29 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 20/06/2019 às 12:19

Com prejuízo, Metrobus desiste do eixo extendido até Trindade e Senador Canedo

Em ofício encaminhado no dia 31 de maio passado, à Companhia Metropolitana do Transporte Coletivo (CMTC), a METROBUS comunicou desistência da operação do Eixo Anhanguera até Trindade e Senador Canedo. A empresa alega que opera com prejuízo e que o percentual recebido por ela para transportar os passagerios não é suficiente para cobrir os custos.

O documento que o Diário de Goiás teve acesso, assinado pelo presidente empresa de transporte, Paulo Reis, e recebido por Benjamin Kennedy, presidente da CMTC, indica que as empresas Rápido Araguaia, Reunidas e Cootego vão incorporar o serviço. 

Além disso, Reis considera que no contrato de concessão do transporte coletivo não havia a previsão da operação da Metrobus no Eixo até as duas cidades.

Mas, o principal problema é a participação na receita. O eixo extendido (apelidado de susbistema anhanguera) começou com 75% da tarifa para a empresa do governo e 25% para as outras operadoras. No entanto, não foi cumprido.

Novo acordo operacional, colocou a participação da Metrobus em  47,296% e de 52,704% para as outras três operadoras. A imposição levou a empresa ao prejuízo.

Privatização
O comunicado do presidente Paulo Reis à CMTC, no entanto, é mais um ato de um processo já decidido entre o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, e o governador Ronaldo Caiado (DEM) para a privatização do Eixo Anhanguera. Em 15/03/19, a intenção já estava definida e o Diário de Goiás informava que o ato entro na prioridade da agenda dos dois gestores. 

Em, no dia 17/04/19, Rezende e Caiado assinaram um protocolo que iniciou o processo de privatização da Metrobus e devolução da concessão do eixo do Estado para a prefeitura de Goiânia. O documento aponta um prejuízo de R$2,5 milhões por mês. 

Sacrifício financeiro

No ofício, Reis prova que a empresa que dirige ganhou uma obrigação que extendeu o eixo de 13 para 70 Km, mas não teve acréscimo de receita. Só as empresas ganharam.

A receita da empresa foi de R$6.327.838,26 em janeiro de 2014 e de R$6.401.818,03 em janeiro de 2015. As despesas saltaram de R$3.522.923,74 para R$5.208.760,83 e foram aumentando a cada ano. A receita aumentou 1,15% enquanto a despesa foi ajusta em 32,36%.

 O documento lista ainda uma tentativa de acordo no início de 2018 com o antigo SETRANSP, Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo, que não foi bem sucedida.

O Diário de Goiás tentou contato com a assessoria da Metrobus, mas não conseguiu contato até a publicação da notícia e busca mais detalhes para informar sobre o fato decidido pela empresa.

Problema antigo

A equivocada decisão de extender o Eixo Anhanguera de 13 para 70 Km em 2014 é objeto de críticas e constações de que a operação inviabilizou a Metrobus. O fato foi anunciado por Marconi Perillo no calor da campanha eleitoral para a reeleição daquele ano. (Leia mais aquí: CDTC aprova extensão do Eixo Anhanguera e faz consulta ao TRE)

Mas, em 2018, último ano de seu mandato, constatava que a empresa não suportava mais o custo. “O Eixo Anhanguera precisa ser terceirizado ou que um consórcio seja realizado para que possa melhorar a eficiência. O governo gasta muito dinheiro todos os meses para manter o subsídio e para manter o Eixo Anhanguera”, dizia Marconi em 29 de janeiro de 2018, em entrevista ao Diário de Goiás. 

O alerta sobre o fato já foi feito diversas vezes pela promotora de Justiça, Leila Maria de Oliveira. “Antes ela (Metrobus) rodava 13 quilômetros somente dentro de Goiânia. Hoje, ela anda 70 quilômetros pelos mesmos dois reais. Então, qualquer um que olhe isso, sabe que a conta não fecha. Fica inviável manter essa empresa”, analisava ela em entrevista à Rádio Bons Ventos, em 27/03/19.

 

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .