15 de novembro de 2024
Lênia Soares

Cientista político acredita na volta reforçada das manifestações

Em entrevista ao jornal Brasil Econômico desta segunda-feira, 9, o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer antecipou, em sua análise do contexto da esfera pública, que os movimentos populares que marcaram o país no ano de 2013 devem voltar com mais intensidade às vésperas da campanha eleitoral.

 

“Metade do mundo estava olhando para o Brasil em 2013; em 2014, com 31 países jogando em 12 cidades diferentes, na véspera de iniciar a campanha eleitoral, o mundo inteiro estará de olho. Será um prato cheio para o país realmente arrebentar”, afirmou Fleischer.

Para o professor, as manifestações que estão por vir podem interferir, significativamente, nas urnas. “A sorte é que o Brasil tem uma oposição muito fraca”, acrescentou o analista ao ressaltar que a popularidade dos governantes poderá ir por ‘água abaixo’.

“Os políticos brasileiros, de forma generalizada, desaprenderam a fazer oposição, mas o eleitor está mais exigente”, é o que diz David Fleischer. A ascensão repentina da classe média também é um fator que poderá levar à mudança na atitude política e a presidente Dilma Rousseff (PT) já teria entendido o recado.

“A Dilma entendeu um pouco mais o clamor das ruas e logo propôs algumas mudanças na reforma política, mas o Congresso, que tem que tramitar e aprovar as propostas, não o fez.”

Para os que insistem no “velho jeito de fazer política” o cientista político deixa seu recado: “Com o eleitorado mais exigente, ele poderá olhar as propostas dos partidos e principalmente dos candidatos e tomar um pouco mais de cuidado na escolha. Existe uma tendência na vontade de renovação.”

Sobre o mensalão, Fleischer avalia que pesará menos contra a campanha de Dilma, do que as denúncias de desvios em licitações de São Paulo contra os tucanos.

“Dilma está mais ou menos confortável. Sobre o mensalão, ela já aconselhou os ‘aloprados’ que faziam manifestações em frente à Papuda, aumentando a repercussão do fato, a ficarem quietos. É o melhor a fazer. Quanto a oposição, é muito fraca. Eduardo Campos diz: ‘Tudo bem, Lula e Dilma fizeram coisas interessantes, nós vamos fazer melhor’, Aécio Neves nem isso consegue falar. E os tucanos estão com o rabo de fora para ser pisado com as denúncias, vão ficar calados.”

Fleischer refere-se às investigações do caso Alstom-Siemens como o ponto fraco do PSDB. A iniciativa do governador de São Paulo, Geraldo Alckimin (PSDB), de investigar o caso, para o professor, só piorou a situação.

Uma possível surpresa, em 2014, poderá ser o presidente do STF, Joaquim Barbosa, que, segundo o professor, tem um perfil “durão” que agrada o eleitor. 


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