15 de agosto de 2024
JULGAMENTO

Após retaliação, presidente do Supremo reage e antecipa julgamento sobre suspensão de “emendas Pix”

Movimento do presidente do TSE ocorre após reação de congressistas no caso do crédito extraordinário que acabou rejeitado
Barroso antecipou do dia 30 para essa sexta-feira julgamento sobre tema que gerou retaliação - Foto: Arquivo DG
Barroso antecipou do dia 30 para essa sexta-feira julgamento sobre tema que gerou retaliação - Foto: Arquivo DG

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para esta sexta-feira (16) o julgamento sobre a suspensão na execução das emendas parlamentares impositivas ao Orçamento da União. As emendas estão no centro de uma polêmica que levou a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso a retaliar o Supremo esta semana.

Após ter as emendas suspensas no STF, a comissão rejeitou uma Medida Provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abrindo crédito extraordinário de R$ 1,3 bilhão ao Poder Judiciário e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Nesta quinta-feira (15), Câmara dos Deputados e Senado Federal apresentaram um pedido no TSE para a suspensão das decisões que paralisam os repasses das emendas. Nesta sexta, a suspensão na execução das emendas parlamentares impositivas ao Orçamento será analisada no plenário virtual do STF.

Agravamento começou na quarta e Barroso adiantou julgamento de emendas

O quadro agravou na quarta-feira (14), quando o ministro da Corte Flávio Dino ordenou a suspensão das emendas. Ele concedeu uma liminar (decisão provisória) para a suspensão dos repasses. Entre outros, o Psol está na Justiça pedindo julgamento do mérito e também liminares contra as emendas Pix. Da mesma forma a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Dino submeteu a decisão a referendo do plenário do Supremo.  A questão já havia sido incluída na pauta da sessão virtual marcada para 30 de agosto, com duração de uma semana, mas a pedido de Dino o julgamento foi antecipado por Barroso e deve durar 24 horas.

O movimento do presidente do TSE ocorre após reação de congressistas, no caso do crédito extraordinário que acabou rejeitado.

Relator nega retaliação, mas presidente da Câmara critica ministro

O relator da matéria, deputado Caio Gilberto Silva (PL-PB), entretanto, negou a ideia de retaliação ao Supremo. “Não se trata de nenhuma afronta, mas da independência do Poder Legislativo como determina a nossa Constituição”, disse.

Mas os sinais de irritação estavam claros no Congresso. Na própria quarta, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PL-AL), criticou que decisões monocráticas (individuais) de Dino estejam suspendendo a execução das emendas parlamentares. O deputado disse, por exemplo, que o funcionamento de muitas Santas Casas e hospitais filantrópicos dependem desses repasses feitos por parlamentares.

“Não podem mudar isso em um ato monocrático, quaisquer que sejam os argumentos e as razões, por mais que eles pareçam razoáveis”, disse Lira, que deu a declaração ao comentar as chamadas emendas Pix, que foram suspensas por Dino em 1º de agosto.

Flávio Dino é o relator das ADINs contra falta de transparência no repasse das emendas

O ministro Flávio Dino é relator das diferentes ações protocoladas contra a dinâmica de direcionamento e transferência de recursos por meio de emendas parlamentares ao orçamento. O argumento das ações de diretas de inconstitucionalidade apontam faltam de transparência, barreiras para a fiscalização e o controle, como os pontos mais graves.

Desde o início do mês, Dino proferiu ao menos três decisões liminares para suspender a execução de emendas ao Orçamento. Pelas decisões, somente emendas destinadas a obras que estão em andamento e para atendimento de situação de calamidade pública poderão ser pagas.

Dessa forma, foram suspensas, por exemplo, as emendas de comissão e as chamadas “emendas Pix” realizadas pela indicação individual de parlamentares que permite repasse direto a estados e municípios. Esse é o tipo mais criticado porque ocorre sem sequer a indicação de destinação específica a projeto, programa ou convênio. Nesse caso, as liminares já foram confirmadas em plenário pelos demais ministros.

A decisão mais recente, de quarta, suspendeu a execução de todas as emendas impositivas, ou seja, com execução obrigatória pelo Executivo, o que inclui emendas individuais e emendas de bancada.

O ministro entendeu que a suspensão é necessária em todos os casos para evitar danos irreparáveis aos cofres públicos. Além disso, Dino decidiu que a suspensão deve durar até que as emendas parlamentares atendam a critérios constitucionais de transparência, rastreabilidade e eficiência.


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