O ex-secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, e o ex-secretário executivo da pasta, Quesede Ayres Henrique, continuam foragidos da Polícia Civil de Goiás. Pollara está em São Paulo conforme a própria defesa do ex-secretário, enquanto Quesede estaria no Tocantins, conforme apurou a Tv Anhanguera.
No Tocantins, Quesede foi secretário executivo da Saúde nas gestões do atual governador, Wanderlei Barbosa, e do ex-governador, Mauro Carlesse. Em um caso até aqui sem relação com Quesede, Mauro Carlesse foi preso no domingo (15) por suspeitas de planejar fuga para outro país para escapar de uma investigação sobre o pagamento de propinas em contratos públicos.
Dercap à frente da investigação
Comos não há sinais de que ambos vão se apresentar, avança para 48 horas sem cumprir o novo pedido de prisão expedido pela Justiça contra os dois. É uma investigação diferente da realizada pelo Ministério Público, que já tinha levado ambos à prisão em novembro por supostos desvios na Saúde. Dessa vez a prisão foi pedida pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio (Dercap) na operação Speedy Cash, deflagrada na terça-feira (17) e que prendeu três pessoas.
Os cinco são investigados por desvio de recursos públicos da Saúde, em valores que podem superar R$ 10 milhões. Os desvios seriam relacionados com verbas da área repassados para a uma associação privada sem fins lucrativos denominada União Mais Saúde que seria voltada para o fornecimento de materiais hospitalares.
Associação sem fins lucrativos no centro das suspeitas
Os três já presos são Marcus Vinícios Brasil Lourenço, presidente da associação, o irmão dele e procurador da organização, Wander de Almeira Lourenço Filho, e Veriddany Abrantes de Pina, segundo a Polícia Civil, a administradora-financeira da União Mais Saúde.
A investigação apontou que foi celebrado um convênio entre a instituição e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) quando Quesede assumiu a pasta de forma interina. Entretanto, o processo foi feito “sem publicidade, cotação de preços e exigência de atestado de capacidade técnica”. Mesmo assim, Quesede teria “impulsionado” o convênio e com apenas seis dias de iniciada a contratação, foi emitida ordem de pagamento no valor de R$ 10 milhões.
Pollara validou convênio com irregularidades
Ainda conforme a apuração, pouco depois Pollara voltou ao cargo e assinou o termo de convênio iniciado por Quesede, também ignorando as irregularidades no processo que tinha, inclusive, ferido recomendações da Procuradoria-Geral do Município.
A Dercap identificou que R$ 6,4 milhões pagos foram transferidos para a conta de uma outra empresa registrada no nome da administradora-financeira. Entre as movimentações suspeitas, estão transferências entre os três presos e também para contas pessoas com saques que ultrapassaram R$ 1 milhão.
A reportagem não localizou o contato com o advogado dos presos e também de Marcus Teles, que representa Quesede.
Já o advogado de Pollara, Thiago M. Peres informou que vai recorrer ao Judiciário para evitar a nova prisão temporária. Ele vai protocolar um habeas corpus com pedido de liminar para “proteger a saúde e a dignidade humana do cliente”. Segundo informou, Pollara está em São Paulo passando por um tratamento de um câncer no rim.
Leia a íntegra da nota
Nota da Defesa de Wilson Pollara
A defesa de Wilson Pollara informa que esteve reunida com a autoridade policial à frente das investigações envolvendo seu cliente, na manhã desta quarta-feira (18), e que relatou na oportunidade que Pollara não possui condições clínicas de interromper o acompanhamento médico que vem fazendo, em São Paulo, para tratamento de um câncer no rim. Trata-se de um idoso de 75 anos, cujo estado de saúde é de extrema fragilidade.
Além do tratamento oncológico, Pollara também realiza neste momento acompanhamento cardiológico, pois possui doença arterial coronariana e chegou a ficar internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no dia 2 de dezembro, após ser submetido à angioplastia com implante de stent de urgência. Como forma de proteger a saúde e a dignidade humana de seu cliente, a defesa irá impetrar habeas corpus com pedido de liminar buscando a revogação da prisão temporária.
Thiago M. Peres
OAB/SP 257.761
OAB/GO 70.310
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