14 de setembro de 2024
Mobilização • atualizado em 13/06/2024 às 17:19

Trabalhadores do Samu de Goiânia anunciam greve a partir da próxima terça (18)

A categoria se mobiliza contra a privatização e reivindica melhores condições de trabalho, em meio a crise de falta de ambulâncias e desmonte
Os trabalhadores do Samu iniciarão greve a partir da próxima semana. Foto: Reprodução
Os trabalhadores do Samu iniciarão greve a partir da próxima semana. Foto: Reprodução

Os trabalhadores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia anunciaram que vão entrar de greve a partir da próxima terça-feira (18). Em meio a crise de déficit de ambulâncias, propostas da Prefeitura de Goiânia pela privatização dos serviços e necessidade de melhores condições de trabalho, a categoria se reuniu em assembleia geral, nesta quarta-feira (12), onde decidiu pela deflagração do movimento.

Além do apelo para que a Prefeitura desista da privatização, já descartada pelo secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, os trabalhadores exigem também a convocação de mais aprovados do concurso público (Edital 001/2020) para suprir as demandas do órgão, e cobram melhoria das condições de trabalho.

Privatização

Na última terça (11), Pollara informou, em coletiva de imprensa, que o Samu passará por um programa de modernização com contratação de empresa de tecnologia que vai intermediar os atendimentos de telemedicina. Ao Diário de Goiás, em março, o secretário alegou que a novidade não tratava-se de uma terceirização, mas sim uma estratégia para sanar os problemas de logística.

De acordo com o detalhado por Pollara, a proposta tem como objetivo contratar uma empresa de tecnologia que vai permitir agilizar o atendimento desde a ligação do paciente, o socorro até o encaminhamento para o hospital. “Haverá uma integração das equipes, das informações sobre o tipo de vaga que o paciente necessita, onde está essa vaga, enfim, vamos ganhar tempo no atendimento, que, em muitos casos, poderá ser crucial para a vida da pessoa”, explicou o secretário de Saúde.

Pollara informou também da pretensão do município em locar 17 veículos, sendo três Unidades de Suporte Avançado (USA) e 14 de Unidades de Suporte Básico (USB), todas já com motorista. A empresa será responsável pela manutenção dos veículos e substituição imediata caso algum apresente problemas.

Atualmente, o gasto mensal do Samu gira em torno de R$ 7 milhões mensais. Deste total, o município recebe R$ 700 mil do Governo Federal e R$ 350 mil do Governo Estadual. O restante, mais de R$ 6 milhões, é bancado com recursos do Tesouro Municipal. Com as mudanças, a economia pode chegar a 40%.

Desmonte do Samu

Conforme os trabalhadores do Samu, atualmente, o serviço está enfrentando um sucateamento, funcionando com capacidade reduzida e em péssimas condições. De acordo com a presidente do Sindsaúde-GO, Néia Vieira, a greve é um pedido de socorro.

“A greve, propriamente dita, iniciou quando a prefeitura de Goiânia fez o desmonte do Samu, impedindo que o serviço funcionasse adequadamente. Nesse sentido, os trabalhadores estão apenas aderindo ao movimento iniciado pela gestão. Hoje, o Samu está funcionando com menos de 30% da sua capacidade total e esse problema não são os trabalhadores”

presidente do Sindsaúde-GO, Néia Vieira

A greve terá início na próxima terça (18), às 9h, após o cumprimento do prazo legal de 72 horas. Nesse dia, os trabalhadores planejam realizar uma mobilização em frente ao Ministério Público de Goiás. Durante esse período, o Sindsaúde, a Associação dos Servidores do SAMU, o Sindicato dos Enfermeiros de Goiás (Sieg) e o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) irão formalizar a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia sobre a decisão da categoria.

Durante a greve, a população será assistida pela categoria, de modo que permanecerão com o quantitativo de servidores necessários para operar as ambulâncias que estão em funcionamento. No entanto, o cronograma está sendo discutido e ainda não foi divulgado.

Suspensão de mudanças no Samu

O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO) determinou, nesta última quarta-feira (12), a suspensão imediata do procedimento administrativo instaurado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para a contratação emergencial de uma empresa especializada na prestação de serviços para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Em nota divulgada nesta quinta-feira (13), o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) apoia a decisão do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM) de suspender o contrato emergencial proposto pela Prefeitura de Goiânia para contratações para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). “A expectativa do Cremego é que a SMS solucione com urgência os problemas que afetam o SAMU”, destaca o comunicado.

Confira nota do Cremego na íntegra:

“Cremego apoia a suspensão de mudanças no SAMU pelo TCM

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) apoia a decisão do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM) de suspender o contrato emergencial proposto pela Prefeitura de Goiânia para contratações para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). O Conselho participou desta conquista, denunciando, cobrando e apontando soluções para problemas que afetam o SAMU.

Hoje, o SAMU enfrenta uma crise inédita e entendemos que a decisão do TCM protege a população ao barrar a contratação de empresas para substituir equipes já qualificadas para atuar no atendimento de urgência.

O SAMU requer uma equipe preparada, competente e experiente para atender os goianienses em momentos de urgência e a qualificação deste serviço e dos profissionais que nele atuam faz total diferença na assistência prestada.

Mas, a Secretaria de Saúde do Município (SMS) parece ignorar esse fato e buscar uma saída burocrática com a terceirização da frota e das contratações de pessoal, inclusive de médicos, sem se importar com a capacitação desta equipe para atuar em momentos críticos.

Ressaltamos que se hoje há um déficit de médicos o SAMU é porque a SMS não renovou o contrato com esses profissionais e, agora, tenta justificar a necessidade urgente de contratação via empresas terceirizadas.

A expectativa do Cremego é que a SMS solucione com urgência os problemas que afetam o SAMU, garantindo aos médicos condições dignas de trabalho e o cumprimento de direitos trabalhistas e a estrutura necessária para o atendimento à população.”


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