Filiação de Friboi ao PMDB, tem presença de lideres nacionais do partido. Criticas ao Governo do estado e reação dos deputados da situaçao.

 

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O impacto da chegada de Friboi ao PMDB
Novo peemedebista filia-se em ato com participação de outros partidos. Governo reage com ataques
Filemon Pereira – Diretor de Redação

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Cercada de expectativa, a chegada do empresário José Batista Jú¬nior, o Júnior do Fri¬boi, ao PMDB movimentou o cenário político em Goiás. Unem-se a capilaridade do partido, o mais influente no Estado, com o potencial de estrutura oferecida por Junior. O resultado é o fortalecimento do PMDB para a sucessão estadual de 2014 e uma forte reação do Palácio, escalando interlocutores do governador para atacar e ameaçar Júnior e seus irmãos empresários.

A filiação na última quarta-feira, 15, na Assembleia Legis¬lativa mobilizou os peemedebistas de todo o Estado. Todos os deputados, muitos prefeitos, ex-prefeitos, ex-deputados e líderes do interior do Estado estiveram presentes. À exceção do ex-governador Iris Rezende, quase todos estavam lá.

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Além dos peemedebistas, Friboi mobilizou integrantes de outras legendas: PT, PCdoB, PRTB, PTN, PPL. Ao extrapolar os domínios do PMDB, o empresário mostrou que de fato chega com a meta de disputar a sucessão estadual. Quem foi ao evento deparou-se com uma estrutura de impressionar: telões espalhados dentro e fora da Assembleia, faixas, banners, balões, gerador de energia…

Fora a mobilização local, o principal trunfo de Júnior do Friboi é o aval da direção nacional do PMDB ao seu projeto. A participação do vice-presidente Michel Temer e do presidente interino do PMDB nacional, senador Valdir Raupp (RO), demonstram claramente a preferência deles por Friboi.

Temer e Raupp, aliás, deixaram Brasília em um dia extremamente tenso, com a votação da MP dos Portos, em que o governo federal estava mobilizado. O vice-presidente a todo momento deixava o auditório Costa Lima para atender o telefone. Em seu discurso, confessou que o dia era complicado, mas que fazia questão de estar em Goiânia para participar da filiação de Júnior do Friboi.

“O PMDB nacional cresce quando as lideranças regionais crescem. Você vai servir e não servir-se do governo” afirmou Temer, dando ênfase ao poderio financeiro do novo filiado. “Você não precisa disso”, continuou, ao lembrar da riqueza de Júnior do Friboi. “O caminho está traçado”, arrematou Valdir Raupp.

Reação
Os aliados do governador Marconi Perillo (PSDB) até tentaram ficar indiferentes à chegada de Júnior do Friboi ao PMDB. Mas bastou que as críticas ao governo tucano do novo peemedebista ecoassem para que os palacianos reagissem. O contra-ataque governista não limitou-se ao contexto político, a tentativa foi de manchar a reputação empresarial de Júnior e da empresa de sua família.

Em nota, o novo secretário de Relações Institucionais do Es¬tado, o deputado licenciado Joaquim de Castro (PSD) reagiu: “Que interesses podem estar por trás disso tudo? Será que seria só pra solidificar, em Goiás, Estado que detém o segundo maior rebanho bovino do país, um cartel montado por ele para massacrar os produtores e explorar os consumidores?”

“Se existem bandidos nesta história, o povo goiano logo saberá quem são. Basta verificar como foi construído o patrimônio do senhor Júnior, erguido às custas de um cartel que massacra o produtor e assalta o consumidor”, afirmou o presidente da Agetop, Jayme Rincón ao Giro, de O Popular. “Bandido é quem usa recursos do BNDES na montagem do maior cartel do País. Agora que mostrou a cara, Júnior pode se preparar para explicar muita coisa”, continuou.

“Estão de parabéns. Com o estelionato contra o consumir, cartelização da carne, prejuízo ao produtor e ‘paitrocínio’ do BNDES fica mais fácil”, afirmou João Furtado, chefe de gabinete do governador também ao Popular.

Nos bastidores, a informação é que o governo teria um verdadeiro arsenal contra Júnior do Friboi. Ele estaria disposto a mostrar que a JBS, empresa da família do empresário, teria sonegado impostos em Goiás durante anos. Se virá a tona é outra história, por enquanto só ameaças. Alguns aliados do governador acreditam que Júnior do Friboi irá recuar após a reação do Palácio contra ele. Pode, mas e se não recuar?

Discurso
Os aliados do governador Marconi Perillo reagiram com virulência. Talvez isso tenha ocorrido porque não esperassem um texto – o discurso foi lido –, tão áspero contra a administração estadual. “O que estão fazendo com Goiás?”, questionou Júnior ao começar a desfiar uma série de críticas contra o governador.

“O Estado precisa dar oportunidades para quem faz. E se livrar de quem tanto faz. E se livrar também de quem prometeu muito e não cumpriu”, emendando adiante: “Nos enganaram. Brincaram com o povo goiano. Isso não podemos aceitar”. “Goiás precisa de alguém que venha para servir ao Estado. Não para usufruir do Estado”, em mais um ataque ao governador Marconi e seus aliados.

