22 de novembro de 2024
Cultura

TSE cria cartilha com recomendação de expressões racistas a serem evitadas

A cartilha explica a origem de 106 termos de cunho racista e traz substituições possíveis para as expressões, conforme a língua portuguesa
A cartilha "Expressões Racistas - por que evitá-las " foi criada pela Comissão de Promoção de Igualdade Racial. Foto: TSE
A cartilha "Expressões Racistas - por que evitá-las " foi criada pela Comissão de Promoção de Igualdade Racial. Foto: TSE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por meio da Comissão de Promoção de Igualdade Racial, criou um cartilha com recomendação de expressões racistas a serem evitadas pelos brasileiros. A lista conta com 106 termos de cunho preconceituoso e discriminatório, que podem ser substituídas por outras palavras e sinônimos, dentro da língua portuguesa.

A cartilha explica a origem de cada uma das expressões e por que devem ser evitadas. O Coordenador de Promoção de Igualdade Racial do TSE, ministro Benedito Gonçalves, ressalta que o objetivo da publicação é “promover a mudança de hábitos e comportamentos nas pessoas e facilitar a exclusão de expressões idiomáticas que possam embutir preconceito racial”, destaca.

A lista traz desde vocábulos mais comumente utilizadas no cotidiano dos brasileiros, como as palavras esclarecer e denegrir, até expressões mais marcantes, como os termos “humor negro”, “nega maluca”, “lista negra” e “da cor do pecado”, que inferem associação negativa à cor de pele.

A origem dos termos

De acordo com a cartilha, a palavra esclarecer, por exemplo, que à primeira vista não apresenta cunho racista, traz consigo a ideia de que para explicar algo é preciso clarear, ou seja, as coisas negras persistem no campo da dúvida e do desconhecimento. O texto da cartilha recomenda trocar a palavra esclarecer por sinônimos, como explicar ou elucidar.

Quanto aos termos populares, como “humor negro” e “da cor do pecado”, que inclusive, já foram utilizados até mesmo em grandes obras da literatura e dramaturgia, trazem consigo uma conotação preconceituosa mais nítida. Segundo a cartilha, a expressão “humor negro”, “embute uma ideia
preconceituosa, visto que associa algo fora do padrão de normalidade à pessoa negra”, podendo ser substituída pelo termo “humor ácido”.

Já a expressão “da cor do pecado”, que pode ser interpretada inicialmente como um elogio à cor da pele negra, pode ser traduzida como algo negativo, já que o termo pecado se associa a algo que não é bem visto, que deve ser evitado. Nesse sentido, a expressão assume um viés sexual ao termo, dando a entender que há uma sexualização da pele negra, associação com o pecado da luxúria.

A cartilha sugere que o uso da expressão seja abandonado, visto que carrega consigo o histórico do “comportamento abusivo adotado pelos homens brancos que violentavam sexualmente mulheres escravizadas e encaravam com naturalidade tal comportamento, inclusive, atribuindo a responsabilidade pelos atos de violência às vítimas”, acrescenta.

Além dos 106 termos apresentados na lista, seguidos da explicação de seus históricos e recomendações de substituições, a comissão afirma que o espaço está aberto para que os cidadãos enviem sugestões de novas palavras e vocábulos racistas que devam ser evitados para o e-mail: [email protected].

A ideia é conscientizar e explicar à população o peso de determinados termos e a raiz histórica racista que carregam. A comissão afirma que as sugestões serão analisadas e incluídas nas próximas edições.


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