Enquanto médicos protestam contra o programa “Mais Médicos”, do governo federal, que prevê incentivos para a atuação de mais de 10 mil profissionais no interior do país, com prioridade para os brasileiros, pelo menos 109 cidades goianas já se inscreveram para serem beneficiadas com a iniciativa, segundo revelou reportagem de O Popular nesta quinta-feira (25). O número equivale a quase metade dos 246 municípios goianos.
No Brasil, de acordo com a reportagem, cerca de 2.552 cidades já efetuaram a inscrição.
Veja o texto completo, disponível no site de O Popular para assinantes:
“Mais Médicos
109 cidades goianas inscritas
Galtiery Rodrigues
25 de julho de 2013 (quinta-feira)
Até ontem à tarde, quando o Ministério da Saúde divulgou o último levantamento sobre o Programa Mais Médicos antes do encerramento das inscrições, 109 municípios goianos já tinham pedido profissionais para atender nas cidades, o que equivale a 44,3% do total de cidades do Estado. O prazo para os interessados aderirem ao projeto do governo federal, anunciado no dia 8 de julho e que pretende ampliar a presença dos médicos nas unidades de saúde pública de regiões carentes e do interior do País, vai até a meia noite de hoje. Cerca de 2.552 cidades brasileiras já efetuaram a inscrição.
O Mais Médicos é aberto a todos os municípios, mas existem aqueles considerados prioritários pelo Ministério da Saúde, que ainda não sabe quantos profissionais serão distribuídos. O que se sabe, por ora, é que as cidades com maior necessidade serão atendidas primeiro e, em seguida, as demais inscritas vão passar por avaliação. Em Goiás, conforme noticiou O POPULAR no dia 10 de julho, o Ministério relacionou 23 cidades que estão em situação considerada crítica, inclusive Goiânia. Dessas, 17 já aderiram ao projeto e outras quatro – Abadia de Goiás, Iaciara, Luziânia e Nova Veneza – ainda não fizeram a inscrição.
Goiânia, por exemplo, aparece na avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS) dentre as cidades em situação considerada boa, por possuir mais de quatro médicos por 1 mil habitante. Apesar disso, a capital tem sofrido com a recorrência dos pedidos de demissão de médicos que não se sentem atraídos pelo salário oferecido e pelas condições de trabalho. Só este ano, 398 profissionais deixaram a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o que gerou um déficit que de 215 a 270 médicos.
O município de Abadia de Goiás, que também é prioritário e ainda não se inscreveu, não está sofrendo com a falta de médicos, conforme a coordenadora de enfermagem da Secretaria Municipal de Saúde e que substitui o atual secretário que está de licença médica, Ana Paula Borges. Ela explica que todas as unidades de saúde estão com profissionais, mas que o ideal seria ter pelo menos mais um em cada um dos dois postos do Programa de Saúde da Família (PSF). “Não estamos sem, mas ter mais é sempre bom”, frisa, complementando que o município está tentando se inscrever desde ontem.
O site do Ministério pede que as Secretarias Municipais informem os códigos do Cadastro de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Conforme Ana Paula, isso estaria dificultando a inscrição de Abadia, porque em tal cadastro todas as unidades do município aparecem como se estivessem médicos trabalhando, o que torna a cidade inapta de acordo com as regras do Mais Médicos.
Os médicos selecionados vão trabalhar 40 horas semanais. O governo federal promete um auxílio financeiro para quem for se deslocar. Em Goiás, a ajuda de custo será de R$ 20 mil, além da bolsa de R$ 10 mil. Em contrapartida, as prefeituras terão de construir, reformar e ampliar as unidades de saúde.
Apenas 31 de 68 cidades críticas se cadastraram
25 de julho de 2013 (quinta-feira)
No dia 1º de julho O POPULAR publicou matéria com os dados do Data SUS sobre a situação dos 246 municípios goianos de acordo com a quantidade de médicos. Nela, 68 cidades aparecem em situação considerada péssima, sem a presença de nenhum profissional. Dessas, apenas 31 apareciam na lista divulgada ontem pelo Ministério da Saúde com os nomes de quem já se inscreveu no Programa Mais Médicos, o que equivale a 45,5%. Os dados traziam, ainda, 158 municípios em situação ruim, com menos de um médicos para cada 1 mil habitantes e apenas 20 avaliadas como boas.
Dentre as cidades em situação ruim, 69 se inscreveram, o que significa a maior quantidade dentre os municípios goianos que já aderiram ao programa. Já entre as boas, somente nove efetuaram inscrição. São elas: Anápolis, Catalão, Jataí, Mineiros, Morrinhos, Taquaral de Goiás, Uruaçu, Rialma e Goiânia.
A relação levantou polêmica, quando divulgada, porque muitos municípios defendem que ela não reflete a realidade.”