No dia 7, terça-feira, o combinado entre os 16 deputados oposicionistas era: algum deputado do PT ou do PMDB seria o primeiro inscrito na ordem do dia a apresentar o requerimento, já com as 16 assinaturas, pedindo a instalação da CPI dos Grampos na Assembleia Legislativa.
Já havia a preferência pelo PMDB, por ser maior bancada, e o deputado que apresentaria seria provavelmente Daniel Vilela. Por volta das 14 horas, uma hora antes do início da sessão ordinária, os peemedebistas Samuel Belchior (presidente estadual do partido) e Bruno Peixoto (líder do partido na Assembleia) mudaram o rumo de tudo. Os dois (Bruno e Samuel) escalaram o controverso Paulo Cezar Martins para apresentar o requerimento.
O mesmo Paulo Cezar que havia retirado sua assinatura, na surdina, de outras CPIs pedidas pela oposição dois meses antes. O mesmo Paulo Cezar que votou na Assembleia contra o pedido do STJ para processar o governador Marconi Perillo.
Paulo Cezar enrolou e não foi o primeiro inscrito na Ordem do Dia, como combinado. Resultado: Marcos Martins (PSDB) apresentou, antes da oposição, um requerimento pedindo a instalação da CPI dos Grampos. E Paulo Cezar Martins, atrasado, apresentou o requerimento da oposição.
Como é de conhecimento de Paulo Cezar e de todos os deputados da Casa, o requerimento que vale, em caso de duas CPIs com o mesmo tema, é o primeiro apresentado. Portanto, a CPI a ser instalada é a pedida pelos deputados marconistas.
O caso, acima resumido, só mostra que ainda há muitos na oposição com comportamentos estranhos. No mesmo dia, Paulo Cezar Martins e Bruno Peixoto foram vistos saindo da Assembleia acompanhados do tucano Helder Valin, presidente da Casa.
O resultado é que, em 2014, o PMDB irá para a eleição para governador com um presidente estadual que joga mais contra do que a favor do partido (e que já disse apostar em uma “oposição silenciosa”) e com um líder na Assembleia cujo último interesse é ser de fato oposição.
Por isso, mesmo com a popularidade em baixa, o governador Marconi Perillo (PSDB) ainda alimenta alguma esperança de vitória em 2014. Não por méritos pessoais ou de seu governo, mas porque conta com um aliado respeitável: a oposição, que até hoje ainda não existe em Goiás.