19 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 10/10/2017 às 21:30

“É o mais preparado”, avaliou Demóstenes sobre candidatura Éliton

O ex-senador (Que tenta voltar ao cargo), Demóstenes Torres (PTB) está de volta ao cenário político com opiniões contundentes sobre a política e atuação do Judiciário. Em entrevista ao Diário da Manhã, concedida do repórter Renato Dias, o procurador exerce, mais uma vez, o exercício da crítica.

VEJA:

Por Renato Dias, originalmente publicado no Diário da Manhã.


“As provas que me condenaram são ilícitas. São Nulas”

– Há, hoje, no Brasil, um processo acelerado de criminalização da Política. Por procuradores da República e uma parte do Judiciário.

É o que denuncia o procurador do Ministério Público Estadual [MP-GO, Demóstenes Xavier Torres, 56 anos. Um ação com vocação messiânica protagonizada para levar todo mundo para o esgoto, desabafa.  Cáustico, o operador do Direito afirma que ações judiciais  seriam fragmentadas, fatiadas, para destruir reputações, dispara, em tom de indignação.

– O caso do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva é um exemplo claro. Apesar de não possuirmos afinidades políticas, muito menos ideológicas.

Uma pena

Ex-procurador-geral de Justiça do Estado de Goiás, ele acredita que o ex-operário metalúrgico, que subiu a rampa do Palácio do Planalto duas vezes [2003-2006 e 2007-2010], deveria ser denunciado e julgado em um processo somente. No futuro, crê, o STF [Supremo Tribunal Fe­deral], guardião da Constituição, juntará todos as ações e dará uma pena apenas, calcula.

– O processo de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, denunciado em múltiplas ações, poderia ser reunido em apenas um.  A condenação será de mil anos. Depois, o STF reduz para 30 anos…

Senador da República cassado em 2012, depois da deflagração das operações Lava Jato e Vegas, ele afirma que o Supremo tem praticado o que define como o direito achado nas ruas. Existe um populismo, hoje, na corte suprema, alfineta. O que gera uma insegurança jurídica no País, conceitua. O que afasta investidores e afeta até a economia nacional, observa.

– A cada minuto sai uma decisão conflitante, que parece que cada ministro é uma ilha…

Delação & tortura

A prisão, como as que ocorrem, hoje, no Brasil, constitui uma tortura, avalia. Apenas para fazer a delação premiada,  analisa. Não era esse o espírito original da lei da delação premiada, registra. Esse festival de grampos e delações é salvacionismo, vocifera. Messianismo, condena. Para supostamente salvarem o Brasil, até cometem crimes, reclama.

– O Senado quando permitiu a prisão de Delcídio Amaral deu um tiro no próprio pé! A exceção passou a ser a regra.

A prisão preventiva, longa, sem um prazo definido, é totalmente inconstitucional, fuzila. É necessário o estabelecimento de um parâmetro, insiste. Mesmo assim, Demóstenes Xavier  Torres garante ser um otimista. Mudanças ocorrerão no Supremo, registra. O Direito Lógico, consubstanciado, voltará a prevalecer, explica o aquariano nascido dia 23 de janeiro de 1961.

– Já fiz anotações. Para o meu livro de memórias. Sem data ainda para ser publicado no mercado editorial.

Eliot Ness

Cáustico, com ironia refinada, um homem educado, usando um terno elegante, magro, entre um gole e outro de Coca Cola Zero, no Franz Café, instalado no Setor Marista, em Goiânia, capital de Goiás, ataca o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. “A turma de Janot queria ser Eliot Ness, mas está acabando como Billy The Kid”, provoca o ‘enfant  terrible’.

– O ministro do STF, Gilmar Mendes, é o maior homem público do Brasil, hoje!

Cassação no Senado

Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Renan Calheiros [PMDB], José Sarney [PMDB] estavam por trás de minha cassação, aponta. Demóstenes Xavier Torres relata que o STF o absolveu, com a anulação dos grampos classificados como ilegais das operações Monte Carlo e Vegas. Depois, o colegiado do Tribunal de Justiça de Goiás, por unanimidade, e arquivou a ação.

– Com as decisões, voltei, efetivamente, ao Ministério Público do Estado de Goiás em setembro.

Como as denúncias foram nulificadas, entrei com uma ação rescisória, uma petição, no Senado, para que o meu caso fosse reexaminado, com base na decisão do STF, sublinha. O processo por suposto quebra de decoro parlamentar é administrativo, observa. O que permite reconhecer as nulidades, pontua. Com direito ao contraditório e à ampla defesa, destaca.

– As provas que me condenaram são ilícitas. Nulas. Nada. Conversa fiada.

Se conseguir  reaver o mandato ou recuperar a sua elegibilidade, Demóstenes Xavier Toores, filiado ao PTB pelo deputado federal Jovair Arantes [PTB-GO], relator do impeachment da pre­sidente da República Dilma Vana Rousseff, disputará o mandato de senador, nas eleições de outubro de 2018. Animado, ele acredita que José Eliton, vice-governador, estará no 2º turno.

– A máquina do Estado tem um peso considerável. Agora, é preciso desvincular a sua imagem da de Marconi Perillo. O eleitor não gosta de candidato sem personalidade. É o mais preparado intelectualmente, possui experiência política e administrativa e é leal.

Tempo Velho

Já o deputado federal e presidente do PMDB, em Goiás, Daniel Vilela, é novo, não apenas na idade, fuzila. Não armazena informações que se exige de um gestor, frisa. Necessita estudar mais, alfineta. O eleitor não é bobo, pontua. O senador do DEM Ronaldo Caiado é uma expécie de Jair Bolsonaro, ataca. Está na moda, insiste. É, porém, um nome forte, de qualquer jeito, diz

– O eleitor vota, hoje, em nome sem estrutura, populista e de frases de efeito. 2018 poderá ser um ano de salvadores da pátria no Brasil!

O procurador do Ministério Público de Goiás afirma que o modelo político do Brasil exauriu-se. Ele defende o financiamento privado das campanhas eleitorais. Mais: crê que o PT reúne chances ainda com Lula. Apesar de o mito estar abalado, dispara. Analista da geopolítica internacional, conta que Kim-Jon-Um e Donald Trump são dois malucos.

– Daí pode sair qualquer coisa. É difícil opinar sobre a possibilidade de uma guerra nuclear. Já a independência da Catalunha é uma proposta ridícula…

Torcedor do Atlético Clube Goianiense e do Botafogo do Rio, Demóstenes Xavier Torres analisa que a esquerda e a centro-esquerda estão em baixa na América Latina: Brasil, Chile, Argentina, Paraguai, Honduras e Venezuela. Nas horas vagas, quando não está despachando em seu gabi­nete no MP [GO], ouve discos antigos. Entre eles, Pescador de Pérolas, de Ney Matogrosso.

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .