Por Gonçalo Júnior
Vinicius Junior começou a temporada como um atacante em busca da afirmação e amadurecimento e terminou como herói da conquista da Liga dos Campeões da Europa pelo Real Madrid. O jogador de 21 anos, nascido em São Gonçalo (RJ), foi o autor do gol da vitória sobre o Liverpool por 1 a 0 neste sábado, no Stade de France, em Paris.
É a 14ª conquista do time merengue no maior torneio de clubes da Europa. É a quinta final em oito anos, com cinco conquistas. É, disparado, o maior vencedor do continente. O Real é o rei da Europa com a assinatura de um atacante brasileiro.
O outro nome da decisão foi o goleiro Thibaut Courtois, aquele mesmo que parou o Brasil no jogo contra a Bélgica na Copa da Rússia em 2018. Com pelo menos quatro grandes defesas, o belga parou o ataque formado por Salah e Mané.
O ex-jogador do Flamengo foi o nome de uma conquista marcada por viradas históricas – o time merengue estava morto diante do PSG, Chelsea e Manchester City até os minutos finais. Na final, o roteiro foi parecido. O time inglês foi melhor no primeiro tempo, mas o Real aproveitou sua chance com Vinicius Junior.
O momento nobre do maior torneio de clubes do mundo começou com cenas incomuns para os padrões europeus. Torcedores sem ingressos pulando as grades e entrando no estádio após demora tumulto na fiscalização dos torcedores ingleses. Por causa disso, foram 37 minutos de atraso.
Os problemas de organização não tiraram totalmente o brilho do jogo de xadrez que se esperava. O Liverpool tentou esganar o rival com uma marcação lá em cima, na saída de bola. É um sistema de jogo armado para morder e roubar a bola.
Quando roubava a bola, o time vermelho usava toques curtos e intensa movimentação para partir em linha reta em direção ao gol Com isso, o Liverpool se impôs no primeiro tempo e transformou seu domínio em chances de abrir o placar. O goleiro Courtois precisou fazer duas grandes defesas, uma delas que terminou na trave após chute de Mané, aos 20 minutos.
Matreiro, o Real tinha sua arapuca armada com a bola longa para Viniciuis Junior. Do outro lado, o técnico optou por escalar Valverde em vez de Rodrygo. Foi uma opção por uma transição mais lenta, mas maior segurança no meio. Foi pouco para o rei da Liga dos Campeões, que finalizou pouco.
Os técnicos não tiraram coelhos cartolas, mas aí está parte do charme da Liga dos Campeões. Jogadores de talento conseguem ludibriar o rival mesmo com jogadas já previstas. É mais ou menos como os dribles de Garrincha, sempre para o mesmo lado, mas que nenhum zagueiro do mundo conseguia marcar.
Foi um roteiro visto várias vezes em que o time espanhol se vê nas cordas, mas reage de maneira contundente. Isso quase aconteceu no final do primeiro tempo. Após uma longa checagem do árbitro de vídeo, fora dos padrões europeus, a arbitragem anulou um gol de Benzema.
No começo do segundo tempo, o Real mostrou novamente como é um time letal e abriu o placar aos 13. Em progressão, Casemiro, Kross e Valverde construíram uma jogada veloz e deixaram Vinicius Junior para finalizar sozinho. O brasileiro estava no lugar certo, aproveitando falha de marcação de Alexandre-Arnold, que ficou olhando só a bola.
O gol foi o símbolo de uma temporada de ascensão. Em 52 jogos, foram 22 gols e 16 assistências. Na Liga dos Campeões, o ex-jogador do Flamengo marcou seu quarto gol e seguramente o mais importante de sua carreira até aqui.
A vantagem no placar transformou a partida em uma sequência de chances do Liverpool para furar o goleiro Courtois. Foram pelo menos quatro grandes defesas, entre elas, em um chute cruzado de Salah, aos 37. Era preciso muito mais para tirar a taça do rei da Europa.
FICHA TÉCNICA
LIVERPOOL 0 X 1 REAL MADRID
LIVERPOOL: Alisson, Alexander-Arnold, Konaté, Van Diyk e Robertson; Fabinho, Thiago (Firmino) e Henderson; Salah, Mané e Luiz Díaz (Diogo Jota). Técnico: Jurgen Klopp.
REAL MADRID: Courtois; Carvajal, Éder Militão e Mendy; Casemiro, Kroos e Modric (Ceballos); Valverde (Camavinga), Benzema e Vinicius Jr (Rodrygo). Técnico: Carlo Ancelotti.
Gol – Vinicius Junior, aos 13 minutos do segundo tempo.
CARTÃO AMARELO – Fabinho (Liverpool).
ÁRBITRO – Clément Tupin (França).
LOCAL – Stade de France, em Paris.
(Conteúdo Estadão)
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