23 de dezembro de 2024
Empresas e Negócios

Transtornos mentais estão entre as cinco principais causas de afastamento do trabalho

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De acordo com dados levantados em 2017 pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a depressão e o estresse ocupacional estão entre as cinco principais causas de afastamento do trabalho no Brasil. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que, a depressão será a doença mais incapacitante do mundo até 2020. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima que entre 20% e 25% da população tiveram, têm ou terão um quadro de depressão em algum momento da vida.

Para o Mestre em Psicologia, especialista em Análise e Diagnóstico Organizacional e professor da pós-graduação em Psicopatologia do IPOG, Milton Marinho, os dados são alarmantes e revelam a necessidade de colocarmos o ser humano como o protagonista das organizações o quanto antes, pois sem eles os resultados empresariais simplesmente não existem.  

Principais doenças e causas

Milton explica que além da depressão, as principais doenças que podem levar o afastamento de um colaborador de seu posto de trabalho são o Estresse ocupacional e a Síndrome de Burnout (síndrome do total esgotamento físico e mental), exclusiva do trabalho.

O especialista conta que no ambiente profissional, as doenças psíquicas podem surgir ou intensificar por meio de cobranças excessivas, sentimento de desgaste, falta de reconhecimento, acúmulo de funções, metas inatingíveis, falta de recursos para executar atividades. “As cobranças sociais, familiares, a autocobrança, ter que melhorar a performance, salário, sonhos continuamente, tudo isso pode gerar doenças psíquicas”, relata Milton.

Os impactos dos transtornos mentais no trabalho

Os impactos desses transtornos podem ser positivos e/ou negativos. Positivos, porque eles trazem uma produção de conhecimento sobre assuntos psíquicos que muitas vezes eram ignorados. E a partir desse entendimento, pode ocorrer uma readaptação do indivíduo na organização ou ainda melhorar suas condições de trabalho.

Por sua vez, os aspectos negativos estão vinculados a mudança de comportamento do colaborador, que pode apresentar sentimento de desinteresse em suas atividades e nas convivências, comprometer a entrega de resultados, passar a ter dificuldades de realizar as tarefas nos prazos determinados, entre outros.

O professor do IPOG reforça que é preciso entender que toda prática profissional é interdependente. “Cada pessoa necessita do outro para o exercício de um bom trabalho. Quando a pessoa está adoecida, a convivência fica absolutamente prejudicada, assim como os resultados organizacionais”, complementa.

Ações de prevenção

As prevenções no ambiente do trabalho são diversas e reconhecer o colaborador é uma das principais delas. O que ele gosta? O que ele valoriza? Os seus valores pessoais estão relacionados aos valores da empresa? “Mais do que um agente de resultados, o gestor/líder de uma equipe precisa ser um agente de relacionamentos interpessoais, que valoriza o outro, reconhece atuações, que motiva. Afinal, respeitar é prevenir”, reforça.

Outras ações que podem colaborar com esses processos de conscientização são palestras e produções de informativos sobre o adoecimento no trabalho. É importante lembrar que as ações de humanização vão ser sempre favorecedoras de sentimentos de acolhida, de pertencimento, utilidade, reconhecimento e valorização.

Possibilidades de tratamento

As possibilidades de tratamento são inúmeras. Desde as ações humanizadas até o atendimento de uma clínica psicologia e psiquiátrica para a realização de diagnósticos mais precisos. É importante enfatizar que a empresa precisa se sentir restrita quando a saúde mental extrapola os limites de apenas um único diálogo. O que isso quer dizer? Nem sempre uma fala ou uma recomendação pode ser suficiente para lidar com esses casos, pois estamos falando de doença.   

Para Milton, a realidade atual evidencia que as empresas precisam de profissionais da saúde ou clínicas parceiras que possam apoiar a gestão dentro das organizações. “De fato, é necessário ter condições de reconhecer e se preparar para esse fenômeno chamado adoecimento no trabalho”, conclui.


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