O presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), Jayme Rincón, prometeu grandes revelações na CPMI, e até agora… Nada!
O porta voz do governador Marconi Perillo preferiu o silêncio que a produção de provas contra si mesmo – ou contra o governo no qual trabalha, já que as últimas declarações dos integrantes da atual administração foram desconstruídas por novas informações divulgadas na mídia. A justificativa, diga-se, é dele próprio, via advogado.
Para quem chegou a ameaçar a deputada federal Iris Araújo (PMDB) com um depoimento que era para ser demolidor, o habeas corpus foi uma estrepitosa decepção.
“Ela não perde por esperar”, disse outrora o governista, em tom de quem tem o controle da situação e está pronto, como se diz, pra botar pra quebrar.
E aí?
“Ainda estamos todos (os goianos) esperando.” Foi a resposta da peemedebista. Em tom de quem diz: uai, cadê a valentia?
Na política – e na vida – é assim: quem fala o que quer…
Rincón, que tanto criticou a deputada, agora assiste calado à retaliação por sua atitude. “É lamentável a postura adotada pelos depoentes. Há muito para ser dito. Muitas são as questões que precisam ser esclarecidas. Com o silêncio, eles prestam um desserviço ao país”, comentou uma dona Iris cheia de razão diante de um Rincón sem palavras.
O curioso dessa situação toda é que quem lançou o duelo foi o próprio Jayme Rincón.
Após ser citado pela deputada em uma de suas entrevistas, o presidente se pronunciou, em material que saiu no blog do jornalista Jarbas Rodrigues, afirmando que iria à CPMI apresentar denúncias contra o grupo de apoio da parlamentar goiana. Dona Iris, por sua vez, procurou o então presidente da Comissão para informá-lo do episódio. Foi um momento quente, que prenunciou outros mais quentes ainda. Mas…
Rincón foi convocado, porém não compareceu, por duas vezes, ao plenário. Seu advogado justificou a ausência com um atestado médico que afirmava fragilidade em seu estado de saúde, embora, por outro lado, o presidente jamais tenha interrompido seus trabalhos na Agetop. “Não podemos entender que ele apresente atestado e continue no exercício pleno de suas funções lá na Agência. Fico imaginando que, se acontecer alguma coisa ao senhor Jayme Rincón no exercício dessas funções, o Estado pode ser responsabilizado e, ao mesmo tempo, fica uma secretaria tão importante como essa, também deficiente”, alfinetou, na época, a peemedebista.
Na última quarta-feira, 22, o secretário chegou a Brasília com a autorização judicial para permanecer em silêncio. Silêncio, Rincón? Sim, silêncio. Um silêncio que provocou barulho, principalmente de Dona Iris.
Ele também é investigado e suspeito de ter se beneficiado com o esquema liderado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Entre as apreensões feitas pela Polícia Federal, foi pego o computador de Vladimir Garcez. Na máquina, estavam arquivos com minutas de editais de licitações a serem realizadas pela Agetop.
O fato é que, depois das bravatas de Rincón e de todo o alarido dos governistas contra a deputada, foi ela quem falou por último.
“O senhor Jayme Rincón bravateou aos quatro cantos que viria e falaria aos membros da CPMI. Fiquei feliz com a informação, pois a grande maioria vem e nada diz. Acreditei que ele iria falar. Estava esperando que revelasse o teor das ameaças que fez à minha pessoa, dizendo que eu não perderia por esperar. Então, fiquei esperando.”
Falou e disse Dona Iris.
Veja a nota divulgada na coluna Giro, do jornal O Popular, no último dia 28 de junho
GIRO
Jayme Rincón e Iris de Araújo prometem duelo goiano na CPMI
Jayme Rincón, presidente da Agetop, diz que deporá na CPI do Cachoeira sem habeas-corpus para ficar em silêncio. “Vou lá para falar, não da casa do governador, mas dos contratos das prefeituras de Goiânia, Anápolis e Catalão com a Delta e a Qualix”, diz Rincón, numa referência às administrações do PMDB e PT. Ele afirma que seu atestado médico apenas o recomenda a reduzir carga de trabalho e evitar “estresse elevado”. “Participar de inauguração de obras da Agetop é algo prazeroso, sem estresse. Mas não vou, cancelei minha agenda externa”, frisa. A deputada Iris de Araújo (PMDB) diz esperar que Rincón vá depor sem habeas-corpus ou atestado médico. “Que venha falar tudo, responder todas as perguntas pois tem muito o que explicar. Mas se ele ameaçar algum parlamentar da CPMI poderá sair daqui conduzido pela PF”, afirma. Rincón rebate: “Não faço ameaças, não sou coronel como o marido da deputada (Iris Rezende).”
A ameaça
Ontem Jayme Rincón (Agetop) disse que ia depor na CPMI do Cachoeira e que a deputada Iris de Araújo (PMDB) não perdia por esperar. A peemedebista e o vice-presidente da CPMI, o deputado Paulo Teixeira (PT), entenderam isso como ameaça.