A pesquisa Verus, publicada pelo jornal Diário da Manhã no finalzinho de 2013 e que está completa no Diário de Goiás, mostra de forma clara que a eleição em Goiás permanece polarizada em Iris Rezende (PMDB) e Marconi Perillo (PSDB).
A disputa passa por eles. Está centrada neles. Mesmo se decidissem não disputar a eleição, teriam ainda assim papel fundamental. Um, por controlar a máquina do Estado; o outro, pelo apelo popular. Na pesquisa, isso está evidente pelos índices que os sustentam na ponta: Iris em primeiro, Marconi em segundo.
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Chamam a atenção os bons números de Iris entre os jovens e no eleitorado do centro, em especial Goiânia, onde sua avaliação positiva está mais do que consolidada. Eis aí um diferencial considerável, principalmente se se levar em conta que Iris tem forte apelo no interior, apelo que não está devidamente estimulado, já que é o único dos pré-candidatos sem agenda de candidato.
Goiânia soma para Iris e complica Marconi. Uma avaliação de seus aliados é a de que ele tem consciência do ‘problema’ na capital e da dificuldade de superá-la. Trabalha com a tese de que, se melhorar um pouco na capital e ganhar distância no interior, tira essa desvantagem. Em miúdos: o interior compensaria a Capital, desde que a diferença atual diminua. Terá de trabalhar muito.
A rejeição baixa de Iris, menos da metade registrada pelo tucano, é sintomática. Não dá pra saber exatamente o motivo dela. Dá pra especular. Iris está num bom momento, tem evitado atritos, movimentando-se nos bastidores. Já Marconi vem de um tempo forte de desgastes, desde o Caso Cachoeira. (Repare que a pesquisa aponta o governador como bem mais conhecido hoje que o peemedebista, e isso também aponta como vantagem para este.)
Intransponível a rejeição de Marconi? Nem tanto. É possível baixar o índice. O que complica sua situação é a avaliação negativa de seu governo. Ou seja: uma rejeição baixa não é impeditiva de crescimento, mas isso, somado a uma administração mal avaliada e a um possível cansaço eleitoral – 16 anos de poder direto e indireto –, pode complicar bastante na tentativa de reeleição. Pode ser fatal.
A pesquisa Verus não aprofunda, mas outros levantamentos e a opinião de líderes diversos, da oposição e da situação, mostram que é real a possibilidade de que o governador vá enfrentar na disputa de outubro um adversário muito mais difícil que qualquer outro: a chamada fadiga eleitoral. A fadiga tem a ver, claro, com seu longo tempo no poder. Serão mais de 11 anos como governador até o final de 2014. A consequência disso tende a ser uma só: o eleitor buscar outro nome.
Parece consenso que o nome que personificar a alternativa, que se identificar com o que o eleitor quer, este será o abençoado nas urnas. Um nome novo? Pode ser. Mas pode ser Iris, registram os número do Verus e já indicavam os do Serpes/O Popular. Parece óbvio. E é, embora o óbvio não seja o mais fácil de ser alcançado. É esse ‘óbvio’, por sinal, o maior motor dos desentendimento na oposição, atualmente. Todos se veem como a alternativa. Todos alimentam o sonho da personificação do adversário ideal para vencer um combalido Marconi.
Tanta certeza nos predicados pessoais está estampada nas inabaláveis decisões, por exemplo, de Júnior do Friboi (PMDB) e Vanderlan Cardoso (PSB), que dizem claramente que não vão desistir, mesmo em nome de uma unidade ampla já no primeiro turno. Está explícita também na argumentação do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), que se vê como o único verdadeiramente novo.
Na prática, dos nomes apresentados até agora, o de Iris é o que desponta como a melhor chance. Aos outros, o que está em aberto, segundo mostram a pesquisa Verus e os fatos:
- Iris está bem. No caso do PMDB, leia-se Júnior do Friboi e grupo Maguito, tirá-lo abruptamente da disputa – exemplo: tentar empurrá-lo para uma candidatura ao Senado, sem que ele queira isso – pode criar traumas. Internamente, ele pode ser decisivo a favor, ou contra;
- Marconi está mal, mas continua lutando. Não à toa, nas últimas semanas ele passou a fazer um intenso trabalho de tentativa de levantamento do ânimo de sua base. Bom lembrar: na disputa de 2002, mais de um ano antes, se me lembro bem, o peemedebista Maguito Vilela aparecia com 16 pontos de frente;
- Não adianta querer ser candidato, é preciso que a população, o eleitor, o queira como candidato, e por ora estão todos aquém dessa vontade popular.
Um pouco de profissionalismo ajudaria os opositores. Reclamar que o governador gasta muito com propaganda e comunicação, que ele já está em campanha usando a máquina, ou que ele contabiliza como obras dele inclusive as realizadas com recursos da União, é pouco para quem quer vencer.
O fato é que a oposição se bate demais com Marconi, e o faz sem um discurso definido. Talvez fosse a hora de dialogar mais com a população. Gastar mais tempo falando com o eleitor do que com o governador. Afinal, quem vai decidir a eleição?
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).