14 de novembro de 2024
Leandro Mazzini

A dança dos marqueteiros

Toda campanha vê-se político reclamando de preço da campanha, do cabo-eleitoral ao outdoor, mas alto preço mesmo é o dito marqueteiro. Tanto para o candidato, quanto para cientistas políticos, é ele quem encarece as eleições, com produções para a propaganda no rádio e na televisão. Fato é que sem marqueteiro dificilmente bom candidato não fica no páreo, e os presidenciáveis Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos já conversam muito com os seus.

Dilma continuará com João Santana, de sua vitoriosa campanha em 2010. Toda fala dela em rede de rádio e TV, discursos de eventos, passa pelo crivo de Santana. As pesquisas qualitativas encomendadas são semanais, e os resultados ditam os rumos de lançamentos de programas e viagens oficiais. Isso se intensificou há seis meses. Dilma, reclusa aos dois palácios, começou a rodar o país em pura campanha de reeleição.

Quem roda há mais de ano é o tucano Aécio Neves, que surge como contraponto ao PT. O tucano contratou até Dezembro passado o publicitário Renato Pereira, do Rio, responsável pelas duas campanhas vitoriosas de Sérgio Cabral ao governo, e do prefeito eleito Eduardo Paes. A despeito da ligação de amizade de Cabral com Aécio, quem indicou o marqueteiro ao senador foi o filho do ex-presidente FHC, Paulo Henrique. Pereira deu o mote de Aécio para a TV, criou o bordão ‘E então, vamos conversar?’. A conversa entre eles, entretanto, durou poucos meses. Num desentendimento de rumos do projeto presidencial, o contrato foi desfeito. Aécio procura outro. O PSDB já sondou Duda Mendonça, que levou Lula ao poder, e não será surpresa se o guru do petista fechar com o tucano nas próximas semanas.

Um marqueteiro político da estirpe dos grandes, Antonio Lavareda, que já atuou com sucesso pelo PSDB, é rondado pelos socialistas de Eduardo Campos. Até pela proximidade entre eles – Lavareda vive no Recife e em São Paulo (o eixo financeiro das campanhas). Em recente entrevista a um programa de TV, Campos comparou veladamente candidatos a produtos colocados em prateleiras, e disse que não acredita em marqueteiros. Não crê, por ora, até descobrir que lhe fará falta um.

Dos três, Campos é o que mais precisará de um forte trabalho de mídia, para se revelar uma opção, cuja gestão foi muito ligada ao governo federal que o ajudou em Pernambuco. Como se apresentar como novo diante de uma adversária que apoiava até há poucos meses, e às vésperas da eleição da qual se dissocia para priorizar seu projeto pessoal e de partido? É isso, em princípio, que terá de explicar ao eleitor.

Aliás, Marqueteiros repararam. O mote ‘O Brasil pode mais’, de Eduardo Campos, lembra muito o de Leo Quintão (PMDB), candidato contra Marcio Lacerda (PSB) na disputa da prefeitura de Belo Horizonte anos atrás: ‘Dá pra fazer mais’.

Já os tradicionais marqueteiros de políticos perderam a áurea. Agora são obrigados a dividir as atenções dos clientes com os gurus das redes sociais que passaram a acompanhar os presidenciáveis. Vide Marcelo Branco, que orienta Dilma nas redes. Eduardo Campos já tem um consultor especial para a internet, que atualiza suas páginas no Twitter e Facebook. Não é diferente com Aécio Neves, que tem núcleo para as redes e revelou à coluna que criará um bunker virtual para se defender do que classifica de patrulha petista online.


O santinho “caixa 2″

O saudoso ex-vice-presidente José Alencar sempre se gabava de ter feito campanhas com lisura e sem problemas na Justiça Eleitoral, em todos os pleitos que concorrera (para governador, quando perdeu em 94, e depois para senador, quando venceu).

– Nunca houvera caixa 2 – repetia.

Mas foi lembrado por um amigo que houve sim. E ria muito com isso. Alencar explicava: quando foi candidato ao governo de Minas, um amigo de longa data de Ubá, dono de um posto de gasolina, fez santinhos com seu nome e número por conta própria antes da campanha, bancou e distribuiu inclusive nos dias da eleição, sem ele saber – e a Justiça também.

– Foi o único gasto não contabilizado pela campanha – lembrava Alencar.


Ponto Final

E a presidente Dilma continua o arrocho no orçamento para priorizar o superávit primário.

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Com Maurício Nogueira, Luana Lopes e Equipe DF e SP


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