“Infelizmente, o que era esperança virou pesadelo quando a verdade veio à tona. Cor¬rupção. Tráfico de influência. Pa¬trimônio não explicado. Ara¬pongagem. Jogo do bicho. Um jeito velhaco de brincar com o dinheiro público”, em outra for¬te crítica à condução do terceiro governo de Marconi Perillo.

“Política não pode se misturar com bandidagem. Não pode ser assunto das páginas de polícia. Que decepção! Quebraram nossa confiança. Política se faz com compromisso”, finalizou referindo-se à crise gerada pela Ope¬ração Monte Carlo da Polícia Federal e, mais recentemente, com o caso dos grampos denunciados pela revista Carta Capital.

Não foi apenas Júnior do Friboi que fez críticas ao governo estadual. No discurso mais aplaudido da tarde, o presidente regional do PMDB, deputado Samuel Belchior, atacou a gestão estadual. O parlamentar elencou vários pontos em que considera que o governo falha.

De acordo com o parlamentar, a educação está “abandonada” e os professores insatisfeitos e a saúde entregue às Orga¬niza¬ções Sociais (OSs) que, segundo ele, “não prestam contas do que fazem”. O deputado afirmou também que o governo alu¬ga carros populares no valor de R$ 4,8 mil por mês. “Com esse valor, o carro é pago em seis meses. O resto é rolo”, contou.

Samuel Belchior criticou também o endividamento do Estado. De acordo com ele, quando o governador Marconi assumiu o governo em 1999 a dívida acumulada do Estado era de aproximadamente R$ 5 bilhões. No ritmo que está, para ele, o governador vai entregar o Estado em 2014 com uma dívida seis vezes maior.

Filiação não empolga militância peemedebista
O local escolhido por Jú¬nior do Friboi ficou pequeno para receber a militância peemedebista, acostumada a en¬cher auditórios maiores em eventos promovidos pelo partido. A adesão ao projeto do empresário, de ser candidato ao governo do Estado, porém, não é automática. Mesmo na filiação, em um evento totalmente voltado ao empresário, ficou evidente o distanciamento dele com os peemedebistas.

A ideia inicial organizada pela assessoria de Júnior do Friboi era que a filiação se desse no auditório Costa Lima com portas fechadas. Nesse mo¬mento o ex-deputado Er¬nes¬to Roller permanecia no la¬do externo da Assembleia. Ques¬tionado se não iria entrar para participar do ato de filiação, Roller avisou que preferia continuar do lado de fora, já que seus companheiros ha¬viam sido barrados na entrada.

Depois de muitas reclamações, o deputado Paulo Cezar Martins discutiu com seguranças e abriu o auditório, mes¬mo já completamente lotado. Ainda assim, a maior parte dos integrantes do partido viajou muitos quilômetros e só viu Júnior do Friboi em um dos três telões montados no sa¬guão ou do externo da Assembleia. Isso porque o empresário chegou pelos fundos do auditório e não teve contato prévio com o público.

Além do contato frio com os peemedebistas, Júnior do Friboi acompanhou de perto outra situação que ele só tinha conhecimento pelos jornais ou em conversas: a liderança do ex-go¬vernador Iris Rezende no PMDB é inatingível. Mesmo ausente, Iris foi o mais aplaudido e o mais lembrado. O próprio Ju¬nior ganhou mais aplausos quan¬do falou de Iris Rezende. (F. P)

Frases
A filiação de Júnior do Friboi provoca bate-boca entre governo e oposição:
“Nos enganaram. Brincaram com o povo goiano. Isso não podemos aceitar. Goiás precisa de alguém que venha para servir ao Estado. Não para usufruir do Estado”
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“Infelizmente, o que era esperança virou pesadelo quando a verdade veio à tona. Corrupção. Tráfico de influência. Patrimônio não explicado. Arapongagem. Jogo do bicho. Um jeito velhaco de brincar com o dinheiro público”
Júnior do Friboi – Empresário, durante discurso de filiação no PMDB
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“Goiás está atolado numa aliança entre o governo e o crime organizado. Venderam a alma para o crime organizado. O povo sofre com o descrédito e a bagunça”
Samuel Belchior – Deputado estadual e presidente regional do PMDB
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“Júnior começa mal na política, pois ao sair e atacando e mordendo pra todo lado com um ódio e fúria incomum ele corre o risco de morder o próprio rabo”
Joaquim de Castro – Secretário de Relações Institucionais
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“Se existem bandidos nesta história, o povo goiano logo saberá quem são. Basta verificar como foi construído o patrimônio do senhor Júnior, erguido às custas de um cartel que massacra o produtor e assalta o consumidor”
Jayme Rincón – Presidente da Agetop
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“Estão de parabéns. Com o estelionato contra o consumir, cartelização da carne, prejuízo ao produtor e ‘paitrocínio’ do BNDES fica mais fácil”
João Furtado – Chefe de gabinete do governador

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