22 de novembro de 2024
Polêmica • atualizado em 24/03/2023 às 08:18

Sindicato dos Professores de Goiás alega “perseguição” e promete levar deputado federal à Justiça

Ação tem sido planejada após parlamentar criar site para que pais possam "denunciar" professores
(Foto: Reprodução/Twitter)
(Foto: Reprodução/Twitter)

O Sindicato dos Professores de Goiás (Sinpro) prepara uma ação contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL) alegando “perseguição” à categoria. O documento tem sido preparado pela assessoria jurídica da entidade e outros advogados e começou a ser desenhado nesta quinta-feira (23/03) após o parlamentar lançar um site para que pais possam denunciar a suposta “doutrinação ideológica” que profissionais da educação poderiam fazer na rede pública e privada.

“Qualquer tentativa de perseguição à honra e à imagem dos/as professores/as não será aceita pelo SINPRO GOIÁS, que buscará todas as ações cabíveis, com vistas a coibir o referido Deputado Federal e seus seguidores de ameaçar e difamar qualquer profissional da educação que esteja, no seu dia a dia, apenas a exercer o seu mister”, destacou o Sindicato em nota encaminhada à imprensa.

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Não é a primeira ação que Gustavo Gayer faz contra professores. No ano passado, ainda sem mandato de deputado federal, o influenciador bolsonarista provocou a demissão do professor Osvaldo Machado. Ele lecionava sociologia no Colégio Visão e usou uma charge usada pelo professor em uma prova de recuperação. De acordo com ele, a tarefa era usada há anos. 

O cartunista André Dahmer, que tem ilustrações reproduzidas nos principais jornais e provas de avaliação em concurso públicos além do ENEM, chegou entrar em contato com Osvaldo e disse ao Diário de Goiás que o Brasil tem passado por um processo de “empoderamento da burrice”. O Colégio Visão não resistiu à pressão da militância bolsonarista e demitiu o professor. O assunto rendeu críticas de instituições federais e até alunos cobraram a readmissão de Osvaldo.

Volta e meia, Gayer volta seus olhos às críticas da atuação de professores em salas de aula. Nesta quinta-feira (23/03) promoveu um seminário sobre “doutrinação ideológica” no ensino público e privado. O evento contou com outros influenciadores e parlamentares fenômenos de likes nas redes sociais como Nykolas Ferreira (PL). 

Donos de escola dizem que problemas devem ser resolvidos no ambiente escolar

O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Ensino em Goiânia (Sepe), Flávio de Castro é cauteloso ao falar sobre o embate que o deputado federal Gustavo Gayer (PL) tem travado com professores que supostamente estariam fazendo “doutrinação ideológica” em escolas que criou um site para que pais possam fazer denúncias. “Eu não posso comentar esse ato porque não tomei detalhes, mas já vi alguns professores falarem a respeito”, pontuou ao Diário de Goiás.

Questionado sobre como uma escola poderia resolver um problema que pudesse existir entre um professor, pais e alunos, Flávio detalhou. “Cada colégio tem seu regimento interno, seus direcionamentos, seu método de ensino. Quando acontece qualquer conflito, minha baliza para decisões vai ser tomada levando em conta esses eixos”, destacou.

Flávio dúvida se a exposição por meio de um site pode promover uma melhora no ensino. “Qualquer questão que envolva a comunidade escolar, defendo que seja resolvido entre direção, professores, pais e alunos. Todos juntos. O ambiente escolar é sagrado. Expor problemas fora da comunidade, quaisquer que sejam eles, não vai ajudar a resolvê-los”, reforçou.

Outro dono de uma grande escola particular disse ao Diário de Goiás na condição de não ter sua identidade revelada reforçou a tese de “ambiente sagrado” na escola. “Na minha escola eu tenho modalidade integral. Tem muita gente que passa mais o dia aqui do que em casa. A gente vira família mesmo. Então, todos os problemas devem ser resolvidos dentro da comunidade, com participação da coordenação, professor, pai, mãe ou responsável e o aluno”, pontuou.

Questionado sobre o assunto, ele revelou certo temor. “É complicado a gente responder. Eu não sei detalhes desse caso, mas sei que esse deputado já direcionou críticas não só a professores como a donos de escolas. Se a gente coloca o nome dele na nossa boca, podemos virar alvos”. 


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