Em entrevista ao Roda Viva, nesta segunda-feira (1/11), o diretor do filme Marighella, Wagner Moura, criticou ações de governo que ele entende como ‘terrorismo’.
O ator contou detalhes de seu filme que está há cerca de dois anos enfrentando problemas para ser lançado no Brasil devido a perseguições políticas.
“Os acusados de terroristas são os pobres, o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], o Black Lives Matter, e isso sempre me incomodou, mas 600 mil de mortos por Covid é terrorismo, 19 milhões de pessoas passando fome, a Amazônia pegando fogo, o ministro da Economia que tem uma conta offshore enquanto o povo paga imposto alto é terrorismo”, afirmou.
O primeiro filme do ‘Capitão Nascimento’ foi prestigiado em vários países, aplaudido de pé no Festival de Berlim de 2019, e somente foi lançado no Brasil esta semana após óbices enfrentados na Agência Nacional de Cinema (Ancine), além dos dissabores da pandemia da covid-19, que influenciou nesse adiamento.
Questionado sobre temer perseguição política por causa de seu trabalho, em especial, pelo filme Marighella, que foi um ativista que lutou contra os governos da ditadura militar no Brasil, Moura negou qualquer vestígio de medo.
“Eu não tenho medo dessa gente, são covardes. Fazer um filme sobre Marighella no Brasil faz parte de um movimento contra o fascismo do qual me orgulho de participar”, pontuou.
O protagonista do filme é Seu Jorge, que interpreta o ativista Carlos Marighella, um dos principais nomes que enfrentou a ditadura militar no Brasil, que deu um golpe de estado no Brasil, em 1964, durando até 1985.
Marighella foi morto em novembro de 1969 numa emboscada por agentes da ditadura, em São Paulo. O ativista chegou a ser considerado inimigo número um do regime ditatorial.
Após as críticas, o governo brasileiro ainda não se manifestou sobre o assunto até o fechamento deste texto.
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