09 de agosto de 2024
Lênia Soares

As espertezas de Marconi já não enganam mais ninguém

“Não há como ganhar na cobertura de um escândalo. A única maneira de sair vivo é falar a verdade, aguentar o tranco e avançar.”

Palavras do grande marqueteiro norte americano Dick Morris. Em O Novo Príncipe, Morris, que foi coordenador da campanha eleitoral de Bill Clinton em 2006, resumiu o desastre da estratégia política (ou falta dela) do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Outra citação importante: “Mentira tem pernas curtas.” Desta vez desconheço o verdadeiro autor, mas ouvi inúmeras vezes da minha mãe. Sábia!

Prova disso: o governador mentiu. Mentiu e foi desmentido. Mentiu e está desmoralizado. Suas espertezas já não enganam mais ninguém.

A história dá conta dos fatos. Está lá, em O Novo Príncipe e nas páginas dos jornais.

De nada serve a tentativa de suturar o escândalo com uma negação reativa. Outras afirmações virão para desmoralizar a defesa. Fatos novos alimentam a imprensa e não se compra a imprensa de todo país.

“Uma mentira leva a outra, e o que era uma incomodidade passa a ser obstrução criminal à Justiça.” Marconi está a um passo de ser indiciado. O governador do Estado e uma leva de auxiliares de sua administração estão na mira da Justiça pelo pecado da mentira.

Ainda em Morris posso dizer, teoricamente, que Marconi passou do posto de um líder “idealista inteligente” para o de “demagogo”.

Os “idealistas inteligentes”, como consta no livro já citado, seriam aqueles dirigentes que, tendo uma visão para o futuro do Estado que comandam, conseguem comunicá-la ao eleitorado. Convencendo, persuadindo, legitimando o seu poder.

Ao contrário, o “demagogo” não tem uma visão política, apenas o objetivo de manipular o eleitorado, ampliando o seu poder e garantido a “tão esperada” reeleição – dentro do modelo de democracia eleitoral em que estamos inseridos.

O Demagogo pode tentar fazer valer-se de sua popularidade cotidiana, do exercício de sua liderança, da agressividade, da conciliação, da inércia burocrática, do controle do seu partido, do cortejo à oposição, da manutenção de grupos de pressão, da manipulação da mídia e tantos outros. Mas ele não sobrevive ao escândalo.  

Não quero, leitores, parecer aqui pretensiosa a ponto de prever o futuro. Não é uma previsão sobre o fim do político Marconi Perillo. Mas uma constatação do ápice do desgaste de sua imagem pública.

Nada é insuperável neste meio. Mas o fim do Tempo Novo, que já escancarou o seu desgaste, vai depender do maior ou menor nível de esclarecimento do eleitor goiano.

Ao que parece, hoje ele (Marconi Perillo) está próximo do fim.

Nos últimos dias o tucano tem lançado mão de todos os recursos possíveis para o desvio do foco.

No sábado, teceu comentários sobre a final do campeonato goiano de futebol no twitter, como se tudo estivesse às mil maravilhas e como se ele fosse comentarista de futebol e não governador. Como se ele entendesse mesmo do que stava falando com tanta propriedade, e não um seu assessor, tuitando, filoso-futebolando e, enfim, tentando chutar a bola de um mísero factóide que mais remete a gol no campo do Ridículo Esporte Clube – que ele conhece bem, pois que comandado com brilho pueril pela sua atual equipe de comunicação – do que no do Original Futebol Clube.

E o pior: o presidente da Assembleia Legislativa, Jardel Sebba (PSDB), pegou carona elogiando os comentários e aproveitando o ensejo para – peço licença para o uso da expressão – “puxar o saco” do Chefe com quem tem mantido inúmeros conflitos velados na Casa que preside.

Um verdadeiro morde e assopra. Um jogo de encenação em que os personagens principais fazem da população verdadeiros figurantes de uma democracia de mentirinha.

Marconi lançou também uma parceria com o Hospital Araújo Jorge que já existe há anos!

Lançou um programa de pavimentação asfáltica em época de chuva. (Ou seja, será relançado na próxima estação. Um governo com lançamentos sazonais e obras inacabadas, eis a questão.)

E… E o governador assumiu a posição de vítima e esqueceu-se de suas promessas de campanha que não saíram do papel para atirar nos adversários que cobram ação, respostas, compostura.

A realidade: no vermelho, o Estado tem feito festa com chapéu alheio. Tem comemorado e divulgado obras da Prefeitura, do Governo Federal… Tem se apropriado de projetos de outros, como fez com o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT) há poucos dias (leia mais aqui no DG).

Basta? Não. É preciso comprar briga com a oposição, que, por sinal, nunca colaborou tanto com um governo fraco. Uma oposição tão mais fraca que o fraco governo Marconi – mas isto é outra história…

As tentativas não podem ser desqualificadas. O desgaste das mesmas, no entanto, é consenso expresso nas redes sociais, nas conversas de boteco, salão, pontos de ônibus, nas filas de banco… “Marconi, pede pra sair”.


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