Sete sociedades médicas enviaram uma carta para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) expressando preocupação com a crescente utilização indevida de implante hormonais no Brasil. De acordo com o documento, a aplicação dos implantes, apelidados de “chip da beleza”, contém esteroides anabolizantes para atingir o corpo perfeito e estilo de vida saudável, mas sem respaldo ético e científico.
Segundo a nota enviada para a Anvisa, o chip da beleza geralmente é comercializado como “medicina moderna”, mas na verdade se trata de uma “prática antiquada e obsoleta”. “A ‘chipagem hormonal’, apresentada por supostos especialistas e comercializada como ‘medicina moderna’, revela-se, na verdade, uma prática antiquada e obsoleta, uma vez que utiliza medicamentos descontinuados pela Medicina Baseada em Evidências”, ressaltam as entidades.
O texto foi assinado pela Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Recentemente a ocitocina passou a ser utilizada no chip da beleza para ajudar no emagrecimento e, segundo especialistas e entidades médicas, isso representa risco à saúde e não tem comprovação científica. Na carta, as entidades ressaltam não existir dose e acompanhamento médico que garanta a segurança do uso dos hormônios para fins estéticos, podendo os efeitos colaterais serem “imprevisíveis e graves, com os riscos ultrapassando qualquer possível benefício”.
Terapias hormonais com fins estéticos, como o chip da beleza, são proibidas pelo Conselho Federal de Medicina desde abril de 2023, justamente devido a falta de comprovação de segurança.