15 de novembro de 2024
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Viúva diz que evita ver cenas de Domingos Montagner

Domingos Montagner morreu há um ano e sete meses. (Foto: Reprodução/Facebook)
Domingos Montagner morreu há um ano e sete meses. (Foto: Reprodução/Facebook)

Dezenove meses se passaram desde o trágico acidente com Domingos Montagner, levado pela correnteza do rio São Francisco no intervalo das gravações da novela “Velho Chico”, em 15 de setembro de 2016. As memórias e o legado do ator estão sob os cuidados de sua mulher, Luciana Lima, produtora cultural e integrante da companhia La Mínima desde 2000.

Para comemorar os 20 anos do grupo, ela organizou uma exposição e produziu o documentário “Pagliacci”, que estreia nos cinemas em 26 de abril. Luciana, porém, admite ser difícil rever cenas do marido, como o final de “Velho Chico”, que para a produtora continua inédito.

“Há muitas coisas do Domingos que eu não vi ainda. O que sou ‘obrigada’ a ver eu vejo, encaro como tarefa de trabalho, respiro fundo e vejo. Mas ainda não me sinto preparada emocionalmente para ver. Os últimos capítulos da novela, por exemplo, ainda não assisti. Claro que a gente escuta muitos comentários. Luiz Fernando [Carvalho, diretor de ‘Velho Chico’] achou uma alternativa de ter uma câmera objetiva, mas não consegui assistir aos últimos 15 dias de ‘Velho Chico’ e também não vi ‘Carcereiros'”, revela Luciana.

“Carcereiros” seria o próximo trabalho de Domingos Montagner na TV após “Velho Chico”. Na série, que também estreia no dia 26 na Globo após ser oferecida a assinantes do serviço on demand da emissora, o ator faria o protagonista que foi assumido por Rodrigo Lombardi. Luciana comemora a escolha do substituto por ter sido um amigo próximo do marido.

“Na época em que o Rodrigo recebeu o convite para substituir o Domingos, ele ficou extremamente abalado, lisonjeado. Eu também fiquei muito feliz por ele ter sido a pessoa escolhida, porque o Domingos tinha e tem um carinho muito especial por ele. Além da admiração como ator, tinha uma relação pessoal, de amizade. Acho que não poderia ter sido outra pessoa a substitui-lo dentro desse contexto inesperado”, avalia.

Por causa da substituição, “Carcereiros” teve sua estreia adiada porque Lombardi havia sido escalado para a novela “A Força do Querer”. Luciana conta que Montagner já se preparava para a nova série antes mesmo do término das gravações de “Velho Chico”, porque as gravações começariam em outubro de 2016.

“O convite já tinha acontecido bem anterior à novela ‘Velho Chico’. Ele já tinha todos os oito episódios em casa. No material dele que veio de Canindé [de São Francisco, cidade sergipana onde Montagner se afogou] para cá, tinha um ou dois roteiros de ‘Carcereiros’ com anotações. Ele já estava bastante adiantado no processo de criação do personagem, via se teria barba, como ficaria com ou sem cavanhaque, cabelo para trás com ou sem gel, estudava a caracterização”, recorda.

Presença espiritual

Luciana superou a perda do marido com ajuda da espiritualidade. Ela afirma sentir a presença de Montagner e fez questão de dar sequência às homenagens aos 20 anos do grupo La Mínima. O documentário “Pagliacci”, por exemplo, ajudou a produtora a lidar com as memórias do ator.

“[‘Pagliacci’] foi um grande desafio. Até nos ajudou a superar bastante esse momento, para ver o tamanho da obra que conseguimos construir ao longo dessa trajetória, nos fez ocupar um lugar que não tínhamos muita consciência, pois as coisas iam acontecendo.

Quando decidimos comemorar os 20 anos do La Mínima, olhamos para a história e vimos quanta coisa nós tínhamos, quanta contribuição para o circo. Isso deu um alento, uma força extra, além de todo o amparo, carinho dos amigos.”

A presença espiritual de Montagner também fez Luciana dar menos importância ao período cada vez maior sem o marido e a ajudou a explicar aos três filhos, de 7, 11 e 15 anos, sobre a finitude da vida e a importância de valorizar o presente.

“Para mim, essa passagem de tempo é muito relativa. Às vezes, estou com meus filhos e falamos: ‘Nossa, sério? Já faz 19 meses? Vamos fazer as contas de novo’. Porque parece que estamos com ele. É uma saudade gostosa e leve, e atribuo à presença espiritual dele sempre nos amparando.” (Folhapress) 

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