07 de agosto de 2024
Entrevista • atualizado em 04/03/2023 às 13:46

Vitor Hugo coloca em dúvida futuro no PL e fala em convites de outros partidos da centro-direita

O deputado federal não dá certeza se continua no PL e fala em aguardar o ex-presidente Jair Bolsonaro retornar dos Estados Unidos
O deputado federal Major Vitor Hugo, em campanha ao Palácio das Esmeraldas ,(Foto: Divulgação)
O deputado federal Major Vitor Hugo, em campanha ao Palácio das Esmeraldas ,(Foto: Divulgação)

Um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Goiás, o deputado federal Major Vitor Hugo (PL), de saída da Câmara dos Deputados e também da presidência do PL goiano, afirma em entrevista ao Diário de Goiás, concedida nesta quinta-feira (26/01) e publicada nesta sexta-feira (27/01) que aguardará o capitão reformado voltar dos Estados Unidos para bater o martelo com relação ao futuro.

Vitor Hugo avalia que considera sua derrota eleitoral, uma vitória política, afinal de contas, aumentou expressivamente sua votação em relação ao pleito de 2018 quando foi eleito deputado federal, quando foi eleito com 31.190 votos, pelo PSL. Neste pleito, o candidato ao Palácio das Esmeraldas levou com 516.579 eleitores às urnas eletrônicas. 

Isso faz com que o parlamentar queira pavimentar seu caminho político em terras goianas, mas ainda considera cedo projetar quais cargos irá disputar em 2024 ou 2026. Certo é, que está “inclinado” para participar mais uma vez do “jogo eleitoral” nas próximas eleições. “Eu tenho certeza… Talvez não diria certeza, mas eu tenho uma inclinação a estar no jogo político ainda em 2024 e 2026. Agora, para qual cargo ainda é prematuro dizer.”

Se estará no PL? Questionado, o parlamentar responde de maneira reticente e diz que sua permanência envolve uma série de fatores, mas garante que não ocupará cargos na direção em Goiás. “Temos que dar tempo ao tempo. O presidente Bolsonaro deve voltar dos Estados Unidos em algum momento. A gente não sabe como vai ser a postura do próprio, da bancada do PL na Câmara em relação ao governo federal atual, e a minha postura vai ser de oposição, mas eu não sei a de 99 deputados federais quanto serão efetivamente a oposição”.

No contexto do tabuleiro político para as próximas eleições, cita, inclusive, sondagens de outras legendas. “Tem várias possibilidades, então, eu estou  no momento ainda de expectativa e conversas. Alguns partidos de centro de direita já me sondaram, já conversaram comigo, sobre a possibilidade candidatura em algumas cidades para além do PL em si”, destaca.

Na entrevista exclusiva ao Diário de Goiás, Vitor Hugo também destaca sobre como imagina o movimento bolsonarista operando no Congresso Nacional com três partidos sustentando uma forte oposição aos governo petista, bem como a formação do grupo que se criou a partir das eleições com o senador eleitor Wilder Morais (PL) e o senador Vanderlan Cardoso (PSD), além da possibilidade de uma composição política com o ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (PSD).

Leia a entrevista na íntegra com deputado federal Major Vitor Hugo (PL) ao jornalista Domingos Ketelbey

Domingos Ketelbey: Qual o balanço que faz do período que esteve à frente do PL?

Major Vitor Hugo: Bom, primeiro, que o trabalho do PL, enquanto eu estive na frente do partido, foi bastante vitorioso, né? O PL, ao longo dos últimos anos, nas últimas eleições, vinha elegendo apenas uma deputada federal. Nós conseguimos o feito de eleger um senador, 4 deputados federais e 3 deputados estaduais. E tivemos mais de 2 milhões e cento e trinta mil votos ao todo, sendo que na eleição passada o PL tinha tido 140.000 votos só. Então houve um crescimento muito grande, nós estruturamos muitas condições provisórias em diversos municípios. Nós ajustamos as contas do partido que estavam bloqueadas, inclusive, por não prestação de contas quando nós assumimos. Então,  nós fizemos um trabalho e a minha candidatura ao governo do estado teve mais meio milhão de votos, quinhentos e dezesseis mil votos, que também foi uma grande conquista. É uma vitória política, mesmo no contexto de uma derrota eleitoral. 

