27 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 22/04/2022 às 19:00

O reservatório é intocável

Após enxurradas de críticas e desconfiança até do setor empresarial, o Governo de Goiás decidiu não avançar no projeto que poderia transformar o reservatório João Leite num parque para lazer aquático
(Foto: Divulgação/Governo de Goiás)
(Foto: Divulgação/Governo de Goiás)

Sem que houvesse um defensor para o projeto e debaixo de várias críticas, o Governo de Goiás anunciou nesta sexta-feira (22/04) que não vai avançar no debate para uso recreativo ao Reservatório João Leite e Parque Altamira Moura Pacheco, principais responsáveis para o abastecimento de água para consumo de parcela significativa da população que vive na Região Metropolitana de Goiânia. Até mesmo, representantes do setor empresarial e imobiliário viram o projeto com desconfiança. O lugar que abastece a água de nossos lares é mesmo intocável.

“Eu penso que a gente pode e deve, ali sim, criar umas parcerias públicas-privadas, mas sempre nesse sentido e nunca esquecer, nesse sentido do desenvolvimento sustentável, nunca esquecer, que nosso reservatório não é piscina, é caixa-d’água. E que tudo que for fazer ali, a preservação da água ali tem de ser em primeiro lugar”, disse o presidente do Sindicato dos Condomínios e Imobiliárias de Goiás (SecoviGoiás), Antônio Carlos Costa, em entrevista concedida a mim, na manhã desta sexta-feira (22/04).

Não foi a primeira vez que Antônio Carlos havia se manifestado da mesma forma sobre o assunto. Na terça-feira (19/04), o empresário havia pontuado ao editor do Diário de Goiás, Domingos Ketelbey, que via com apreensão o projeto. Aliás, os empresários do setor imobiliário sequer haviam sido convidados pela Semad para debruçar sobre o texto. “O Secovi-Go não conhece nenhuma proposta daquilo que está sendo desenvolvido. A gente precisaria olhar a proposta para interpretar e saber como se posicionar perante essa nova proposta de ocupação ou não ocupação da barragem”, destacou.

Hoje, foi ainda mais contundente. “Nós não podemos confundir caixa d’água com piscina. A ocupação responsável é fundamental para a gente poder manter a nossa caixa d’água. A nossa água é intocável”, disparou. Não há o que se pensar em usar as caixas d’águas de nossas residências de forma recreativa. Em caixa d’água não se brinca. Era uma ideia inadmissível e que não ganhou corpo nem adesão. Seja como for, o governador Ronaldo Caiado (UB) e os técnicos da Semad entenderam o recado: A nossa água é intocável.

Ideias para fomentar a cultura e educação do meio-ambiente

Antônio pontuou que o debate deve ser amadurecido. Não para a exploração imobiliária mas para um incentivo a cultura e educação do meio-ambiente em alguns espaços que apesar de serem próximos ao reservatório, não impactariam na água que abastesce as casas .

A ideia de se criar um “Inhotim de Goiânia” deverá ser apresentada em breve à Semd. “Nós não somos a favor de fazer empreendimentos imobiliários naquela região, de forma alguma. Somos a favor de uma ocupação destinada ao turismo, ao lazer. Tem um projeto que o dr. Mauro Miranda lutou muito junto com o Washington Novaes, no qual eu participei junto com o sonho dos dois, quando o Washington era vivo. Criar ali naquela região o Inhotim de Goiânia”, pontua.

Mas o que seria isso? “O Inhotim para quem não conhece é um projeto de um parque ambiental em Brumadinho, ali dentro da região metropolitana de Belo Horizonte voltada para o ecoturismo e no caso de Goiânia, estavamos pensando criar um parque voltado para o eco-turismo, e um parque zoobotânico para que pudessemos criar de fato, um parque zoobotânico, para que pudéssemos ter um local voltado para a pesquisa, junto com a Universidade. Pesquisa dos animais da nossa fauna primitiva, não-exótica, criando ambientes virtuais dentro de um parque temático da fauna exótica que hoje fica dentro de um zoológico totalmente ultrapassado”, destacou.

No fim, todos ganham com essa ideia. “Podíamos estar substituindo uma coisa pela outra. Acabaríamos com o Zoológico nas condições que é hoje, traria para dentro do Parque Zoobotânico que teria uma destinação, principalmente voltado para a cultura e educação ambiental.”

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .