI).

Na tarde de ontem, o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Fábio Sousa (PSDB), deu a dica para o governo que representa: “Não posso me colocar contra os investimentos com publicidade. Temos que divulgar nossos atos. Mas temos também que ter o que divulgar.”

Sem mais.  


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