23 de dezembro de 2024
Destaque 3 • atualizado em 04/03/2020 às 05:38

Bolsonaro é fortemente criticado após compartilhar vídeo em apoio a manifestação

Presidente edita medida e decreto para unificar ações de combate ao coronavírus. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Presidente edita medida e decreto para unificar ações de combate ao coronavírus. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro sofreu várias críticas após compartilhar via WhatsApp um vídeo de apoio à manifestação marcada para o dia 15 de março, contra o Congresso Nacional.

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, teve uma das mais fortes reações. Ele divulgou nota dizendo que “essa gravíssima conclamação, se realmente confirmada, revela a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de Poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato de inequívoca hostilidade aos demais poderes da República traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!!”

O presidente do STF, Dias Toffoli, citou que “sociedades livres e desenvolvidas nunca prescindiram de instituições sólidas para manter sua integridade. Não existe democracia sem um Parlamento atuante, um Judiciário independente e um Executivo legitimado pelo voto. O Brasil não pode conviver com um clima de disputa permanente. A convivência harmônica entre todos constrói uma grande nação”, asseverou.

Além de reações de deputados e senadores diversos, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também se pronunciou. “Criar tensão institucional não ajuda em nada o país a evoluir. Somos nós, autoridades, que temos de dar o exemplo de respeito às instituições e à ordem constitucional. O Brasil precisa de paz e responsabilidade para progredir. Só a democracia é capaz de absorver sem violência as diferenças da sociedade e unir a Nação pelo diálogo. Acima de tudo e de todos está o respeito às instituições democráticas”, pontuou.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou o Twitter para expressar sua crítica a Bolsonaro. “A ser verdade, como parece, que o próprio PR (presidente da República) tuitou convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto de tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, disse.

Presidente se pronuncia

Após a repercussão da notícia do compartilhamento do vídeo, Bolsonaro foi ao Twitter e disse que tem “algumas poucas dezenas de amigos” no WhatsApp. O presidente disse que troca mensagens “de cunho pessoal” e completa: “qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”.

Mais tarde, durante uma live, Bolsonaro mudou a versão e disse que o vídeo compartilhado era de 2015. No entanto, o vídeo mostra a facada que ele levou durante a campanha para a presidência, em 2018. “Tem um (vídeo) de 2015, que, por coincidência, no 15 de março houve um movimento, que foi num domingo”.


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