Mais que pelas chances de vitória isolada – racionalmente condicionadas –, a pré-candidatura do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), incomoda o PMDB pela potencialização do receio de uma nova derrota do partido em 2014.
Sozinho, o PT pode não deslanchar em Goiás. Mas uma candidatura própria pode, de fato, colaborar para o naufrágio do devaneio do pré-candidato ao Governo do Estado Júnior do Friboi (PMDB). Isso na visão peemebista, insisto.
O iceberg à vista, na verdade, está mais para um déjá vu. Pois o distanciamento das siglas é tido como fundamental para as derrotas de Maguito Vilela, em 2002 e 2006, e de Iris Rezende, em 2010, quando a parceria se restringiu, em grandes municípios, ao plano das ideias.
Com a exceção do próprio empresário, os oposicionistas dão demonstrações claras de preocupação. Ainda que com discursos contidos, os representantes de partidos aliados ao PMDB e PT em Goiás antecipam a agonia do insucesso que se aproxima.
“Apesar de ser um bom nome e de ter o aval de seu partido, temos que ressaltar que a decisão só será apresentada no fim de março. Até lá, existem dois excelentes quadros trabalhando no PMDB e no PT”, disse a deputada estadual Isaura Lemos (PC do B), após a reunião dos partidos de oposição na sede do PROS, quando Gomide foi apresentado formalmente como um pré-candidato aos aliados.
Na mesma linha, e com a aflição no timbre de voz, o deputado estadual Francisco Gedda (PTN) ressaltou o apoio de seu partido ao empresário, mas disse ser “necessário” o trabalho pelo consenso.
O que há, agora, são duas postulações que se aproximam pela convicção da vitória e pela vontade de ficar com a cabeça da chapa.
Por este caminho, a divisão vira tendência, ainda que se pregando a união. E os aliados terão que escolher entre os lados que queriam unir: dinheiro ou experiência política. Outra tendência fácil de ser notada.
E o fato é que PT não acredita na capacidade de Friboi. Isso já ficou esclarecido. Não fosse a oficialização da pré-candidatura do peemedebista, hoje, não haveria a postulação de Gomide.
Entre perder como coadjuvante de uma disputa encabeçada por Júnior do Friboi e perder sozinho – pois a derrota é a única certeza de todos as partes –, o PT traçou sua escolha alternativa.
Do outro lado, como quem acredita que a força do dinheiro pode vencer a vontade do eleitor, o empresário peemedebista é coerente com a perspectiva de um novato na esfera pública. Ele próprio.
Prefere Ronaldo Caiado (DEM) como aliado e não faz questão de esconder. Ele desfaz do PT e ameaça, de cá, até Dilma Rousseff (PT). “Podemos apoiar outro candidato à presidência da República”, chegou a afirmar.
Transborda intransigência em suas entrevistas e segue como o autossuficiente do processo eleitoral.
Indo além, nos últimos dias, Friboi chegou a se intitular o correspondente de Iris Rezende. Fala pelo ex-governador e responde por decisões alheias. Um aventureiro que dá o lance pelas porteiras fechadas.
Na prática, desencontros, desentendimentos, desavenças, seja o nome que tiver, como falta de sintonia. Eis o maior adversário de PT e PMDB. Todo mundo cheio de convicção e a caminho de perder a eleição para um governador, diga-se de passagem, que nunca esteve tão fragilizado.
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