19 de novembro de 2024
Entrevista

Da comédia stand-up à música popular, Prefeitura de Goiânia aposta na cultura para retomar ‘normalidade’

Artistas ainda passam por certas dificuldades, mas já veem dias melhores para o setor
Retomada cultural em Goiânia será um marco para convivência entre a população (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Goiânia)
Retomada cultural em Goiânia será um marco para convivência entre a população (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Goiânia)

O secretário de Cultura de Goiânia, Zander Fábio, no cargo há pouco mais de um ano, diz não ter dúvidas de que a retomada da convivência entre as pessoas se dará pelos eventos culturais. Não à toa, a Prefeitura da capital quer fomentar um calendário cheio de atividades em 2022 passando pelo primeiro Festival de Comédia e Stand-Up, os tradicionais Chorinho, Canto de Ouro e Goiânia Em Cena, além de ações descentralizadas em Parques e Praças para estimular cultura aos goianienses.

Quando a pandemia do novo coronavírus foi decretada em março de 2020, os artistas talvez sequer imaginassem que iriam ver seus trabalhos restritos por aproximadamente dois anos. Com intermináveis meses em meio a um contágio descontrolado, a vacinação acelerada, hoje, o setor cultural e de eventos são vistos como principais responsáveis pela retomada à normalidade num mundo onde a Covid-19 dá sinais de arrefecimento.

Fábio mesmo, teve dificuldades quando assumiu o cargo em abril do ano passado. Em um cenário de descontrole pandêmico e com vacinação engatinhando, era difícil pensar em eventos para mais de quinze pessoas. O setor cultural e a classe artista clamava por ajuda já que estavam há mais de doze meses parados. Foi necessário criatividade para encontrar saídas. 

“A maneira que nós encontramos em uma parceria com o terceiro setor, com o Sesc, a gente poder fazer o programa Clarque onde pegamos seiscentos artistas e eles foram fomentados com até dois mil reais para ter um afago num momento dificil”, rememora durante a entrevista com o Diário de Goiás

“Logo após isso conseguimos fazer o remanescente da Aldir Blanc que era quatro milhões de reais. Nós conseguimos contemplar setecentos e oitenta artistas com prêmios de 10 mil reais para que eles pudessem fazer lá sua live, montar sua peça de Teatro e agora com prêmios de sessenta mil reais cerca de 400 artistas com a Lei de Incentivo Municipal 2021 que vamos pagar em 2022”, salientou.

Até hoje muitos artistas ainda encontram dificuldades em se recolocar no mercado. “Eles pedem a oportunidade de trabalho para exercer sua arte e nós fizemos isso mesmo de forma tímida porque nós não tínhamos as ferramentas. Eu estou aqui há exatamente um ano. São doze meses e num período de pandemia, onde colocar um músico num bar era muito dificil”, pontuou Zander.

Mas o cenário aos poucos está mudando e tanto a Secretaria de Cultura, a Prefeitura de Goiânia e o terceiro setor já vislumbram dias melhores para a categoria. O próprio Carnaval fora de época em meio a abril já foi um sucesso. “Desde 2014 não acontecia o fomento da Prefeitura com relação ao carnaval de Rua e fizemos esse ano de forma descentralizada, uma determinação do prefeito Rogério Cruz. Nós levamos a sete regiões de Goiânia o carnaval de rua, incluindo o sábado e domingo, o bloco da diversidade que pela primeira vez teve espaço e a Prefeitura pôde fomentar um recurso para que eles se organizassem e foi um sucesso muito grande”, explicou.

Zander Fábio concedeu entrevista ao Diário de Goiás. Foto: Reprodução/Facebook

Calendário cheio de atividades

Se houveram dois longos anos de espera, aguarde pois a partir de agora, a tendência é um calendário em 2022 cheio de atividades, para quem gosta de comédia, de música e de entretenimento. “Neste mês mesmo vamos ter o Teatro Popular que foi um sucesso ano passado e teremos quinze dias de festival no Teatro Cine Ouro e aqui na Casa de Vidro. Apresentações de Teatro Popular. Teremos o primeiro festival de Humor e Stand-Up do Brasil promovido por uma Prefeitura com nomes da nossa cidade e renomados dessa cena. É a Cultura do Riso que irá promover, nós teremos essa parceria com nosso banco de artistas. Enfim, nós teremos artistas que serão apresentados no momento oportuno”, explica.

Se a pandemia nos ensinou a explorar lugares abertos, isso deverá se manter por um bom tempo. Um dos planejamentos da Prefeitura é explorar os muitos Parques e Praças que a nossa capital possuí para apresentações musicais para agradar gregos e troianos – do gospel ao hip hop.

“Nós teremos o Tablado nos Parques que vai começar como uma espécie de virada cultural, uma vez por mês, num sábado e domingo, num parque da cidade e aí cada vez mês são dez edições nesse ínicio, em todas as regiões. Não vamos centralizar nos parques centrais. Teremos além do Vaca Brava e no Parque Flamboyant mas também teremos no Parque do Goiânia 2, no Cascavel, no Jardim Nova Esperança, onde teremos no sábado e domingo um palco específico para apresentações musicais e também de teatro com atrações desde o gospel ao hip hop”, pontua.

