O deputado estadual Clécio Alves reconheceu nesta quarta-feira, 18, que extrapolou a lei ao realizar a coleta de lixo com um caminhão adquirido com recursos próprios. Ele havia anunciado que estava “ajudando” a cidade ao atender cidadãos revoltados com as falhas na coleta que Goiânia vem sofrendo.
Chegou mesmo a dizer, ontem, que recolheu 20 toneladas de resíduos em um único dia. E divulgou imagens dele e de assessores retirando sacos e sacolas de lixeiras da cidade.
Hoje ele confirmou o sofrimento da população ao relatar, na Tribuna da Assembleia Legislativa, que pegou sacos de lixo cheios de larvas, depositadas por moscas ao longo dos dias de espera. Há bairros em que os caminhões da Companhia Municipal de Urbanização (Comurg) não são vistos há semanas.
“Pretendia ir [com a coleta] até 2027, mas não vou descumprir a lei”, reconheceu. Ocupante de vários cargos eletivos, Clécio Alves sabe que a tarefa da coleta de lixo é uma concessão do poder público que não pode ser substituída sem autorização ou previsão jurídica para isso.
Além de ter ignorado essas prerrogativas, apesar da ampla experiência parlamentar que ele mesmo cita frequentemente, alguns fatos na iniciativa do deputado chamaram a atenção.
O primeiro é que a Comurg é tida como um reduto eleitoral de Clécio Alves.
Outro, também importante, é que o deputado é filiado ao Republicanos, mesmo partido do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz. E Cruz é alvo de muitas críticas pelas falhas na limpeza urbana, mas continua defendido por Clécio.
Para finalizar, também se torna no mínimo pitoresco que a fiscalização, caso o caminhão coletor do parlamentar continuasse circulando, deveria ser feita pela Agência Municipal de Meio Ambiente. Ocorre que ela é presidida por Luan Alves, filho do deputado.