09 de agosto de 2024
Lênia Soares

Apoio a contragosto

O novo presidente do PMDB estadual, ex-deputado Wagner Guimarães, terá que engolir seco o direcionamento do líder Iris Rezende, para apoiar a reeleição do prefeito Paulo Garcia (PT). Wagner foi controlador-chefe da Capital e deixou o cargo em novembro de 2011, afirmando “não ser conivente com as irregularidades da gestão petista”. Ao sair, distribuiu críticas ao prefeito e defendeu o rompimento da aliança entre PT e PMDB. O ex-deputado abriu a “caixa preta” da administração municipal, como ele mesmo denominou.

Passado. Oito meses depois, eis que o grande crítico de Paulo Garcia assume o comando do diretório em plena campanha eleitoral. Em sua posse, na última semana, o novo presidente declarou que “o partido dará todo apoio possível às candidaturas de sua base”. O assunto Paulo Garcia, no entanto, não foi especificado. Não coube na pauta comemorativa de sua estreia.

Wagner não é o único descontente. Encontrou no diretório reforço para um possível, e leve, boicote ao prefeito. Eles ainda choram pelo leite derramado. Em off, um peemedebista diz que “o melhor para o partido seria um candidato próprio, de fato.”

O fato é Paulo Garcia. Um outro fato, este melhor para os peemedebistas, é Agenor Mariano. O direcionamento do boicote não foi especificado. Ficou na insinuação. Talvez aconteça. Talvez Iris nem perceba. Ou perceba e não faça nada a respeito. Paulo provavelmente não perceberá. Qualquer desconfiança do prefeito é sanada, e suas inquietações afagadas, com um olhar do ex-governador.

Por outro lado, o diretório não poderá fazer muito contra o petista. Nem a favor. Seu foco, nos próximos meses, deverá ser no interior do Estado. O partido pretende abranger um número maior de prefeituras. Na Capital, o cabo eleitoral já está instalado. As insatisfações dos peemedebistas com Paulo deverão ser engolidas. Não há plano alternativo.

Também não há o que se pensar, como não houve o que se escolher. A decisão sempre esteve tomada. Ao partido, desde o início, coube apenas o auxílio na indicação de um vice. A cabeça de chapa foi antecipada, e definida, por Iris em 2010. A função do diretório é clara: trabalho, trabalho e trabalho. Para fazer acontecer o planejamento estratégico de Iris Rezende.

Um planejamento que pode não ser mais tão estratégico assim. Não cabem mais as carroçadas.


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