DK: Como avalia a decisão do partido em colocar o senador eleito, Wilder Morais no comando da legenda em Goiás?

VH: Eu vejo com muita naturalidade o Valdemar já tinha conversado comigo no final do ano passado da intenção dele em uma diretriz do partido de manter à  frente dos diretórios estaduais políticos com mandato. Ele, acho que é a visão do partido, que  isso fortalece o partido tendo legitimidade, o resultado da eleição, e faz todo o sentido, ele teve 800.000 votos. É, entre os políticos com mandato do PL, hoje em Goiás, o que teve maior quantidade de votos, ou seja, tem maior representatividade, e  é também o político mais experiente. Acho que talvez, concorrendo a na experiência aí com a Magda Mofatto, talvez, e com Paulo Cezar Martins, mas ele está num cargo mais, de maior destaque, que é o Senado. Então, eu vejo com muita naturalidade, muita tranquilidade. 

DK: Vai continuar atuando de alguma maneira na direção do partido em Goiás?

VH: Não, não vou. A minha contribuição está feita, inclusive, na época também que eu conversei com  o Valdemar, o próprio presidente Bolsonaro, com todos, para assumir o PL, era especificamente para garantir a minha candidatura ao Governo do estado. Pra ser coerente também com o que foi conversado na época, né? Não  faz sentido fazer qualquer resistência. 

DK: Pretende permanecer no PL para os próximos ciclos eleitorais, seja sendo protagonista de um projeto ou apoiando o que o partido vier a apoiar?

VH: Não, temos que dar tempo ao tempo. O presidente Bolsonaro deve voltar dos Estados Unidos em algum momento. A gente não sabe como vai ser a postura do próprio, da bancada do PL na Câmara em relação ao governo federal atual, e a minha postura vai ser de oposição, mas eu não sei a de 99 deputados federais quanto serão efetivamente a oposição.  A gente não sabe qual vai ser a postura dos eleitos em Goiás, que estão no PL, em relação ao governo federal e em relação ao governo estadual. Então, assim, são muitos fatores. A gente não sabe se alguém vai querer se candidatar a alguma coisa. Eu também não sei ainda, não defini ainda se vou me candidatar em 2024, qual cargo seria, em qual cidade. Eu tive 117.000 votos em Goiânia, 46.000 votos em Anápolis, quase 40% dos votos em Cristalina, um percentual interessante de votos também nas cidades do  entorno de Brasília, Jataí também foi alto, uma das mais altas percentualmente. Tem várias possibilidades, então, eu estou  no momento ainda de expectativa e conversas. Alguns partidos de centro de direita já me sondaram, já conversaram comigo, sobre a possibilidade candidatura em algumas cidades para além do PL em si.  Então, assim, eu acho que essa é a hora da conversa e depois o que Deus colocar no meu coração, um pouco mais para frente, eu vou  começar a trabalhar mais especificamente para uma candidatura em 2024 ou não. 

DK: Quando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas foi eleito, o nome do senhor foi cotado para compor o primeiro escalão do governo paulista. Há alguma possibilidade de assumir algum cargo em outro governo?

VH: Eu não tenho intenção de fazer carreira política em outro estado. Os meus vínculos com Goiás, que foram crescendo ao longo do tempo a partir de 2003, quando cheguei no estado,  com o meu casamento com uma goiana, fiz faculdade de direito 80% do curso em Goiás, meu filho é goianiense, depois da própria candidatura a deputado federal. Agora, há menos tempo, ao governo do estado, como eu falei, mais de meio milhão de votos. Um patrimônio político que eu pretendo cultivar, que eu pretendo manter e, a ida um outro estado poderia me afastar do cenário político e do cenário da convivência mesmo, com meus apoiadores, com meus amigos, com as pessoas que me apoiaram em ambas as campanhas e que interagiram comigo ao longo do mandato de deputado federal. Então, embora eu tenha amizade e proximidade com o Tarcísio, a gente estudou na mesma academia militar, em momentos semelhantes, coincidentes, não na mesma turma, mas em períodos bem próximos, e também passamos para o concurso para a Câmara de deputados juntos. Ele para a área de transportes e eu para área de segurança pública e defesa nacional. Então a gente tem uma proximidade, entre família e  amigos, mas nunca foi um objetivo meu ir trabalhar em outro estado por causa do afastamento consequente que haveria do estado de Goiás.

