Preso acusado de ter matado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, o ex-policial militar Ronnie Lessa foi condenado a 13 anos e seis meses de prisão por comércio ilegal de armas no Rio de Janeiro. O processo que gerou a condenação tratou da apreensão de 117 peças de fuzis que Lessa escondia no apartamento de um amigo, Alexandre Motta de Souza, que foi absolvido no caso.
Alexandre, aliás, que chegou a ser preso por guardar os fuzis foi acusado de ser laranja do policial em agosto e estava na lista com mais 27 mil funcionários fantasmas do Centro de Estudos e Pesquisas do Estado (Ceperj) que fizeram saques na boca do caixa, segundo informações do portal Extra.
Já na sentença de Lessa, proferida pela 40ª Vara Criminal da do Rio de Janeiro, consta que Ronnie Lessa “possuía em depósito inúmeras peças aptas a montar pelo menos 117 fuzis, além de acessórios exclusivos para armas de fogo de grosso calibre, em desacordo com a determinação legal (…) trazendo grande temor e insegurança social para nosso Estado, já tão afetado pela atuação da milícia e do narcotráfico, principais destinatários dos objetos arrecadados”.
No dia 12 de março de 2019, logo após prenderem Ronnie pela morte de Marielle e do seu motorista, Anderson Gomes, o Ministério Público e a Polícia Civil encontraram, em uma residência no Méier, Zona Norte do RJ, diversas caixas pertencentes ao ex-PM, com componentes de fuzil que seriam posteriormente montados, dando origem a 117 armas. Na época, Ronnie argumentou que seriam para montar armas de airsoft. Porém, a Justiça entendeu que tais peças seriam para usar em armas reais.
“Assim, tem-se que não só não havia dentre os materiais apreendidos peças exclusivas de airsoft, como os ferrolhos apreendidos são peças de uso exclusivo para arma de fogo. Nesse ponto, destaca-se que o delegado da Desarme, em suas declarações em sede judicial, explicou que, apesar de as demais peças não serem exclusivas de fuzis, podendo ser utilizadas para a montagem de airsoft também, pela qualidade do material pode-se afirmar que seriam utilizadas para a produção de fuzis reais. Isso porque, financeiramente, não compensaria comprar peças de qualidade e resistência suficientes para efetuar disparos com munição verdadeira, para montar fuzis de airsoft”, destacou um dos trechos da decisão.
A sentença também ressaltou que a narrativa das peças apreendidas servirem para a montagem de armas de airsoft não constava das declarações prestadas por Ronnie no ato da prisão em flagrante.
“A delegada da Divisão de Homicídios foi firme ao narrar que, no dia de sua prisão em flagrante, Ronnie teria confessado informalmente o crime, esclarecendo que em dezembro de 2018, quando começaram a ser divulgadas as operações do caso do assassinato da vereadora Marielle, no qual ele constava como investigado, começou a distribuir as peças das armas por vários endereços, deixando no Méier algumas caixas, como um subterfúgio para que nenhuma arma inteira fosse encontrada”, diz outro trecho da sentença.
Em nota para a Agência Brasil, a defesa de Ronnie Lessa afirmou que buscará instâncias superiores, já que considera que não houve crime. “Não houve uma valoração jurídica correta em relação a Ronnie. A Defesa vai às instâncias superiores para buscar a justiça completa, que é a absolvição de Ronnie, pois a conduta imputada a ele não configura crime”, disse o advogado Bruno Castro, que defende o ex-PM.
Com informações da Agência Brasil
Leia mais sobre: Marielle Franco / Ronnie Lessa / Geral