15 de novembro de 2024
Lênia Soares

Discurso de Marconi Perillo briga com a realidade

Os assessores do governador Marconi Perillo (PSDB) – e o próprio – bem que tentam mostrar o que de bom o governo tem feito por Goiás. Com muita propaganda, discurso e repetição de notícias parciais, lutam pelo “parecer”. O maior obstáculo, porém, tem sido a (única) oposição contundente e implacável existente neste Estado: a realidade.

Assim é que, na comunicação, o Governo apresenta-se como uma maravilha; na prática…Na prática as estradas perfeitas estão cheias de buracos, a segurança é insegura, a educação patina e, logo se vê, por aí vai.

Na prática, o problema são os dois lados da mesma moeda.

O intuito é eficaz. Maquiavélico: “Todos veem aquilo que tu aparentas, poucos sentem aquilo que tu és.” E dinheiro não falta: para gerenciar a crise e vender o ‘produto’, vale tudo, e tudo é gasto – ou investido, segundo a versão governista.

Mas é preciso encontrar um norte.

Pois, desnorteado, Marconi tece mil e um elogios à presidente Dilma Rousseff (PT), afirmando manter um “ótimo” relacionamento com a petista.

Enquanto isso, nas redes sociais, um de seus principais assessores critica duramente a gestão do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), afetando – quer queira, quer não – a própria Dilma. (Confira nas imagens abaixo). E critica a própria presidente, indiretamente, repercutindo toda e qualquer informação negativa contra ela e o PT.A questão que fica: trata-se de uma orientação do governador? Do tipo, eu elogio e você, meu assessor, bate?

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Ou o assessor age por contra própria, estabelecendo uma crise desnecessária ao governador contra a presidente? Quanto ao prefeito, precisa salientar que possui trânsito direto na Presidência?

Em uma ordem de proximidade com o Planalto Central, Paulo está anos luz à frente do governador. A começar pelo partido, indo ao péssimo histórico com Lula, antecessor e responsável pela eleição da presidente.

Embalado, o governador também queixa-se de dificuldade no relacionamento com a Prefeitura de Goiânia, ocasionado pela resistência do próprio prefeito.

A justificativa teórica é a Saneago.

Paulo quer criar uma comissão técnica para analisar o contrato de concessão estabelecido com o Estado para o gerenciamento dos serviços de fornecimento de água e esgoto na Capital.

Ousado?

E qual a definição para atitude do governador que, ao decidir lançar o VLT como medida de recuperação do governo, atropelou a autoridade municipal, esquecendo de incluir a prefeitura na elaboração de um projeto que causará inúmeros transtornos e grandes intervenções na capital?

Marconi Perillo pensou e lançou uma proposta para Goiânia sem sequer consultar Paulo Garcia. Fato.

Um governador democrático? Sim, dentro do conceito milloriano em que democracia é quando eu mando, e ditadura, quando sou mandado.

E mais:

O tucano jacta-se de rodovias impecáveis e de um programa, o Rodovida, que deveria revolucionar a história da pavimentação asfáltica de Goiás.

Por outro lado, faz um empréstimo bilionário no Banco Nacional do Desenvolvimento para recapeamento (leia-se aqui: tapa-buraco) das… Mesmas rodovias que, por sinal, demonstram a necessidade de um refazimento total. Confirmem quem percorreu pelas GOs 215, 154,…

Sim, mesmas estradas que, embora ruins a olhos vistos e motores quebrados, aparecem tão boas na propaganda, propaganda, propaganda…

Há ainda um discurso infindo sobre o saldo positivo da economia. “Avança Goiás! O Estado cresceu nos segmentos de indústria, agropecuária e serviços…”. Identificam?

Peça publicitária exibida em cada intervalo comercial das principais programações da TV.
A realidade?
Tivemos uma queda de 14,7% na produção industrial do Estado. A maior queda do País, segundo dados do IBGE.
Os números repercutem nos demais segmentos econômicos, podendo puxar o PIB goiano às margens do desenvolvimento.
Outros tantos pontos que não batem com a realidade podem ser elencados. (E as promessas não cumpridas de Marconi Perillo, destacadas e anotadas aqui no DG em longa reportagem?
Basta pôr sentido – como se diz em Goiás.
Basta ouvir ou ver o que o governo diz e comparar com a realidade.
Entre o discurso e a prática há um abismo que engole os resquícios deste velho Tempo Novo.
Não há propaganda que dê jeito na mentira quando a realidade anda tão escancarada.
 
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