Desde criança, sempre fui muito ligado à história. Gastava tempão sentado na calçada da igreja da praça ouvindo contadores de histórias. Histórias incríveis, de arrepiar os cabelos. E outras que provocavam risos incontroláveis. Sabia que não se tratava de histórias cem por cento verdadeiras, mas não tinha importância. Bastava que fossem bem contadas, com começo, meio e fim e impregnadas de humor e alto teor sentimental.
Cresci assim, observando e apreciando as histórias que os outros contavam. Descobri que cada pessoa contava uma história diferente. Aos poucos fui dando conta de que meus pais tinham a sua história e que eu também, apesar de muito novo, já tinha a minha história. Mais tarde, me veio a certeza de que cada ser humano escreve a sua própria história, segundo a concepção de vida adquirida ao longo do tempo.
Aprendi a observar o comportamento humano e a ter respeito pela história de cada um. Às vezes dá medo. Outras vezes, indignação. Nos tempos atuais, a título de bem informar a população, os meios de comunicação acabam priorizando histórias dramáticas, de abusos sexuais contra menores, de feminicídio, de latrocínios e de tantos outros descalabros praticados pelo homem.
Há também largos espaços na mídia para mostrar a forma como a natureza reage às irresponsabilidades perpetradas pela ação do homem, como enchentes, tempestades, terremotos, ciclones, tsunami e outros fenômenos. Isto também é história.
Sem contar os efeitos devastadores da guerra!… Na televisão, são exibidos agrupamentos de soldados, tanques majestosos, aviões e armas poderosas da inventividade humana. E o ser humano é caçado e exterminado sem piedade. São mostrados ainda os estrondos e o fogo vigoroso que nasce nos escombros e ganha os céus, deixando para trás cadáveres de inocentes filhos de Deus, inclusive de crianças e idosos.
Por falar em história, em notícias ruins e guerras, que se alastram pelo mundo afora, não se pode esquecer de que neste mês, janeiro, mais propriamente dia 20, os cristãos relembram e homenageiam o soldado romano Sebastião pela sua história de fé e determinação. Ele enfrentou o Império Romano e se tornou mártir cristão, tendo sido canonizado pela Igreja Católica com o título de São Sebastião.
Tratava-se de um profissional exemplar, chegando a ocupar o invejado posto de capitão da guarda pretoriana, em que era incumbido de zelar pela segurança da família do temido Diocleciano. Porém, sua vontade de servir o exército diminuía a cada momento, ao presenciar as atrocidades praticadas pelos militares contra os cristãos, a mando do governante.
Na condição de guarda imperial, tinha contato diário com prisioneiros condenados à morte e ficava cada vez mais comovido com a situação de cada um deles. Para tentar amenizar suas dores, Sebastião proferia palavras de esperança e conforto, conseguindo, com isto, a conversão de muitos deles ao cristianismo. Vários soldados também começaram a se interessar pelas palavras do colega e decidiram abraçar a sua fé, para se sentirem mais aliviados.
Tudo isto acontecia em pleno século III da era cristã, quando era proibido seguir os ensinamentos de Jesus Cristo. Com isto, não demorou muito e seus atos chegaram aos ouvidos dos poderosos de Roma, resultando no seu impiedoso martírio.
Primeiramente, o soldado Sebastião foi despido, amarrado a uma árvore e alvejado por muitas flechas. Depois de esperarem terminar o sofrimento do mártir, os algozes ouviram o que parecia ser o último suspiro do condenado e foram embora.
Recuperado do martírio, tempos depois o soldado Sebastião procurou o imperador e pediu o fim das perseguições aos cristãos. O Imperador não acreditava no que via e ouvia, e como castigo por tal petulância, mandou açoitá-lo com paus e bolas de ferro. Sebastião foi morto em 20 de janeiro de 288 d. C., e seu martírio foi assistido por uma enorme multidão, em Roma.
Não satisfeito, Diocleciano mandou que seu corpo fosse jogado nos esgotos de Roma, para que o militar não fosse venerado pela população. Porém, de nada adiantou. Seus restos mortais foram recuperados por seguidores e guardados nas catacumbas da cidade, ao lado das relíquias de São Pedro e São Paulo.
Sebastião foi canonizado por aclamação popular e ganhou do papa Caio o título de Defensor Glorioso da Igreja de Cristo. Ele virou um exemplo de coragem e amor ao próximo.
São Sebastião é homenageado em todo o Brasil, na data de 20 de janeiro. E no Rio, ostenta o título de Padroeiro do Rio de Janeiro.