O tempo seco, com baixa umidade do ar, e o aumento das temperaturas, são fatores que favorecem intercorrências de doenças respiratórias, entre elas a pneumonia. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), no primeiro semestre deste ano foram registradas 9.526 internações pela doença nas unidades da rede estadual.
De janeiro a junho de 2024, foram atendidos 42 pacientes com diagnóstico de pneumonia bacteriana e outras pneumonias. No mesmo período do ano passado, o número foi de 58. Ao longo de todo o ano de 2023, foram registrados 111 casos. As internações aumentaram conforme a prevalência do tempo seco e baixa umidade no estado:
A doença, que já representa um risco de evolução clínica preocupante, pode ser ainda pior quando ocorre de forma sorrateira, sem alarde. A pneumonia silenciosa, também conhecida como pneumonia assintomática ou subclínica, pode ser particularmente perigosa porque não apresenta os sintomas típicos da pneumonia, como febre alta, tosse intensa e dor no peito.
A infectologista do Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), Marina Roriz, explica que a pneumonia silenciosa geralmente apresenta sintomas menos intensos e pode durar mais tempo. O paciente pode ter uma tosse persistente que não melhora com antibióticos e a condição pode não ser identificada imediatamente.
Outros sintomas observados incluem febre, falta de ar, indisposição e falta de apetite. Em crianças, é importante observar a diminuição da vontade de fazer xixi, sinais de desânimo, sonolência ou confusão. Em idosos, os sintomas podem ser menos evidentes e mais difíceis de identificar.
A médica destaca que, tradicionalmente, o tipo de pneumonia mais prevalente era causada pela bactéria pneumococo, mais comum. No entanto, em algumas regiões brasileiras, tem-se observado um aumento na incidência de pneumonias causadas por bactérias atípicas, como a Mycoplasma pneumoniae.
O diagnóstico da pneumonia silenciosa pode ser feito de forma simples com o painel molecular, que examina o muco ou o catarro do paciente. Também é possível usar exames de cultura para identificar as bactérias envolvidas.
É importante ressaltar que a enfermidade pode afetar qualquer pessoa. Os principais grupos de risco são idosos, crianças, pessoas com doenças pulmonares pré-existentes, e aqueles com imunossupressão, como pacientes com HIV, em tratamento de quimioterapia ou em uso de medicamentos imunossupressores.
A especialista destaca a importância das vacinas disponíveis para algumas bactérias específicas que causam a pneumonia. “Além disso, manter uma boa saúde geral, com alimentação adequada, sono suficiente e exercícios moderados, ajuda a proteger contra a pneumonia”, pontua Marina Roriz.
O tratamento contra pneumonia utiliza de suporte como oxigênio e cuidados gerais, de modo semelhante em diferentes formas de pneumonia. No entanto, o tipo de antibiótico pode variar de acordo com cada bactéria. “O tratamento pode exigir antibióticos específicos para essas bactérias atípicas”, explica a médica.
A infectologista reitera a importância de procurar ajuda médica sempre que houver sintomas persistentes, especialmente se o quadro não melhorar com o tratamento. Ela recomenda buscar atendimento médico se a febre durar mais de 48 horas ou se, após cinco dias de tratamento, não houver melhora.