Após os moradores de Bonfinópolis protestarem revoltados com relação a falta de ônibus na cidade, o prefeito Kelton Pinheiro (Cidadania) entrou em contato com o novo presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Murilo Ulhôa, para articular uma solução no serviço de transporte no município da Região Metropolitana. Pinheiro destacou em entrevista à Rádio Bandeirantes Goiânia nesta quarta-feira (06/01) que, a situação na cidade está “insuportável, insustentável” e que apoia a manifestação pacífica por parte dos passageiros.

Insatisfeitos já há algum tempo com o serviço do transporte público em Bonfinópolis, cerca de 400 passageiros foram à GO-010 protestar reclamando da falta de ônibus para atender o município. “Nós tivemos uma manifestação da população que teve inicio por volta das 5 da manhã com seu pico por volta das 7 horas e no momento a pista já está liberada.” explicou o prefeito. Ele foi acionado pela população e articulou o fim do ato junto às autoridades policiais “Estivemos presentes, a população reivindicou nossa presença para negociar com a Polícia Militar a liberação da pista, já que estava trazendo transtorno, pacientes em ambulância para tratamentos em Goiânia já estavam há um tempo esperando com consultas atrasadas e a gente conversando com a população fez uma manifestação pacífica e entendeu por estar liderando com compromisso de que a empresa estaria mandando novos ônibus para levar a população para o trabalho.”

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Uma barricada foi organizada e o trânsito na GO-010 ficou comprometido (Foto: Reprodução)

A população não reivindica mais qualidade e sim o transporte

Pinheiro explica que o problema não é nenhuma novidade. Os moradores inclusive, sequer protestam por qualidade, ao contrário, querem ter ônibus que os leve para Goiânia, cidade onde a maioria da população de Bonfinópolis trabalha. “Já tivemos aqui em Bonfinópolis picos de 38 linhas de ônibus, hoje estamos tendo em torno de 15 linhas. Aquilo que já era complicado de aceitar como um transporte legal. 31 a 32 linhas, caiu para menos da metade e ficou agora, insuportável, insustentável. A população não está mais reivindicando mais qualidade no transporte, mas o transporte em si”, ressaltou. 

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O prefeito destaca que os moradores ficam mais de duas horas à espera de ônibus. “Muitas pessoas estão deixadas no ponto de ônibus e o ônibus passa lotada e o motorista também não tem o que fazer, não cabe mais passageiros dentro do ônibus, passa direto e aí só uma hora e meia, duas horas depois para vir um novo ônibus.”

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Segundo o prefeito, uma das alegações das empresas na redução da frota, é a consequente diminuição da demanda devido aos trabalhos e as aulas remotas. “A suspensão de aulas, o trabalho remoto não atinge 50% da população que deixou de fazer uso de transporte. No máximo 10, 15% seriam de pessoas que são estudantes ou de pessoas que estão em trabalho remoto. A proporção de redução do número de ônibus para o número de usuários é muito desigual e descompensatória.”

Reunião com a CMTC

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O prefeito afirma que o contato com a CMTC já existe desde o ano passado, mas com os rumores em relação à uma mudança de direção só agora uma reunião deverá ser marcada. “Hoje eu já conversei com o Murilo Ulhôa [novo presidente] que já prometeu à população dar uma resposta ainda hoje, no período da tarde, após uma reunião com as empresas de transporte coletivo que vão tratar o caso de Bonfinópolis, e acredito eu de toda a região metropolitana da qual eu pretendo estar entrando contato com os colegas, principalmente das cidades menores para gente, juntos encontrarmos uma solução que venha atender os anseios da população que são os mais prejudicados com tudo isso. Aguardamos uma resposta positiva das empresas visto que a CMTC tá para defender os usuários e não defender interesse de empresas.”

Kelton pontua otimismo em uma resolução temporária e reforça que há urgência nela. Ele pontua que o protesto foi pacífico, mas não garante que “medidas mais agressivas” ou o “calor da emoção” possam ser evitadas num próximo ato. “Estou otimista e espero que tenhamos uma resolução paliativa de maneira mais rápida e eficiente pois a população ameaça voltar a protestar e agora talvez com medidas mais agressivas, temos um público diferenciado que são usuários do transporte, o calor da emoção, o calor do momento, a contrariedade duma paralisação, pode levar a uma situação que fuja do controle até mesmo das autoridades policiais e a gente não gostaria de forma alguma que isso acontecesse e a prefeitura de Bonfinópolis vai estar ao lado do povo, pode ter certeza”, destacou.

CMTC determina que serviço retome à normalidade durante a tarde

No fim da manhã desta quarta-feira (06/01) a CMTC enviou nota pontuando que acompanhou toda a manifestação que ocorreu em Bonfinópolis e determinou que as empresas retomassem com o planejamento de suas viagens já na parte da tarde, garantindo o “retorno seguro do passageiro”.

Veja a nota na íntegra:

A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos- CMTC- informa que acompanhou a manifestação em Bonfinópolis e também as reclamações de outras cidades da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos com usuários enfrentando atrasos nas viagens. A CMTC se reuniu com representantes das concessionárias e determinou que o planejamento para as viagens fosse retomado, sem prejuízo ao usuário, a partir de hoje à tarde nas linhas semiurbanas, garantindo retorno seguro ao passageiro.

O que as empresas dizem

As concessionárias que operam o serviço de transporte na Região Metropolitana de Goiânia reforçam o cenário de crise e assumem que estão tendo dificuldades em fazer a ‘soltura completa da frota’ chegando inclusive a não conseguir pagar insumos necessários para  a operação básica como “óleo diesel, pneu e outros itens relacionados à frota”:

As empresas concessionárias da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC) estão com dificuldades para fazer a soltura completa da frota, bem como para manter a operação de todo o sistema. 

A crise que assola o setor, que foi agravada com a pandemia, tem feito com que as empresas deixem de pagar fornecedores de insumos como óleo diesel, pneu e outros itens relacionados à frota.  Mesmo com todas essas dificuldades e um acúmulo de mais de R$ 75 milhões em déficit financeiro operacional somente nos 10 meses de pandemia, as concessionárias têm feito de tudo para manter o sistema em operação. 

Mas, neste momento, a solução emergencial para a crise instalada, é o cumprimento pelos municípios, do Plano Emergencial formulado pelo Estado de Goiás, que, inclusive, foi homologado parcialmente no processo judicial promovido pelo Ministério Público visando assegurar a manutenção da prestação do serviço de transporte público coletivo.

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