26 de dezembro de 2024
Notícias do Estado

“Teremos, pelo menos, duas semanas muito duras”, prevê epidemiologista

João Bosco Siqueira é médico epidemiologista e professor da UFG. (Foto: UFG)
João Bosco Siqueira é médico epidemiologista e professor da UFG. (Foto: UFG)

As duas próximas semanas serão de muita pressão sobre o sistema de saúde goiano. Essa é a previsão do médico epidemiologista e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), João Bosco Siqueira Jr.

Segundo ele, mesmo que as medidas restritivas atualmente em vigor surtam efeito rapidamente, o cenário não é alvissareiro. O epidemiologista avalia que o sistema de saúde não terá vagas para atender todos os casos.

“Dá para antever que teremos pelo menos duas semanas muito duras, que vão gerar uma sobrecarga no nosso sistema de saúde. E vai mesmo chegar a 100%. Tudo indica que a gente vai estar muito próximo desse limite. Vão ser momentos bem difíceis. Precisamos entender isso e diminuir, o quanto antes, a quantidade de novos casos”, disse em entrevista à Rádio Bandeirantes Goiânia.

Siqueira Jr. explica que o nível de disseminação da covid-19 é muito elevado e, por isso, a lotação total dos leitos de UTI é iminente. “A gente tem hoje o pior momento e o pior cenário que poderíamos esperar. Temos uma taxa de ocupação dos leitos chegando a 100%. Mesmo se a gente evitasse novas infecções a partir de hoje, as pessoas que vão precisar desses leitos de enfermaria, de UTI, pelos próximos 10, 15 dias, não conseguimos mais mexer”.

Para o especialista, o comportamento das pessoas é um aspecto importante, mas a chegada de variantes mais contagiosas ao estado também contribuiu para a piora do cenário. “Tem um cenário de as pessoas terem relaxado, inclusive no carnaval. Mas também tem algo a ver com o vírus. Onde essas variantes circularam, a quantidade de casos gerados foi imensa. São vários fatores que se somam e provocam essa tempestade”, explicou.

Estratégias

Além da expansão do sistema de saúde e de restrições à mobilidade, o epidemiologista recomenda um amplo esquema de testagem para identificar pessoas portadoras do vírus.

“Temos que ter o distanciamento social, impedir que alguém que tem o vírus transmita para outras pessoas. Precisamos testar as pessoas, os contactantes e isolá-los. O lockdown sozinho tem um reflexo menor. Com a combinação de diferentes estratégias, podemos sim modificar o número de pessoas que vão adoecer”, destaca.


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