DK: Qual sua avaliação quanto ao futuro do bolsonarismo no Congresso Nacional? Como acredita que vão se movimentar com Bolsonaro fora da presidência?

MV: É difícil avaliar agora. Eu acho que tem 3 partidos que acabaram ficando bem próximos do presidente, o próprio PL, o Republicanos e o PP.  O Republicanos elegeu o Tarcísio lá em São Paulo, o PP, o Ciro Nogueira, que é o presidente, senador e ex-ministro da casa civil, já falou que vai fazer oposição ao governo federal atual. E o PL é o próprio partido do presidente. Então, dentro do PL é difícil prever se vai ter alguma evolução nesse sentido, mas eu imagino que esses partidos vão ficar no entorno aí do presidente. E quando o presidente voltar, ele vai definir se ele vai querer liderar oposição, se ele vai querer apostar em algum outro nome para liderar esse movimento e se candidatar em 26, ou se ele próprio vai se candidatar. Então, assim, agora a gente está no momento muito de indefinições, né, mas eu acho que conforme o tempo for passando, agora, nos próximas semanas, meses, o cenário vai ficar mais claro para a gente. 

Vitor Hugo foi um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: Divulgação)

DK: Avalia que Bolsonaro voltará  a se candidatar em 2026 ou alguém dessa nova centro-direita deve liderar esse processo? 

M: Eu vejo nomes  importantes se consolidando aí. O Zema vai estar terminando seu segundo mandato, ele é claramente alguém de direita que, inclusive, apoiou o presidente no segundo turno. Vejo o Tarcísio também, mas vai estar na encruzilhada ali, entre se candidatar para seu eventual segundo mandato em São Paulo ou encarar a presidência. Mas hoje, eu vejo ainda o presidente Bolsonaro como sendo a  liderança e torço para que ele queira. Eu acho que o Zema pode ter uma oportunidade mais pra frente. E o Tarcísio está com também, com tudo aí para. Seria até importante que ainda tivesse em  São Paulo para manter um estado tão importante nas mãos da direita, né? Então eu torço para que o presidente Bolsonaro, para que ele queira se candidatar novamente. 

DK: O governador Ronaldo Caiado não poderá se candidatar para reeleição em 2026 abrindo caminho para a candidatura de novos nomes. O senhor planeja pavimentar o caminho para uma nova disputa ao Palácio das Esmeraldas?

M: Eu aprendi muito com essa candidatura agora, muito, muito foi uma escola. Imagina, eu nunca tinha sido dirigente partidário. Eu organizei tudo, desde a convenção, as listas, as nominatas de estadual e federal. Participei ativamente da definição de suplente do Wilder, da própria candidatura do Wilder em si, eu que convidei ele pra vir e tal. Então, assim eu organizei as contas, finanças, reuniões, todos, a elaboração de um plano de governo, depois as negociações para obter o apoio do presidente. Trouxemos o presidente para Goiás para nossa convenção, aliás, foi  a única convenção estadual que o presidente Bolsonaro participou. A de São Paulo, que ele participou do Tarcísio, era nacional do Republicanos. Mas estadual, a única foi aqui em Goiás. Então a gente cresceu muito no conhecimento de uma condução de uma eleição majoritária, e crescemos politicamente também. Eu ainda sou, semana que vem termina o mandato, mas um deputado federal que foi eleito com 31.000 votos, que na eleição seguinte teve 516.000 votos, que é uma marca, mais meio milhão de votos. O crescimento, o aparecimento na mídia, né? Nas redes sociais, até o conhecimento mesmo das pessoas. Teve mais de quase 70 cidades  que eu tive mais de 1000 votos. Como eu falei, em Goiânia, 117.000. Bom, assim vai. Então o crescimento foi muito grande. Agora, eu vou fazer uma avaliação ao longo desses 4 anos, vai depender. Eu acho que 2024 vai ser um objetivo intermediário para a gente medir a capacidade de ir pra frente. Nós temos o Vanderlan, que me apoiou, que vai estar terminando mandato de senador, não sabemos se ele vai querer se candidatar ao governo do estado. Nós temos aí o próprio Wilder, que vai estar no meio do mandato dele no Senado, ou seja, não teria nada a perder se se candidatasse ao governo. Nós temos o ex-presidente Bolsonaro, que é o político de maior proeminência com quem eu tenho alinhamento, amizade e proximidade. A gente não sabe se ele mesmo vai se candidatar. Então, são tantos fatores, que ainda não dá pra dizer. Eu tenho certeza… Talvez não diria certeza, mas eu tenho uma inclinação a estar no jogo político ainda em 2024 e 2026. Agora, para qual cargo ainda é prematuro dizer. 

