Vai daqui, vai dali e a gestão do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) esbarra num ponto: o descuido com Goiânia. Essa a ideia que passa quando se vê o estrago promovido pelas chuvas das últimas semanas antecedido da comemoração, pelo próprio prefeito, de elevados investimentos da prefeitura no que deveria ser o perfeito escoamento das águas. As palavras do prefeito de que esse problema da cidade está a caminho de ser resolvido soaram como promessa – como se viu, ainda não cumprida. Ademais, cria um problema político com a acusação de que os prefeitos dos últimos 40 anos não investiram em drenagem (Iris Rezende; Paulo Garcia; Pedro Wilson; Nion Albernaz; Darci Accorsi; Daniel Antônio).
A frustração é um facão cruel na imagem de um político e tem efeito devastador. Quando ele frustra a população, alimenta sentimento negativo, decepção em elevado grau, desconfiança, desejo de que passe logo. O básico em uma gestão competente é a limpeza da cidade, a ação da prefeitura, a pactuação responsável entre gestor e população – obra lançada, obra em andamento, obra concluída, por exemplo -, o zelo com o orçamento público, a transparência. Exatamente o que todas as pesquisas quali tem indicado. Ou as do Paço são diferentes?
Nas pesquisas quantitativas as quais o Diário de Goiás acompanha com o Grupom, conduzidas por Mário Neto e Mário Filho, para análise dos bastidores do processo político em Goiânia, o sentimento do eleitor em relação ao prefeito e à cidade é preocupante para o gestor.
Os maiores veículos de comunicação de uma gestão são o gestor e os resultados de seu comando. São as chamadas “entregas”, como já o disse o prefeito Rogério Cruz. O que o líder fala tem peso maior que qualquer rede social. O que a população enxerga é que estabelece a percepção do que está sendo feito. E para os moradores da cidade a matemática eleitoral é simples: está bom, não está bom; me atende, não atende; voto, não voto; confio, não confio. Não é preciso marqueteiro para dizer o básico: quem perde (re)eleição é o candidato.
O tempo para Rogério Cruz está acabando. Porque esta gestão termina inexoravelmente dia 31 de dezembro. Depois disso, ou ele vai para casa ou inicia outro mandato. Mas para a segunda opção prevalecer, é preciso mais do que a vontade e o discurso de que vai dar certo. Ele precisa mostrar na prática ser merecedor de um segundo tempo, ou uma segunda chance. Foco é o principal aliado nessa hora. Assim como o caos da falta de governança e liderança são os maiores adversários.
Rogério Cruz está por um prego. E cada dia mais perto do seu fim dos tempos. Talvez tenha um milagre na manga da camisa. Vai precisar para o período que resta. Reeleição com tal sentimento do eleitor sobre a cidade e o gestor é de uma dificuldade imensa. Mas, milagres acontecem.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .