Em entrevista à Rádio Difusora de Goiânia, na manhã desta terça-feira (25), o deputado federal Zacarias Calil (União Brasil) afirmou, de forma categórica, que já não enxerga possibilidade de permanecer na sigla para disputar o Senado em 2026. Pré-candidato declarado, ele disse que não tem apoio interno, revelou falta total de diálogo com o vice-governador e pré-candidato ao governo, Daniel Vilela (MDB), e relatou ter sido preterido pelo governador Ronaldo Caiado (UB) em reunião no Palácio das Esmeraldas.
“Acho que não tem outra opção. Se o governador já bateu o martelo pela dona Gracinha, eu não vou ter espaço no União Brasil”, afirmou. “Nunca houve dentro do partido qualquer movimento para que eu fosse o candidato natural ao Senado. Meu nome nunca esteve em evidência”. Confira a entrevista na íntegra:
ENTREVISTA
Deputado federal Zacarias Calil (União Brasil) – pré-candidato ao Senado:
Jordevá Rosa: Semana passada, Hilder Moraes (PL) disse que é pré-candidato ao governo de Goiás, tendo Gustavo Gayer na chapa. Isso facilita o senhor buscar espaço para disputar o Senado pelo União Brasil?
Zacarias Calil: Tenho conversado bastante em Brasília. Minha intenção é disputar o Senado. Há muitas portas abertas e meu nome tem sido muito bem aceito. Converso com vários partidos. Estive no PL na semana passada, numa reunião com o presidente Valdemar, o senador Hilder e outros parlamentares. Falamos sobre uma possível mudança minha para o PL, mas nada está definido. Pelo que acompanho, a vaga do Senado no União Brasil já está comprometida com a primeira-dama, o que considero natural. E o governador tem compromissos políticos. Eu mesmo nunca conversei com ele sobre minha candidatura.
Pelo que percebo, se eu continuar no União Brasil, dificilmente terei espaço para ser candidato ao Senado. Então, a tendência é realmente buscar outro partido.
Jordevá Rosa: O caminho mais viável para o senhor seria o PL?
Zacarias Calil: Não sei ainda. Tive convite do Partido Novo, do Podemos, inclusive conversei com a Renata Abreu, presidente nacional e também do PSDB, que enviou emissários. Conversei com Bruno Peixoto, tenho andado com ele em agendas, e ele deve mudar para o PRB. Ele disse que, se eu fosse, a vaga na chapa seria minha. Meu nome aparece bem nas pesquisas, e isso ajuda. O que não quero é me firmar como candidato à reeleição para deputado federal. Não é a minha primeira opção.
Isadora Piccolo: O PSDB de Marconi Perillo é realmente uma possibilidade?
Zacarias Calil: Na política, existe diálogo. Partidos conversam e têm nos procurado para viabilizar minha pré-candidatura. Isso não significa que algo esteja definido.
Vassil Oliveira: Mas só o fato de o senhor conversar com o PSDB, principal adversário do governo não cria um clima ruim no União Brasil, com Caiado e Daniel Vilela?
Zacarias Calil: Eu sou um deputado independente. Trabalho com base no que precisa ser feito.
Inclusive, já disse publicamente que não tenho muita afinidade política com o vice-governador Daniel Vilela. Nunca conversamos sobre minha pré-candidatura ao Senado. Nem o governador tratou desse assunto comigo. Então, assim como eles buscam caminhos, eu também preciso buscar os meus. Não posso ficar amarrado a certas situações.
Vassil Oliveira: O senhor já tratou da possibilidade de ir para o PSDB com o governador Ronaldo Caiado?
Zacarias Calil: Não. Nunca falamos sobre isso. Já tive apenas uma pré-conversa com outros partidos, o que é natural. Já falei com Marcos Teixeira, presidente nacional do Republicanos, com quem converso há dois anos sobre a possibilidade de compor lá. Tudo está em aberto.
Jordevá Rosa: Então o senhor está fora do União Brasil?
Zacarias Calil: Acho que não tem outra opção. O governador já teria batido o martelo pelo que a imprensa mostra pela dona Gracinha. E em Brasília, dentro do próprio União Brasil, todos reconhecem isso. O governador comanda o partido em Goiás. Ele define os candidatos. E nunca, em momento algum, meu nome foi colocado como opção natural ao Senado no União Brasil. Nunca houve essa conversa.
Vassil Oliveira: O senhor conversou pessoalmente com Marconi Perillo e Hilder Moraes?
Zacarias Calil: Com Hilder, sim, algumas vezes. Com Marconi, pessoalmente, nunca.
Vassil Oliveira: E com Daniel Vilela?
Zacarias Calil: Nunca conversei com ele sobre isso.
Jordevá Rosa: E com o governador Caiado?
Zacarias Calil: A última vez que encontrei Caiado para falar de política foi no Palácio, quando Sandro Mabel foi eleito prefeito. Estavam o governador, Elmar Nascimento e outras pessoas. Na ocasião, Caiado afirmou categoricamente que seus candidatos ao Senado seriam a dona Gracinha e o cantor Gusttavo Lima. Disse que havia viajado com ele e que seria o candidato. Depois o cantor declinou, mas a preferência era clara. Eu me senti totalmente preterido ali. Percebi que não teria espaço.
Vassil Oliveira: Confirmando: o senhor ouviu do governador que Gusttavo Lima seria candidato ao Senado?
Zacarias Calil: Exatamente. Ele disse textualmente. Depois o cantor desistiu, mas naquele momento a preferência era por ele e pela dona Gracinha.
Jordevá Rosa: E o senhor já tomou sua decisão?
Zacarias Calil: Já decidi que serei candidato. Só não defini o partido. Converso com todos, independentemente de me filiar ou não. Com Hilder Moraes, por exemplo, converso muito. Estive com ele em Brasília duas vezes na semana passada. Ele foi muito honesto: disse que só me levaria para o PL se pudesse garantir a vaga ao Senado. Como não poderia garantir, não me fez convite oficial. Achei correta a postura.
Vassil Oliveira: A reeleição para deputado federal está fora de cogitação?
Zacarias Calil: Neste momento, sim. Meu nome está bem nas pesquisas, e tenho sido muito estimulado a disputar o Senado. Meu escritório político está movimentado, recebo prefeitos, vereadores, tenho destinado recursos ao Estado inteiro. Estou empenhado nesse projeto.
Vassil Oliveira: Na sua avaliação, entre Daniel Vilela, Marconi Perillo e Hilder Moraes, quem tem mais chances hoje?
Zacarias Calil: É difícil avaliar agora. Acho que todos deveriam definir suas candidaturas em dezembro para começar o trabalho. Não tenho pesquisa recente. Cada hora ouvimos uma coisa diferente.
O que pesa é que o governador Caiado tem mais de 80% de aprovação, é o mais bem avaliado do país, e isso fortalece muito a capacidade de fazer o sucessor. Mas a oposição também vai se movimentar. É cedo para apontar um favorito.
Jordevá Rosa: Deputado, obrigado pela participação ao vivo
Zacarias Calil: Eu que agradeço. Estou indo agora para Brasília, será uma semana pesada, com discussão sobre a anistia.
Jordevá Rosa: O senhor é a favor da anistia?
Zacarias Calil: Sim, sou a favor.
Vassil Oliveira: Na prática, o senhor acha que passa?
Zacarias Calil: Depende se será ampla ou restrita. Se houver dosimetria, acredito que passa. Mas ainda há muita incerteza.
Jordevá Rosa: Não seria anistia, mas redução de pena?
Zacarias Calil: Exatamente. É algo que precisa ser analisado com muito cuidado.
Jordevá Rosa: Vai ser um debate duro.
Zacarias Calil: Com certeza. Muito obrigado. Abraço a todos.
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