O editorial do jornal britânico “The Guardian” desta segunda-feira (5) trouxe como tema o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro” em afirmação de que o dirigente brasileiro é um perigo não apenas para o País, mas para todo o mundo, com relação à falta de responsabilidade com a propagação da Covid-19 e suas variantes, além de prever um possível golpe militar, caso seja derrotado nas próximas eleições.
Já nas primeiras linhas, o jornal tece duras críticas ao presidente, com a alegação de que “a perspectiva de o extremista de direita Jair Bolsonaro se tornar presidente do Brasil sempre foi assustadora”. “Era um homem com histórico de denegrir mulheres, gays e minorias, que elogiava o autoritarismo e a tortura. O pesadelo se revelou ainda pior na realidade. Ele não apenas usou uma lei de segurança nacional da época da ditadura para perseguir os críticos e supervisionou o aumento do desmatamento na Amazônia em 12 anos, mas também permitiu que o coronavírus se alastrasse sem controle, atacando as restrições de movimento, máscaras e vacinas”, pontuou.
O editorial ressaltou que, diante da irresponsabilidade de Bolsonaro, mais de 60.000 pessoas perderam a vida para a Covid-19, apenas no mês de março, colocando outros países em perigo, por conta da nova variante do vírus. Neste trecho, “The Guardian” cita, inclusive, um tweet do ex-presidente da Colômbia, Ernesto Samper, em que afirma que Bolsonaro “conseguiu transformar o Brasil em um gigantesco buraco do inferno”.
O jornal britânico citou uma pesquisa realizada na última semana, onde Bolsonaro tem um índice de 59% de rejeição dos eleitores, além do retorno do ex-presidente Lula ao meio político e as demissões do Ministro da Defesa e de comandantes do Exército, da Marinha e da Força Área. O editorial afirmou que tais situações expostas pelo presidente do Brasil podem levar a um resultado desfavorável nas próximas eleições e, consequentemente, na possibilidade de um golpe militar.
“Os ataques injuriosos de Lula ao presidente são amplamente vistos como o prenúncio de uma nova candidatura ao poder de um político carismático que continua muito popular em alguns setores. É possível que, inspirado por Donald Trump, o Sr. Bolsonaro pense em se agarrar ao poder pelo uso da força? Não. É provável. As Forças Armadas já anularam a vontade do povo: o Brasil foi uma ditadura militar de 1964 a 1985”, pontuou o editorial que expôs, ainda, o fato de que “quando a multidão invadiu o Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro, seu filho (de Jair Bolsonaro) se opôs não ao ataque, mas à ineficiência”, onde Eduardo Bolsonaro afirmou que “foi um movimento desorganizado” e “uma pena”.
O texto de “The Guardian” ressaltou, no entanto, que existe, com o retorno de Lula, um motivo para esperança. “Ataques violentos do presidente e seus comparsas não conseguiram conter um ambiente vibrante de mídia, intimidar os tribunais ou silenciar os críticos da sociedade civil. Seu tratamento desastroso com Covid-19 parece estar causando dúvidas entre a elite econômica que anteriormente o abraçava. Algumas partes dos militares aparentemente compartilham desse mal-estar. A possibilidade do retorno de Lula é suficiente para concentrar mentes da direita em encontrar um candidato alternativo, menos extremista do que Bolsonaro. Pode ser irritante ver aqueles que ajudaram sua ascensão se posicionarem como os guardiões da democracia, ao invés de seus próprios interesses. Mas sua saída seria bem-vinda, pelo bem do Brasil e do planeta”, ponderou o editorial.