Durante o depoimento na CPI Mista do Cachoeira, na manhã desta terça-feira, 5, o empresário Walter Paulo diz ter comprado a casa de Marconi Perillo (PSDB), com intermédio de Wladimir Garcez, e efetuado o pagamento em dinheiro, com notas de R$ 100 e R$ 50, em “pacotinhos” que repassou para Garcez e Lúcio Fiuza, assessor especial de Perillo. O governador de Goiás, no entanto, declarou que recebeu três cheques (dois de R$ 400 mil e um de R$ 600 mil), que somam R$ 1,4 milhão, na negociação. Na versão de Walter, para a efetuação do pagamento, ele pegou o dinheiro emprestado, mas não se lembra de quem. Pressionado sobre a contradição, empresário desvia o foco, faz brincadeiras e diz que este assunto é “coisica de nada”.
O único fato que Walter Paulo se lembra, é que o dinheiro não pertencia à Mestra Administração e Participações, empresa em nome da qual foi registrada a escritura da casa. O capital, arrecadado por empréstimo, foi repassado pelo contador da empresa, de quem o depoente também não recorda o nome.
Questionado sobre o local onde pegou o dinheiro supostamente sacado pelo contador, Walter não respondeu. “Eu deixo de responder a essa pergunta, se possível, porque eu não tenho a lembrança exata”, disse.
Wladimir Garcez, em seu depoimento na última semana, informou que o dinheiro teria sido angariado com empréstimos feitos pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e pelo ex-diretor da empresa Delta, Cláudio Abreu. As contradições só aumentaram com os últimos depoimentos, o que exaltou os ânimos dos parlamentares, que ressaltaram a possibilidade de prisão para os que descumprirem o juramento de verdade.
O empresário negou também o relacionamento com o governador do Estado e disse nunca ter ido ao Palácio das Esmeraldas desde a posse do tucano. “Meu relacionamento com a administração de Goiás é como prestador de serviços da área da educação. Não tenho nenhuma relação de proximidade com o governador. Moramos, certo tempo, em um mesmo condomínio, mas nunca freqüentamos a casa do outro”, declarou.
O ex-vereador tentou manter aparência descontraída, mas o nervosismo foi evidenciado logo na abertura, quando realizou a leitura de um texto de apresentação e confundiu várias palavras como “homem honrado” por “homem enrolado” para referir-se a si mesmo. Ao final, o dono da Faculdade Padrão se desculpou pela falta de conhecimento intelectual, perante os deputados, e justificou a dificuldade com as palavras por sua origem simples e do interior.