22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 23/05/2013 às 18:26

Vecci é a oposição competente em Goiás. Faz pensar: e quem não é bandido no governo Marconi?

Bateu uma dúvida cruel em Goiás.

E quem não é bandido no governo Marconi Perillo (PSDB)?

A questão é lançada não pela oposição. Sai de dentro do próprio governo.

Ou seja: nestes tempos novos, o marconismo é a verdadeira oposição ao… marconismo.

O secretário de Gestão e Planejamento, Giuseppe Vecci (na foto, à esquerda), foi categórico nesta quarta, 23, em reportagem da jornalista Fabiana Pulcineli no jornal O Popular:

  1. “- Estou sendo execrado por ser sério, porque não coaduno com esquemas que não sejam de interesse público na administração.”
  2. “- Ninguém sério do governo falou de mim. Só tem bandido falando. Estou virando a Geni de Goiás.”
  3. “- Estou calado todo o tempo porque sou um homem de governo. Mas tudo tem limite. De repente virei alvo porque tenho postura, seriedade, espírito público e uma história que não foi construída há um mês.”
  4.  “- Estão loucos para me ver fora da política. Porque eu não aceito jogo sujo, de licitação, de Operação Monte Carlo, de rolo, de esquemas, de fisiologismo, de clientelismo.”

Vamos por partes.

1. Vecci está sendo execrado, como ele mesmo diz, por colegas do governo. Se isso ocorre porque ele é sério e não coaduna com “esquemas”, fica claro que seus críticos governistas são justamente o que ele diz ser. Logo… há gente que não é séria e fazendo “esquemas” que não são “de interesse público na administração” estadual.

2. A frase simplifica tudo: quem está falando mal de Vecci é “bandido”. E como ele não dá nomes, apenas deixa claro que falam mal dele, logo… até prova em contrário, todos os integrantes do governo Marconi são “bandidos”. A generalização condena por atacado. 

Condena os governistas que, nos bastidores, atacam o secretário, falam mal dele etc.

Condena os que falam abertamente.

E condena igualmente os anônimos, incluindo-se aí veículos de comunicação ligados ao governo que vivem atirando pedras na Geni Vecci e em outros tantos dos grupos internos, todos, e os mesmos que atacam, adeptos de “esquemas” que dão o que pensar.

Um emaranhado de coisas. Dá pra entender? Mais uma obra marconista.

3. Sim, Vecci é um homem de governo, um marconista de quatro costados, que, bem ou mal visto, sempre age em sintonia com o amigo e companheiro. Os dois têm origem idêntica: o santillismo. São frutos políticos do governo Henrique Santillo. Vecci dizer que contraria interesses internos, de grupos, de “bandidos”, como definiu, e que tem “postura, seriedade, espírito público e uma história que não foi construída há um mês”, na prática repete discurso do governador, que sempre fala que age em nome da moralidade e da ética e que não aceita erros e malfeitos no governo.

4. Esta última frase de Vecci tem efeito de elefante em loja de cristal. Sobra para todo mundo, inclusive para Marconi Perillo. Afinal, ninguém foi mais citado na Operação Monte Carlo, além de Cachoeira, do que o próprio governador. E se Vecci atira pra todo lado, acerta todo mundo, pois todos, menos ele, como disse, fazem “esquemas” e, vale repetir, são “bandidos”.
Vecci é conhecido pela dureza no trato. Ele fala firme e direto. Não tem medo. Não quer ser querido. É quem é. E ponto.
No governo, ele concentra as principais ações. E faz isso porque Marconi permite. Ou alguém acha que não?
Ele é a Geni porque interessa a Marconi concentrar nele os “nãos” e a cara ruim do governo.
Vecci aceita porque é “um homem de governo”, e um companheiro leal a Marconi. A Marconi.
Seu desabafo é um recado para todos que o atacam. É também um recado do governador: Vecci é Marconi, Marconi é Vecci?

O que tudo mostra: que este é um governo que não sabe (se) comunicar e, definitivamente, não consegue se entender.
Um governo que começou mal e que luta para terminar bem. 

Um governo virado do avesso. 

Sim, Marconi virou Goiás de ponta-cabeça. 

Ele, como governador, é sua melhor oposição. 

Vecci que o diga.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).