Sextou com muita cultura

Na esteira de programações culturais da prefeitura está o fomento para os artistas de rua e a institucionalização de seus serviços. Afinal de contas, existem talentosos malabaristas, artistas circenses e músicos por aí nos sinaleiros e esquinas da capital. É preciso olhar com carinho para essa categoria da cultura. 

“Nós começaremos um programa muito importante que vai chamar Sexta Cultural, onde vamos fomentar os artistas de rua de Goiânia a fazerem apresentações no sinaleiro. Vamos pegar dez artistas e fazer por região. Por exemplo: na região noroeste em dez pontos específicos, um sinaleiro, onde a Prefeitura vai dar a oportunidade das pessoas ajudarem essas pessoas mas a Prefeitura também vai pagar um cachê para que ele fique ali por um determinado período”, destaca. “Em Nova York por exemplo, tem um artista dentro do metrô, tocando guitarra, fazendo uma apresentação circense e ele tá lá com o chapeuzinho no chão e as pessoas dão 5, 10 dólares… Mas a Prefeitura dá 150, 200 dólares para ele passar o dia tocando para a população”, pontua.

Calçada da Fama, Casa da Música e Streaming para a cultura goianiense

Zander quer no Centro Cultural Antônio Poteiro, onde a Secretaria de Cultura hoje funciona, abrigue também a Casa da Música e a Calçada da Fama para os artistas goianienses. Não apenas. Pretende criar naquele espaço um estúdio para que os artistas possam produzir suas obras, músicas e projetos. Além disso, a veiculação por meio de uma plataforma online para impulsionar o trabalho daqueles que querem catapultar suas ideias.

“Os músicos aqui da nossa capital e do nosso estado e consequentemente criaremos um espaço com o estúdio para que as pessoas possam gravar suas fitas demo, fazer suas gravações e essa plataforma digital onde a gente vai poder contemplar através de agendamentos para que tenha esse espaço e independente, espero que nunca mais volte essa necessidade de ficar em casa, com tudo fechado, a gente dependa das lives, mas a live é uma ferramenta que se tornou importante”, destaca. 

“Se é que teve uma parte boa na pandemia, foi essa questão das pessoas irem em pequenos grupos para as casas e confraternizaram assistindo algum show ao vivo em suas residências. Tem quase tudo pronto para fazer esse edital e chamamento desses artistas.”

Por isso, um edital para cadastramento de artistas será feito em breve para desburocratizar e facilitar o acesso a classe artistica. “Nós faremos, para que poder realizar todos os eventos sem ter que fazer edital para cada evento porque demanda tempo e despesas financeiras, nós faremos um cadastramento municipal dos nossos artistas e através desse cadastramento a gente pode contratar esses artistas para fazer desde eventos institucionais até os programas que a gente tem dentro da Prefeitura. Então, se enquadraria aí, porque esse quadro de artistas não é só para o artista que é para o produto-fim, não é só o cantor, o ator, é para produtores, cenografia, para todo aqueles que promovem a arte e estão aptos para contratar com o município”, pontua.

Palácio da Cultura: Conquista para a classe

Muito comemorada pela classe cultural, o Palácio da Cultura será um dos maiores feitos que o prefeito Rogério Cruz deixaria para Goiânia em sua gestão. “Tem políticos que ficam com suas marcas. Iris Rezende deixou sua marca na habitação, com seus inúmeros mutirões. Rogério Cruz tem a chance de deixar a marca dele na Cultura transformando aquele prédio da Alego no Palácio da Cultura. É uma conquista para todos nós”, destaca.

A entrega por parte da Alego ainda depende de algumas questões. “Mas já falei com o Lissauer, sempre muito solicito”, destaca Zander. “Pequenas adaptações no Plenário, por exemplo. Tirar alguns móveis para que possamos fazer a colocação da Orquestra Sinfônica lá. Os gabinetes, onde a gente vai poder usar lá para dar aulas de músicas, de artes cênicas, artes visuais”, pontua.

Sobre algumas críticas que ele e o prefeito receberam sobre a destinação do prédio, Zander disse que tudo passa por planejamento e organização como a pasta tem feito. “Tudo isso é plenamente plausível, nós vamos fazer uma economia de quase 300 mil reais. Na verdade, as pessoas estão achando que a sede da secretaria da Cultura vai para lá. Não é só isso. A secretaria de Cultura, a sede e o secretário vão estar lá para gerenciar todo o Palácio da Cultura mas o importante disso tudo são os setores culturais. associações do terceiro setor que vão poder ir para lá. Acho que foi uma das decisões mais acertadas do prefeito Rogério Cruz”, destaca.

Ele reforça a tese de que o Palácio da Cultura é um marco para a revitalização do centro da cidade. “A revitalização do centro passava pela votação do plano diretor e também pela cultura naquele local, fazer daquele parque um lugar de grande entretenimento cultural, fazer um local de grande entretenimento cultural, onde o terceiro setor pudesse e já tá acontecendo isso, a secretaria de Cultura está sendo procurada por várias fundações que tem recursos financeiros e que querem aportar esses recursos nas ações que estamos fazendo na Prefeitura”, conclui.


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