DK: Criou-se um grupo entre o senhor, Vanderlan e Wilder a partir dessas eleições. Esse grupo vai continuar dialogando em projetos comuns para 2024 e 2026?

VH: A gente não perdeu o contato ao longo desse tempo todo, desde o resultado das eleições até agora. A gente tem conversado bastante, e eu torço também para que a gente consiga alinhar os interesses, os projetos, porque realmente é um novo grupo que se formou. Então, traçar os objetivos para 2024, escolher as prefeituras, escolher os bons candidatos, pessoas ali dados com bons projetos e que tenham alinhamento com as nossas pautas da direita. Tudo isso é o trabalho que vai ser feito agora e eu torço para que os interesses convergem. Mas de qualquer forma, já foi uma experiência, para mim muito interessante, conviver com os 2 que tinham, e têm muito mais experiência política do que eu. Como eu falei, eu fiquei muito feliz. Poderia, lógico, o ideal seria, eu gostaria muito de ter vencido. E acho que de algumas ações que foram feitas aí pelo governo atual estadual, né, como a criação do do imposto para o Agro, hoje [entrevista realizada nesta quinta-feira, 26] foi preso aí o irmão do ex-secretário, saúde. Eu tenho sentido que… muitas pessoas que votaram em outras [candidaturas] têm me procurado para dizer que “talvez tivesse sido melhor votar em você”, não sei. Então assim existe um caminho aberto, né?

DK: O ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha foi seu adversário na campanha, mas atuou, digamos, na mesma bandeira defendendo o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro. Acha que é possível caminharem juntos em projetos futuros?  

VH: No segundo turno da eleição presidencial a gente esteve junto conversando com o presidente. E eu conversei com ele sim, por telefone e tal, depois não houve mais nenhum outro contato. Ele teve uma votação expressiva também. Acho quase  900.000 votos aí. E é uma liderança, clara no Estado de Goiás também. Bom, se houver a possibilidade de alinhar os ponteiros, né? Se ficar claro também o afastamento dele das pautas de esquerda, porque ele no passado teve com, andou com os partidos de esquerda, e foi um dos fatores que nos afastou, inclusive, nesse pleito agora. Mas havendo um alinhamento claro dele com a direita e a vontade de interesse de caminhar juntos, eu acho que também é possível. E eu sei que ele tem um bom relacionamento com o Vanderlan e com o Wilder, e da minha parte, eu não faria nenhum tipo de oposição. Se os interesses, claro, forem os mesmos. Ele não pode se candidatar à prefeitura agora em 2024, então, vamos supor que se eu fosse candidato em Goiânia, ou Anápolis, ele não seria um adversário. Então seria até importante se ele estivesse no projeto apoiando. E em 2026, como está mais distante aí, não sei, tem que pensar. Não sei se ele vai ser candidato de novo, 26 também vamos ter 2 vagas ao senado, então pode ser também que seja algo, não sei, compensador para mim ou pra ele, ou para qualquer outra pessoa? Que são 2 vagas. Então vamos fazer as avaliações, daqui até lá, para tomar a melhor decisão.


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