Está difícil enxergar uma luz no fim do túnel para o DEM em Goiás. O saldo dos últimos meses tem sido negativo para os conservadores. Primeiro, a criação do PSD, unindo os descontentes e minguando, consequentemente, o partido de Ronaldo Caiado. Segundo, as eleições municipais, com bons resultados – considerando o terceiro lugar do candidato apoiado pelo partido na Capital, mas não tão bons a ponto de concretizar uma alternativa para 2014.
O presidente do partido até tentou. Acenou para um novo eixo, compondo uma terceira via em Goiás, teoricamente de oposição. Ao lado de Vanderlan Cardoso (atualmente sem partido) e Jorcelino Braga (PRP), Ronaldo Caiado apoiou o lançamento de Simeyzon Silveira (PSC) à Prefeitura de Goiânia, colocando Rafael Rahif (DEM) na vice. O vereador jovem e pouco conhecido chegou em terceiro lugar nas urnas. Fez bonito, mas não o suficiente para ser eleito.
Apesar do crescimento surpreendente de Simeyzon no pleito, a terceira via não ficou consolidada. Para enfrentar Iris Rezende (PMDB) e Marconi Perillo (PSDB) é preciso mais. Mesmo que os velhos adversários não se encontrem diretamente nas eleições estaduais, serão sempre os líderes desta batalha – direta ou indiretamente. Há muita estrada pela frente.
Além dos conflitos externos, o DEM sofre ainda com uma queda de braço velada entre Caiado e José Éliton. O primeiro tem dificuldades para compor com o governador tucano, com quem teve inúmeros conflitos nos últimos anos. Mas como romper com uma gestão ocupando o cargo de vice-governador? Ainda mais considerando-se que este cargo foi uma das raras concessões de Caiado a Marconi, como forma pragmática de manter o DEM na chapa tucana em 2010 e viabilizar sua própria candidatura e de outros democratas ao Legislativo? Eis a questão.
Quanto a Éliton, está claro que ele alimenta a expectativa de ser o nome do governador para a próxima disputa, ou de se manter na vice caso Marconi decida disputar a reeleição. No entanto, como vice, o democrata não conseguiu eleger o pai em Posse, no norte goiano. Neste caso, qual é mesmo o cacife de Éliton hoje?
Do outro lado, o PT e o PMDB articulam para destruir definitivamente esta ideia de novo eixo e atrair Vanderlan de volta. Afinal, não se pode brincar com aproximadamente 500 mil votos e com o grande potencial investidor do empresário. Para por fim na era Marconi, é preciso união. Os petistas parecem ter entendido a lição e articulam com ex-prefeito de Senador Canedo.
Sem Vanderlan e o novo Eixo, o cenário é incerto para Caiado. Algumas opções:
1) Abaixar a cabeça e continuar com Marconi, para eleger deputados pelo DEM – independente de sustentar o vice na chapa ou de o candidato ao governo do tucano ser outro que não Éliton;
2) lançar candidato próprio ao governo;
3) Mudar radicalmente a trajetória e seguir com Iris Rezende, mesmo que compondo uma base petista, totalmente contrária a seu estilo político.
Caiado conversa e aguarda para tomar uma decisão. Ele observa o tabuleiro. O jogo é de xadrez, e depende ainda de lances nacionais.
A crise em Goiás não é caso isolado. Ela reflete a situação nacional do partido. O DEM segue ritmo de queda vertiginosa. A agonia do ex-PFL pode ser acentuada nacionalmente se ACM Neto for derrotado por Humberto Pelegrino (PT) em Salvador, o que parece certo, a se confiar nas pesquisas.
Em 2000, a legenda que ocupava a vice-presidência da República elegeu 1028 prefeitos. Agora, elegeu 274 prefeitos e é o 9º partido em termos de representatividade nos municípios. O DEM conseguiu êxito eleitoral em apenas uma capital, Aracaju, com a eleição de João Alves Filho.
Como naquela batida argumentação política que funciona como guarda-chuva, é o caso de se dizer: o futuro do DEM, a Deus pertence. E o de Caiado… É esperar para ver.
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