08 de agosto de 2024
Lênia Soares

Campanha motivacional – Partidos antecipam disputa em busca de unidade

O processo de sucessão estadual já começou. A campanha que está em vigor, no entanto, é a motivacional. Líderes partidários antecipam a disputa na tentativa de entusiasmar os militantes. Uma ansiedade gerada pela incerteza. Ninguém é de ninguém. Todos têm chances. Sem qualquer definição, todos estão na briga e o primeiro round ainda não fechou seus resultados.

 

O governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), saiu na frente. Trocou os sapatos encharcados de ‘Cachoeira’ e foi para a disputa, mesmo dizendo que não foi. Colocou o nome na roda e convidou o velho adversário de guerra, Iris Rezende (PMDB) para a dança. Este, por sua vez, atendeu ao chamado. Subiu no palanque durante encontro do partido em Catalão, deu a ‘cara a tapa’ e, como de costume, levantou a plateia. Foi ovacionado. Aclamado como o próximo governador de Goiás.

O tucano se calou. Não comentou sobre os ataques do adversário ou, sequer, sobre a velha polarização. Como um bom estrategista, Marconi deixou que seus representantes tomassem as dores. Enquanto isso, ele andava por Goiás em fotos com cara de véspera de eleição.

Foram o vice-governador, José Éliton, e o presidente do Diretório Estadual do PSDB, Paulo de Jesus, que responderam Iris Rezende. Prova do sucesso motivacional. Resposta dada, jogo alimentado.

Distante um ano e meio das eleições, agora é hora de mostrar engajamento. Nada melhor para o vice-governador do que uma boa oportunidade de comprar uma briga em prol do seu líder político.

Sonhando em ser o próximo nome da base – as expectativas são mantidas internamente, já que as postulações são veladas –, Éliton sobe no ringue e ataca Iris Rezende. “A população está cansada do discurso deste coronel. É arrogante e oportunista com o eleitorado goiano”, declara em nota oficial. Coronel… Curiosamente, e exatamente, como Marconi tem sido chamado.

Paulo de Jesus vai além e lembra temas delicados. Retoma a história da venda de Cachoeira Dourada e da Caixego. Assuntos polêmicos, mas desconhecidos pela nova geração. Esta mesma geração que ganhou espaço nas ruas com as manifestações e avaliou Marconi Perillo como o segundo pior governador do país.

Águas passadas. E por falar em água, o presidente do PSDB lembrou o caso Delta. “Foi Iris quem trouxe a Delta para Goiânia durante seu mandato como prefeito, em 2010”, ressaltou o tucano. Delta? E o governo do Estado nunca fez obra com a Delta?

Os fatos mostram: todo assunto envolvendo o contraventor Carlos Cachoeira acaba respingando no próprio governador. Vale lembrar que as demissões dos funcionários e secretários ligados ao bicheiro, prometidas por Marconi em 2011, não foram cumpridas. Vide Alexandre Baldy… Além das histórias ainda não esclarecidas sobre venda da casa, chefe de gabinete, escutas telefônicas… Por aí vai.

O fato é que o jogo não vai se definir agora. Campanha extemporânea custa caro. O que é válido, no momento, é o incentivo. A confiança passada por nomes estabelecidos, como Iris e Marconi, de que ainda há perspectivas de poder. Mesmo que em situações complicadas para os dois lados. 

O governador luta contra os desastres da própria administração e segue em busca de uma marca. Sem qualquer slogan forte em dois anos, Marconi parece buscar o mérito de tocador de obras. Título de Iris Rezende. Estratégia delicada que pode se revelar desastrosa com o tempo.

Iris, do outro lado, luta contra os conflitos internos de sua base. Trabalha para a consolidação de chapas fortes com bons nomes para formar cabos eleitorais no próximo ano. “Precisamos de candidatos a deputados federais e estaduais. São estes nomes que vão definir os resultados de 2014”, explicou o ex-governador durante o encontro do PMDB em Catalão, no último sábado, 27.

E cada um usa a arma que tem. Iris, sua verve e, em certa medida, o dinheiro de Friboi. Marconi, a disposição dos meninos de recado de sua administração. Eles seguem para o embate. A polarização é inevitável. Direta ou indiretamente. O próprio Friboi e José Éliton vão de carona.

Como prenunciou  Paulo de Jesus: “Que venha a próxima batalha!” 


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